sábado, 31 de outubro de 2009

Feliz dia das bruxas


Desenho de Margarida Elias.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Olhar para as coisas

Pintura de Manet, Oeillets et clématite dans un vase de cristal (c. 1882, Museu d'Orsay).
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A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
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Fernando Pessoa.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Trabalho

Pintura de Caillebotte, Les rabouteurs de parquet (1875, Museu d'Orsay).
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«Que cada um se dedique à prática de um ofício que conheça bem».
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Cícero.
Citação in Dicionário de Citações e Provérbios (2004).

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

No mistério do sem-fim

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

Entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.
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Cecília Meireles.

domingo, 25 de outubro de 2009

Os dias

Pintura de Caillebotte, O Parque na propriedade de Caillebotte em Yerres (1875).
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«They come and go like muffled and veiled figures sent from a distant friendly party; but they say nothing, and if we do not use the gifts they bring, they carry them as silently away».
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Ralph Waldo Emerson

sábado, 24 de outubro de 2009

O Forte de São Vicente

Fotografia do Forte de São Vicente (Margarida Elias, 2009).
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Em 1809 as tropas francesas, sob o comando do Marechal Soult, invadem Portugal, sendo derrotadas e obrigadas a abandonar o País. Wellesley manda edificar as "Linhas de Torres Vedras", constituídas por 152 fortes, entre os quais está o Forte de São Vicente.
Construído entre 1809 e 1810, o «Forte de São Vicente, localizado no monte de São Vicente, é formado por três redutos, rodeados por um muro com cerca de 1.500 metros de perímetro. Tem forma poligonal, com inúmeros ângulos», o que «permitia aos canhões um fogo cruzado cobrindo todo o terreno circundante».
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Notas do folheto informativo da Câmara Municipal de Torres Vedras.

Na ponte

Pintura de Caillebotte, On the Pont de l’Europe (c. 1876-1877, Kimbell Art Museum, Fort Worth).
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Sur le pont d’Avignon
L'on y danse, l'on y danse
Sur le pont d’Avignon
L'on y danse tout en rond
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Canção infantil francesa.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Japonismo

Pintura de Caillebotte, Nasturiums (1892)
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«Japonisme or Japonism is a term used to describe the influence of Japanese artistic and stylistic themes upon Western Art. Japonisme is especially evident in French impressionist and Viennese art nouveau but can be seen in other European and American art styles as well».
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Japanese Language.

Frutos

Pintura de Caillebotte, Fruit displayed on a stand (c. 1881-1882, Museum of Fine Arts, Boston.
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«Symbole d'abondance, débordant de la corne de la déesse de la fécondité ou des coupes aux basquets des fleurs (...)».
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Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (1982).

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pintura moderna

Pintura de Gustave Caillebotte, Os Campos Amarelos em Gennevilliers (1884, Wallraf-Richartz Museum, Köln).
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«(...) La naissance de la peinture moderne proprement dite s'acompagne, quant à elle, de l'affirmation qu'un tableau de peinture est, essentiellement, la solution d'un probleme pictural ou "plastique" (...)».
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Daniel Arasse (1992).

As Horas

Pintura de Burne Jones, The Hours (1882, Sheffield Art Gallery).
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«Every little lady … wears a lining of the colour of the hour before her and a sleeve of the hour coming after.»
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Edward Coley Burne-Jones.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Virgem Santíssima

Pintura de Dirck de Bray, Natureza Morta com símbolos da Virgem Maria (1672, Amstelkring Museum, Amsterdam).
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Num sonho todo feito de incerteza,
De nocturna e indizível ansiedade,
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...

Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...

Um místico sofrer...uma ventura
Feita só do perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira...

Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!
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Antero de Quental
(Sonetos 1874-1880, in Sonetos Completos, 1998).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Que o céu não nos caia em cima da cabeça!...

Texto de Gosciny e desenhos de Uderzo, Le Devin (1972).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ao meu avô (1920-2009)

Deus ao riscar o Sol teceu um verso.
E fez outro ao tirar a luz á sombra.
E outro dando ao vento um ar disperso
De fúria solta que a gemer se escombra.
E Deus compôs um verso em cada flor,
E muitos outros mais ao desenhar
As sombras imprecisas e sem cor
Que a gente vê em noites de luar.
E Deus rimou um verso, e a sorrir
Fez o verso maior da nossa alma...

Versos feitos por Deus no nascimento
do mundo em que vivemos, versos velhos,
que encheram o Antigo Testamento
E que se podem ler nos Evangelhos,
Foi com certeza um antigo asceta
Que ao juntar-vos as rimas algum dia
Se descobriu a si como Poeta
E revelou ao Mundo a Poesia...
-
(...)
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Poema de José Campos Rodrigues (Pad' Paula), ed. 1950.

domingo, 18 de outubro de 2009

O tempo


Desenho de Margarida Elias (c. 1987).
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«O tempo mais não é do que o espaço entre as nossas recordações».
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Henri-Frédéric Amiel,
Citação de Luis Señor González (2003/2004).

Cada criatura do universo


Cada criatura do universo,
quase como um livro ou um quadro
é para nós como um espelho;
da nossa vida, da nossa morte,
da nossa condição, da nossa sorte
fiel signo.
A rosa representa o nosso estado,
graciosa glosa da nossa condição,
interpretação da nossa vida;
em botão de manhã cedo,
floresce, perde a flor
com a velhice da noite.
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Versos atribuídos a Alain de Lille,
Citado por Umberto Eco (1989).

sábado, 17 de outubro de 2009

À Beleza

Pintura de Paul Delaroche, Art Gothique (Nantes).
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Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Não te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.
-
És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.
-
És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.
-
És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.
-
És a beleza, enfim. És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço...
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.
-
Miguel Torga.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Crianças e artistas


«All children are artists. The problem is how to remain an artist once he grows up».
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Mistério

Pormenor da fachada da Igreja de São Pedro de Óbidos (Fotografia de Margarida Elias).
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«J'aime passionnément le mystère, parce que j'ai toujours l'espoir de le débrouiller.»
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Charles Baudelaire.
Citado por Nuno Saldanha (2006).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Perspectivas

Mesmo a brincar, esta é para mim uma das melhores demonstrações da diferença entre a perspectiva linear renascentista e o estilhaçar da perspectiva que foi introduzido pelo Cubismo.

Santo António e Santa Teresa na Capela da Santíssima Trindade


Santo António e Santa Teresa na Capela da Santíssima Trindade, Quinta da Regaleira - Sintra (Fotografia de Margarida Elias, 2009).
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«(...) um templo edificado com base no revivalismo gótico e manuelino cuja profusão de elementos remete para uma concepção religiosa que assenta num cristianismo escatológico e gnóstico, imbuído pelos ideais templários associados ao culto do Espírito Santo».
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Ana Sofia Fernandes Veigas (2007).
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Apesar das minhas pesquisas, continua para mim a ser um mistério, porque é que estão as figuras dos dois Santos Doutores da Igreja na entrada da Capela...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Amizade

Ilustração de Bill Watterson, Calvin & Hobbes.
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Queimai velhos madeiros
Bebei velhos vinhos
Lede velhos livros
Tende velhos amigos.
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Afonso X, o Sábio.
Citação de Luis Señor González (2003- edição Correio da Manhã, 2004)

Row, row, row your boat

Pintura de Caillebotte, Remadores (1877).
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Row, row, row your boat,
Gently down the stream.
Merrily, merrily, merrily, merrily,
Life is but a dream.
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Wikipedia.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Talha Dourada

Altar de Nossa Senhora de Fátima - Igreja de São Pedro, Torres Vedras (Margarida Elias, 2009).
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«A talha dourada é uma das expressões artísticas portuguesas que melhor representa a nossa adesão ao barroco. A talha vai ser considerada como um poderoso mecanismo de atracção dos sentidos. Possuidores de toda uma técnica tradicional os nossos artistas vão atingir um alto nível estético nas obras produzidas, principalmente a partir de meados do séc. XVII. (...)»
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Família

Ilustração de Anita Jeram, You'rell my Favourites (2004- editado pela Caminho em 2008).
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To put the world right in order, we must first put the nation in order; to put the nation in order, we must first put the family in order; to put the family in order, we must first cultivate our personal life; we must first set our hearts right.
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domingo, 11 de outubro de 2009

All great art...

Convento do Carmo - Lisboa (Margarida Elias, 2009).
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All great art is the work of the whole living creature, body and soul, and chiefly of the soul.
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Lisboa do Século XIX



Depois de um período de obras públicas no início do século XIX, a construção estagnou, mantendo a cidade de Lisboa com um aspecto ainda ruralizante, muito embora ela fosse o centro político do País. A sua população estacionou nos 200-220 mil habitantes, pelo que ainda não era necessária uma alteração efectiva das estruturas existentes. Não se construíram novos bairros, mas ainda assim a capital assistiu a algumas mudanças. Depois da década de 40, houve um alteamento dos prédios, com quartos e quintos andares sobre a cornija. Foi concluído o torreão poente do Terreiro do Paço e terminou-se a construção do Rossio, com as casas a Noroeste (1845) e o empedramento da praça (1849). Lisboa passou a ser iluminada a gás desde 1848 e em 1852 foi definida a estrada de circunvalação.
Os jardins desempenhavam um papel importante na vida citadina, sobretudo desde a chegada de D. Fernando II em 1836, pois foi ele quem introduziu o hábito de passear pela cidade. O local escolhido era preferencialmente o Passeio Público, mas os lisboetas também deambulavam nos jardins de São Pedro de Alcântara ou da Estrela.
Com o avançar do tempo, nomeadamente nos anos setenta, a capital do Reino tornava-se numa cidade pacífica, muito diferente daquela que fora palco de convulsões políticas e sociais em décadas anteriores. Em 1874, Ramalho Ortigão acusava Lisboa de ser «grave, escura, pesada, lúgubre». Guilherme de Azevedo afirmava em 1878 que a «Lisboa d' hoje é bem diversa já não só da Lisboa de ha dois seculos, mas também da Lisboa de ha quinze anos!». Era agora uma «pacífica cidade do nosso tempo, sem arrebatamentos no espirito e sem barricadas nas ruas». É interessante citar uma descrição de Eça de Queirós, n' O Crime do Padre Amaro, retratando Lisboa cerca de 1871. O cenário era o Largo do Loreto e a sua gente, onde todo um «mundo decrépito se movia lentamente, sob um céu lustroso de clima rico, entre garotos apregoando a lotaria e a batota pública, e rapazitos de voz plangente oferecendo o Jornal das pequenas novidades».
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Margarida Elias.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Não me importo com as rimas

Casa onde nasceu Fernando Pessoa, Largo de São Carlos - Chiado, Lisboa (Fotografia de Margarida Elias, 2009).
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Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.

Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
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Alberto Caeiro.

Alfredo Keil

Pintura de Alfredo Keil, Marinha - Estuário do Tejo (Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha).
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Alfredo Cristiano Keil (1850-1907) foi pintor e compositor. Estudou pintura em Munique e Nuremberga, onde recebeu lições de Kaubach e Kreling. Viajou por Barbizon (1877) e outros locais da Europa, tendo pintado paisagens de feição romântica, mas que já anunciavam a transição para o Naturalismo.
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Cf. Alfredo Keil (1850-1907), Palácio da Ajuda - Galeria de Pintura do Rei D. Luís, 2001; José-Augusto FRANÇA, A Arte em Portugal no Século XIX; Carlos Moura, «KEIL, Alfredo», Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Vol. I, p. 367; Fernando de PAMPLONA, Vol. III, pp. 161-164.

Azenha de Santa Cruz


Apesar de só conhecer e viver em Torres Vedras há cerca de seis anos (quase sete), vou aprendendo a conhecer esta zona de Portugal. Descobri, há umas semanas, a azenha de Santa Cruz, que vale a pena a visita. Li algures que é antiga, remontando ao século XVI, tendo sido agora recuperada. Olhando para fotografias antes do restauro, é realmente impressionante a diferença. Fica mesmo no centro, junto do mar. Lá dentro está tudo organizado de forma didáctica, para os visitantes verem como se fazia o pão antigamente, pois, para além da explicação dos processos de moagem, a última sala tem uma "montagem" com uma moleira a fazer pão (até parece uma pessoa de verdade). Na entrada fica um posto de turismo e vendem umas "moleirinhas" e "moleiros", de pano, bem engraçados.
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Cf. Praia de Santa Cruz.
Junta de Freguesia da Silveira.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Relógio de Sol

Como gosto muito de relógios, calendários, agendas - e todos os instrumentos de medição do tempo - sou fascinada por relógios de sol. No Convento da Graça, em Torres Vedras, nas traseiras, há um com a seguinte frase inscrita (em latim): «Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor» (Mateus 24-42).

A Natureza

Fotografia dos Cucos - Torres Vedras (Margarida Elias, 2009).
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«I love to think of nature as an unlimited broadcasting station, through which God speaks to us every hour, if we will only tune in».
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George Washington Carver.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Castelo de Monsaraz

Fotografia de António Caeiro, Castelo de Monsaraz.
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«O castelo de Monsaraz é suposto ter sido edificado por D. Dinis, em 1310, sobre uma estrutura defensiva já existente, que terá começado por um castro pré-histórico e mais tarde por construções romanas, visigóticas e árabes.
Na época da Reconquista Cristã da Península Ibérica, no reinado de D. Afonso Henriques, este castelo foi conquistado mas voltaria a cair na mão dos muçulmanos, para só no reinado de D. Sancho II, em 1232, passar definitivamente para a posse portuguesa.
Nesta reconquista participaram os Cavaleiros da Ordem do Templo, a quem D. Sancho II doou o castelo e seus domínios. Com a extinção desta Ordem, o castelo passou para a Ordem de Cristo e já no reinado de D. Dinis, foi construída a Torre de Menagem, que ainda hoje domina a paisagem.
Durante a Guerra da Restauração, o castelo foi adaptado para as novas realidades da guerra, com a criação de suportes para a artilharia.
Hoje, está classificado como Monumento Nacional, é um miradouro privilegiado sobre a Barragem do Alqueva».
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Rosário

Pintura de Antonello da Messina, Madona e o Menino (1473, Museu Regional de Messina).
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O Rosário é uma oração mariana. Na Idade Média, durante a recitação do Rosário, punham-se coroas de rosas, de pérolas ou de pedraria na cabeça das imagens da Virgem. No século X os monges iletrados substituíram a leitura do ofício, nomeadamente a leitura de cento e cinquenta Salmos, pela recitação de outros tantos Pai Nossos. Mais tarde, o uso foi adoptado pelas Confraris. Praticado por São Domingos, o Rosário foi popularizado no século XV pelos Cistercienses e Dominicanos, mas a meditação dos mistérios do Rosário só se fixou no século XVI.
A festa de Nossa Senhora do Rosário foi instituída pelo Papa Gregório XIII em 1573, em memória da vitória de Lepanto sobre os turcos, em 7 de Outubro de 1571 - vitória atribuída à recitação do Rosário. O mês de Outubro é o mês do Rosário.
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Cf. Nicole Lemaitre, Marie-Thérese Quinson e Véronique Sot (1994/1999).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Retratos do Outono




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Merry Autumn
-
It's all a farce,—these tales they tell
About the breezes sighing,
And moans astir o'er field and dell,
Because the year is dying.

Such principles are most absurd,—
I care not who first taught 'em;
There's nothing known to beast or bird
To make a solemn autumn.

In solemn times, when grief holds sway
With countenance distressing,
You'll note the more of black and gray
Will then be used in dressing.

Now purple tints are all around;
The sky is blue and mellow;
And e'en the grasses turn the ground
From modest green to yellow.

The seed burs all with laughter crack
On featherweed and jimson;
And leaves that should be dressed in black
Are all decked out in crimson.

A butterfly goes winging by;
A singing bird comes after;
And Nature, all from earth to sky,
Is bubbling o'er with laughter.

The ripples wimple on the rills,
Like sparkling little lasses;
The sunlight runs along the hills,
And laughs among the grasses.

The earth is just so full of fun
It really can't contain it;
And streams of mirth so freely run
The heavens seem to rain it.

Don't talk to me of solemn days
In autumn's time of splendor,
Because the sun shows fewer rays,
And these grow slant and slender.

Why, it's the climax of the year,—
The highest time of living!—
Till naturally its bursting cheer
Just melts into thanksgiving.
-

Chegou (verdadeiramente) o Outono

Pintura de Lenbach (Szepmuveszeti Muzeum, Budapest).
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«Um dia de chuva é tão bello como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é».
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Alberto Caeiro (Fernando Pessoa).

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

«A Portugueza»


Hino de Portugal, com poema de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, escrito em protesto contra o Ultimatum inglês, em 1890, adoptado pela República como hino oficial, em 1910.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Arquitectura

Rua de Óbidos (Fotografia de Margarida Elias, 2009).
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«On met en œuvre de la pierre, du bois, du ciment ; on en fait des maisons, des palais ; c'est de la construction. L'ingéniosité travaille. Mais, tout à coup, vous me prenez au cœur, vous me faites du bien, je suis heureux, je dis : c'est beau. Voilà l'architecture. L'art est ici».
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Le Corbusier (1924).

sábado, 3 de outubro de 2009

O Lobo de São Francisco de Assis

Ilustração de Raul Lino (1911).
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Andava o povo, assustado,
a fazer a montaria
ao grande lobo esfaimado
que tanto mal lhe fazia.
-
Elle levava nos dentes
agudos e carniceiros,
os meninos inocentes
que são os alvos cordeiros.
-
E as pessoas assaltando,
vinha de noite, em segredo,
com seus olhos clamejando,
encher a gente de medo!
-
Ora, San Francisco era
incapaz de querer mal
mesmo que fôsse a uma fera,
até ao tigre real.
-
Tinha tão bom coração
que homens e bichos o amavam
e as andorinhas poisavam
na palma da sua mão...
-
E como elle desejava
que tudo vivesse em paz,
enquanto o povo caçava,
o Santo, o Poeta, que faz?
-
Procura o lobo cruel,
e tendo-o encontrado enfm,
chamou-o, foi para elle,
sorriu-lhe e falou assim:
-
- «Ó lobo, muito mal fazes
em levar vida tão má!
Mas eu proponho-te as pazes,
e tudo esqueço... Ouve lá:
-
«Eu sei porque fazes mal,
eu sei o que te consome:
tu és tão mau, afinal,
tu és mau - porque tens fome...
-
«Pois bons amigos seremos,
para nosso e teu descanso;
e de comer te daremos
para poderes ser manso.
-
«Promete que has de mudar
de vida, neste momento:
e em sinal de juramento,
alevanta a pata ao ar
e põe-na na minha mão!»
-
Jurou o lobo. E cumpriu...
Depois, toda a gente o viu
tão mansinho como um cão.
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Afonso Lopes Vieira, in Animaes nossos Amigos (1911).

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A alma do vinho

Porta dos antigos armazéns da Adega Cooperativa de Torres Vedras (Fotografia de Margarida Elias, 2009).
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L'Ame du Vin
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Un soir, l'âme du vin chantait dans les bouteilles:
«Homme, vers toi je pousse, ô cher déshérité,
Sous ma prison de verre et mes cires vermeilles,
Un chant plein de lumière et de fraternité!
-
Je sais combien il faut, sur la colline en flamme,
De peine, de sueur et de soleil cuisant
Pour engendrer ma vie et pour me donner l'âme;
Mais je ne serai point ingrat ni malfaisant,
-
Car j'éprouve une joie immense quand je tombe
Dans le gosier d'un homme usé par ses travaux,
Et sa chaude poitrine est une douce tombe
Où je me plais bien mieux que dans mes froids caveaux.
-
Entends-tu retentir les refrains des dimanches
Et l'espoir qui gazouille en mon sein palpitant?
Les coudes sur la table et retroussant tes manches,
Tu me glorifieras et tu seras content;
-
J'allumerai les yeux de ta femme ravie;
À ton fils je rendrai sa force et ses couleurs
Et serai pour ce frêle athlète de la vie
L'huile qui raffermit les muscles des lutteurs.
-
En toi je tomberai, végétale ambroisie,
Grain précieux jeté par l'éternel Semeur,
Pour que de notre amour naisse la poésie
Qui jaillira vers Dieu comme une rare fleur!»

Vítor Bastos

Escultura de Vítor Bastos, Monumento a Camões (1867, Lisboa).
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António Vítor de Figueiredo Bastos (1830-1894) foi o principal escultor do Romantismo em Portugal, notabilizando-se na escultura monumental, nomeadamente com o monumento a Camões, inaugurado em Lisboa, em 1867. Por Decreto de 1860 foi escolhido para professor substituto da cadeira de escultura da Academia de Lisboa, efectivado em 1881.

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Cf. Fernando de PAMPLONA, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, Vol. I, pp. 194-197.

Maternidade

Pintura de Jessie Wilcox Smith, Mother and Child (1908)
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«Children are the anchors that hold a mother to life».
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Sófocles.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ateliers de artistas

Pintura de Paul Delaroche, Pallissy in is workshop (c. 1832, The Wallace Collection).
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Pintura de José Malhoa, O Atelier do Escultor Simões de Almeida (1883, Museu de Arte de São Paulo).
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Sempre gostei de pinturas representando ateliers de artistas. Estas duas interessaram-me por diferentes motivos.
O quadro de Malhoa representa Simões de Almeida a trabalhar. É um quadro que se enquadra no estilo Naturalista, figurando o escultor enquanto executa uma estátua de tamanho monumental. O mais interessante para mim é a luz que vem de cima, da clarabóia, o que não é muito habitual; o contraste entre o tamanho do homem em comparação com o da estátua e, sobretudo, a temática, pouco comum na obra de Malhoa - longe das representações garridas de paisagens e de costumes populares. Tudo sem notas dramáticas, como se de uma fotografia se tratasse.
A obra anterior (feita cerca de 50 anos antes) é de um artista francês ligado ao Academismo. Pintura ainda de cariz romântico, mostra o atelier sombrio de um grande ceramista francês do Renascimento. Conta a lenda que Pallissy vivia tão obececado com a temperatura do forno para a cozedura das peças cerâmicas, que gastou com isso a sua fortuna, chegando a queimar as próprias mobílias. A pintura mostra precisamente o dramatismo que domina na sua oficina, predominando a escuridão, quebrada apenas pela luz do fogo, que absorve a atenção do artista.
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Margarida Elias.