domingo, 30 de dezembro de 2012

Com votos de um Feliz Ano de 2013

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Desejo a todos um 
Feliz Ano Novo de 2013,
repleto de 
PROSPERIDADE,
ALEGRIA
SAÚDE!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Esperança

George Goodwin Kilburne, In Church.
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«Everything that is done in this world is done by hope».
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We are all wanderers on this earth ...

Vincent Van Gogh, Les roulottes, campement de bohémiens (1888, Museu d'Orsay).
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«We are all wanderers on this earth. Our hearts are full of wonder, and our souls are deep with dreams».
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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A propósito de um quadro de Pieter de Hooch


Pieter de Hooch, Leisure Time in an Elegant Setting (c. 1663-65, Metropolitan Museum of Art, New York).
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Esta pintura interessa-me pelo conjunto e pelos detalhes. Encontrei-a na Gandalf's Gallery, onde se diz que Pieter de Hooch (a par de Vermeer) teve um papel pioneiro no desenvolvimento da pintura de género holandesa do século XVII. Esta obra é um bom exemplo das suas capacidades na representação de interiores e na captação da luz - o que se pode ver, por exemplo, no intrincado padrão dourado que decora a parede.

Os cafés

Fernand Lungren, The Cafe (1882-1884, Art Institute of Chicago).
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Segundo Silvia Malaguzzi (2006), já existiam na Roma antiga os thermopolia, que eram locais onde se vendiam e serviam bebidas quentes. Estes foram os antecessores dos cafés que surgiram na Europa ocidental cerca de 1640, primeiro em Veneza e depois em Marselha, Paris e Viena. Nestes sítios servia-se café e, por metonímia, o nome estendeu-se ao estabelecimento que o vendia. Inicialmente ligado a um estatuto mais nobre, no século XIX o café tornou-se num local de reunião burguês, frequentado por pessoas de diferentes classes, o lugar de encontro de intelectuais e artistas que apreciavam a bebida pelas suas qualidades estimulantes. Em meados do século XIX, em Paris, que era a capital do luxo e do divertimento, o café tornou-se também o lugar da vida mundana e cosmopolita.
Fernand Lungran representa aqui um café, com uma senhora elegante, mas solitária, que parece estar a beber vinho. Os portugueses que viviam em Paris, pela mesma época, reuniam-se no Café Bas-Rhin, no Boulevard de St. Michel (Ilustração, 16/2/1932).
Desenho de António Ramalho (Link)

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Bibl. Silvia Malaguzzi, Boire et Manger, Traditions et Symboles, Paris, Éditions Hazan, 2006.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Usar bem o Tempo


Karen Davis, The Keeper of Time.
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«We must use time creatively - and forever realize that the time is always hope to do great things».
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Espaço e tempo

(Link)
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«By looking far out into space we are also looking far back into time, back toward the horizon of the universe, back toward the epoch of the Big Bang».
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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Harmonia

(Link)
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«If you judge people, you have no time to love them».
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Feliz Natal!

Menino Jesus (Século XIX, Cabral Moncada).
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Come to Bethlehem and see
Him whose birth the angels sing;
Come, adore on bended knee 
Christ, the Lord, the new-born King.
Gloria in excelsis Deo. 
Gloria in excelsis Deo.
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domingo, 23 de dezembro de 2012

O Natal no Redondo há uns 30 anos

Joaquim José de Barros, dito Barros Laborão, Presépio de José Joaquim de Castro, dito dos Marqueses de Belas (1805-1807, Museu Nacional de Arte Antiga).
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Os meus avós paternos tinham uma quinta no Redondo (Évora), que se chamava Quinta de Santana - porque a minha avó tinha o apelido de Santana. Na Véspera de Natal costumávamos ir à Quinta, sendo esse o Natal, simultaneamente, mais tradicional e mais diferente que conheci. A minha avó preparava um grande presépio com muitas figuras, que construía num recanto de um móvel. Colocava musgo a fingir relva e espelhos a fazer de lagos, sobre os quais ficavam uns pequenos patos. Havia o hábito de o meu avô só colocar o Menino Jesus sobre as palhas mesmo na noite de Natal. 
O jantar era sempre bacalhau, com batatas e couves, e lombo de porco assado com batatas fritas. A sobremesa variava entre filhoses, sericaia e "nuvens" (farófias). Mas a única sobremesa que eu gostava eram as "pinhoadas", feitas com massa de filhoses e mel. 
Estava geralmente muito frio e a lareira acesa, pelo que eu passava uma boa parte do tempo à lareira. 
Por volta das 11:30 da noite, íamos cantar ao Menino Jesus. Os cânticos eram bastantes e variados (não muito afinados, com excepção sobretudo da minha avó, que era quem sabia melhor as canções), terminando com as seguintes quadras:

Arre burriquito,
Vamos a Belém
A ver o Menino
Que a Senhora tem.

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora,
Arre burriquito
Vamos-nos embora,
Vamos-nos embora.

E então lá íamos para a sala abrir as prendas, que quando era mais pequena ficavam junto do sapatinho.

sábado, 22 de dezembro de 2012

O Natal está a chegar

Viggo Johansen, Silent Night (1891).
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Silent night, holy night!
All is calm, All is bright
Round yon Virgin, Mother and Child
Holy Infant so Tender and mild,
Sleep in heavenly peace,
Sleep in heavenly peace.
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Joseph Mohr (1818).

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A magia do Natal

Scott Gustafson, Santa.
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«It is our job to protect the children of the world»
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Igreja do Menino Deus



Igreja do Menino Deus (Lisboa, 2012).

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A fundação da Igreja data de 1711 e foi ordenada pelo rei D. João V, que esperava o nascimento de um herdeiro ao trono, que viria a ser D. José (nascido em 1714). A sua construção ficou contígua ao hospital de Mantelatos da Ordem Terceira de São Francisco de Xabregas, que já existia no local, e que albergava uma imagem milagrosa do Menino Jesus, devota dos populares. A imagem foi transferida para o altar-mor da Igreja, em 1736, onde ainda hoje se conserva.
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Para saber mais: Monumentos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Com votos de um doce Natal

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«Cookery means…English thoroughness, French art, and Arabian hospitality; it means the knowledge of all fruits and herbs and balms and spices; it means carefulness, inventiveness, and watchfulness». 
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Senhora do Ó

Mestre Pêro, Virgem do Ó (1340-1360, Museu de Lamego).
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No dia 18 de Dezembro festeja-se a Nossa Senhora do Ó, que corresponde à imagem da Virgem grávida. O tema teve grande devoção em Portugal e em Espanha, sobretudo no século XIV, mas o culto já iniciara no século VII, durante o X Concílio de Toledo, quando foi decretada a celebração da expectação da Virgem, a decorrer nos oito dias que precediam o nascimento de Jesus. Durante as festividades eram entoadas antífonas em louvor da Virgem, que começavam com o exclamativo «Ó», nome pelo qual passaram a designar-se as celebrações e, por extensão, as imagens evocadas durante as mesmas. A imagem do Museu de Lamego é atribuída a Mestre Pero, um escultor da Corte, de provável origem catalã, autor das Virgens do Ó da Sé de Coimbra e do Museu Nacional de Arte Antiga e, eventualmente, do túmulo de Isabel de Aragão, a Rainha Santa, em Coimbra.
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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Retrato III

Jan Lievens, Bearded man with a beret (c. 1630, National Gallery of Art, Washington).
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Ao olharmos para um quadro, o que vemos? Vemos o objecto "em si", incluindo a moldura, ou vemos apenas o que está pintado nesse quadro (como é o caso)? 
Quando olhamos para um quadro como um "objecto", temos de ter em conta que este teve uma "vida" própria, que começou no próprio momento em que se preparou o suporte e as tintas. Quando olhamos para a pintura, temos de pensar no artista que a fez, mas também na escolha do tema e na maneira como esse tema foi concretizado sobre o suporte. 
Um quadro é o conjunto de todos estes factores, mas a nossa tendência é esquecer o "objecto" e olhar a pintura como se esta existisse independentemente do suporte físico. 
Quando observamos uma pintura de paisagem tendemos a encará-la como uma janela que se abre para o exterior.
Quando observamos uma pintura de um retrato, tendemos a focar-nos na pessoa retratada, como se fosse alguém que nos estivesse a ser apresentado. E, num retrato, a nossa maior atenção vai geralmente para o rosto:

«Faces are the most interesting things we see; other people fascinate me, and the most interesting aspect of other people – the point where we go inside them – is the face. It tells all».
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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Três tempos na leitura de um quadro

Pieter de Hooch, The Bedroom (1658-60, Kunsthistorisches Museum, Vienna).
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Quando olhei pela primeira vez para esta pintura de Pieter de Hooch, pensei que era um belo exemplo das representações de interiores dos quadros holandeses, com as suas características típicas, de riqueza de luz e de detalhes realistas. Notei no chão que se abre para o espectador que se sente convidado a entrar. Reparei na senhora, a fazer a cama e na criança que está junto da porta, numa atitude claramente infantil e alegre. Vi ainda que os diferentes espaços são bem marcados, mas ligam-se entre si: o espaço da acção que está junto do espectador, que é o espaço interior e familiar; o espaço intermédio, da entrada; o espaço exterior, que está no ponto de fuga da composição, que mostra uma varanda, deixando entrever uma paisagem com árvores e casas. O nosso olhar é levado para esse exterior, mas retorna para o interior. Não deixa de ser significativa a presença sobre a porta de um quadro com uma paisagem que reforça a paisagem da janela e nos traz de volta para dentro do quarto. Num segundo olhar, notei nas cadeiras que também surgiam nos retratos de Rubens e Van Dyck. Fiquei a pensar que deveriam ser um objecto caro, mas relativamente comum. Provavelmente indicavam que esta se tratava de uma casa simples, mas com algum estatuto e conforto. Em termos pictóricos, estas cadeiras com as decorações em dourado fazem uma perfeita ligação às vestes da criança. Num terceiro tempo reparei que a moldura da porta intermédia e da porta exterior compõem o desenho de uma cruz. Assim, se consegue transmitir uma noção de religiosidade dentro da vida quotidiana, o que é uma característica da pintura holandesa depois da adesão ao Protestantismo.

As biografias dos objectos

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«In doing the biography of a thing, one would ask questions similar to those one asks about people: What, sociologically, are the biographical possibilities inherent in its “status” and in the period and culture, and how are the possibilities realized? Where does the thing come from and who made it? What has been its career so far, and what do people consider to be an ideal career for such thing? What are recognized “ages” or periods in the thing’s “life”, and what are the cultural markers for them? How does the thing’s use change with its age, and what happens to it when it reaches the end of its usefulness?»
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Igor Kopytoff, «The cultural biography of things: commodization as process», pp. 66-67.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Retrato II

Hans Holbein, Portrait of Anne of Cleves (c. 1539, Museu do Louvre, Paris).
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«Un portrait, c'est une empreinte directe du vécu sur le temps».
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sábado, 15 de dezembro de 2012

Do Terreiro do Paço à Praça do Comércio


Margarida Elias (2012).
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A Praça do Comércio, em Lisboa, foi durante muito tempo a principal entrada na cidade, para quem vinha pelo mar. Chamou-se Terreiro do Paço até ao Terramoto de 1755, porque aí se localizava o Paço Real, desde que D. Manuel I decidiu aí construir o seu Palácio, de modo a poder estar mais próximo das Casas da Índia, Mina e Guiné.

A historiadora Paula André refere-se num texto à qualidade cenográfica deste espaço:

«(...) Os arquitectos/engenheiros militares do Reino desenharam-na à maneira dos arquitectos cenógrafos, podendo ser olhada como um desenho arquitectónico para uma perspectiva de cena. Quando percorremos a praça, vemos esse espaço como a scaenae froms dos teatros romanos e quando estamos no seu  centro, lugar da skene e da orkestra, somos simultaneamente actores e espectadores. O modo particular de articular espaço fechado e espaço aberto, abrindo um dos lados da praça ao rio, sugere, simultaneamente, que se olhe a praça como espectador e que se use a praça como actor».

Em 1755, com o terramoto (somado de maremoto e incêndio), tudo foi destruído. Assim como explica Paula André, Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal desde 1769), Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, encarregou Manuel da Maia, engenheiro-mor do Reino, de estudar propostas para a reconstrução da cidade. Este redigiu uma Dissertação sobre a renovação da Cidade de Lisboa, sendo posteriormente eleito o projecto do capitão e arquitecto Eugénio dos Santos. Ao centro da nova Praça, que mantinha a mesma configuração cenográfica, ficava a estátua equestre de D. José I, modelada por Machado de Castro (inaugurada em 1775). O espaço ganhava o nome de Praça do Comércio, que ainda hoje persiste, e o Paço Real era afastado da zona ribeirinha. Os novos edifícios passavam a ser destinados para serviços do Estado e para o comércio, marcando uma nova forma de entender o poder, que era cada vez mais marcado pelo poder financeiro. O arco triunfal que coroa esta Praça, do lado norte, só foi terminado em 1875, sendo o espaço classificado como Monumento Nacional em 1910. 

Uma nota final: fico sempre fascinada quando vejo imagens de Lisboa antes de 1755 e, por outro lado, continuo a preferir chamar esta praça de Terreiro do Paço.
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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Retrato I

Peter Paul Rubens, Portrait of Jan Vermoelen (1616, Colecção Liechenstein, Viena).
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Anthony van Dyck, Portrait of an Old Man (c. 1618, Colecção Liechenstein, Viena).
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Diz o site da Colecção Liechenstein, que Jan Vermoelen (1589–1656) era de uma antiga e influente família de Antuérpia. O retrato pintado por Rubens captou-o antes do início de uma carreira de sucesso, que o conduziu a Comissário Geral e Almirante da Frota Espanhola. Junto dele está uma magnífica cadeira de braços, cujas ferragens douradas dão uma nota colorida ao quadro essencialmente branco e nregro. Uma cadeira semelhante aparece representada junto de um retrato de Van Dyck, um pouco mais tardio. Crê-se que tenha sido realizado quando este pintor estava a trabalhar na oficina de Rubens. Ambos os retratos têm um carácter prestigiante, o que lhes é conferido pela pose, pelo traje, pela sobriedade e também pelas cadeiras. Uma cadeira semelhante encontra-se na Casa de Rubens, mas é mais simples. No site dessa Casa refere-se que esta cadeira, cujo modelo era conhecido como "cadeira espanhola", foi mandada fazer por Rubens quando se tornou mestre da Guilda de São Lucas, em Antuérpia (1633).

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Retrato

Jeanna Burck, Bertha Wegmann paints.
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«I tell my customers, 'If it's a photographic likeness you want, you need to go to a photographer.' I've never had a customer walk away when I say these words».
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O ovo

Henri-Horace-Roland Delaporte, Basket of Eggs (1788).
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Olhando para esta pintura com uma natureza-morta, figurando alimentos bastante outonais, reparei nos ovos e lembrei-me de uma frase atribuída a Picasso:

«When you start with a portrait and search for a pure form, a clear volume, through successive eliminations, you arrive inevitably at the egg. Likewise, starting with the egg and following the same process in reverse, one finishes with the portrait».

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Janela

Emília Matos e Silva (1986).
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«Un livre est une fenêtre par laquelle on s’évade».
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Nossa Senhora no Trono com o Menino, pintada por Memling

Virgin and Child Enthroned with two Musical Angels (1465-67, Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas
City).
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Madonna and Child with Angels (depois de 1479, National Gallery of Art, Washington).
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Madonna and the Child Enthroned with two Angels (1490-91, Galleria degli Uffizi).
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Gosto muito de pintura flamenga, que sempre me fascinou, pelo naturalismo da representação, pela riqueza dos detalhes, pela pelo esplendor do colorido, pela forma como consegue trazer para as representações de figuras sagradas, imagens e objectos do quotidiano, sacralizando o próprio quotidiano. Gosto muito de imagens da Virgem com o Menino e, entre elas, da iconografia da Virgem no Trono, que tem origem e tradição na arte bizantina, nomeadamente na tipologia da Virgem Kyriotissa. Contudo, enquanto os ícones bizantinos figuram a Virgem hierárquica, sobre um fundo dourado, que a remete para um espaço não humano; a pintura flamenga figura uma Virgem doce, segurando o Menino, que em vez de abençoar os crentes, age, pelo menos aparentemente, como uma criança. Os anjos que a rodeiam não são seres estáticos e celestiais, inalcansáveis, são seres alados, mas amáveis, que até podem estar próximos dos doadores, como no caso de uma Virgem Entronizada de Londres. Fascina-me este mundo de pequenos gestos, de proximidades, que traz para junto do crente os seres celestiais; que não se separa do nosso mundo. As paisagens atrás da Virgem e do Menino são verosímeis; o chão que se perspectiva abrindo na direcção do espectador, torna-nos participantes do momento sagrado. No site da National Gallery de Washington, refere-se ainda outro factor característico da pintura flamenga, que pode ser observado nestas pinturas: a maneira como os gestos, a arquitectura e os objectos que rodeiam as figuras sagradas, são carregados de simbolismo. Em dois destes quadros, Jesus estende as mãos para uma maçã, símbolo do pecado original. A sua atitude de aceitação indica não só que ele vem trazer uma redenção do pecado, mas também que se irá sacrificar para salvar a humanidade. Na pintura de Washington, nas colunas, está figurado o Rei David, antecessor de Cristo, e o Profeta Isaías, que anunciou o Nascimento da Virgem.
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Sobre este assunto, sugere-se ainda a leitura do texto de José António Ferreira de Almeida, A Virgem com o Menino na Arte Medieval, Porto, Edições Marânus, 1954 (Link).

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Música e Pintura

Gustave Doré, Caricature de Berlioz (1850).
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«Where words fail, music speaks».
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ler

William McGregor Paxton, The Housemaid (1910, Corcoran Gallery of Art, Washington)
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«We read to know that we are not alone». 
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domingo, 9 de dezembro de 2012

Estão quase a chegar as férias de Natal

Martín Rico, Patio de la Escuela (1871).
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E, entrando no Espírito da Época, aqui fica um bom conselho:

«Christmas gift suggestions: To your enemy, forgiveness. To an opponent, tolerance. To a friend, your heart. To a customer, service. To all, charity. To every child, a good example. To yourself, respect».
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O Tempo: Passado, Presente e Futuro

Canaletto, Torre dell'Orologia in Piazza San Marco (1730, Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas City).
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Francesco Guardi, Piazza San Marco (c. 1770, National Museum, Belgrado).
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A memória é necessária, tanto na vida das pessoas, como na vida de um povo. Por isso é necessária a história e a defesa do património. Certamente que a história é construída - depende dos documentos escritos e iconográficos que chegam ao historiador, depende da própria história do historiador - mas, mesmo sendo construída, procura basear-se em factos: «Pouco ou nada vem do génio ou do acaso. Aquilo que somos é muito daquilo que fomos construindo ao longo do tempo, e é sempre, inequivocamente, uma construção da história (...)» (Elísio Summavielle, 2010). No entanto, se discordo de quem se recuse a dar importância ao passado (porque mesmo para negar algo é preciso conhecer o que se está a negar), também não defendo que se deva viver no passado. Nessa medida, gostei de ler uma frase de Eugene O'Neill: «The past is the present, isn'it it? It's the future too» (Link) e outra de Oscar Niemeyer: «(...) nós estamos livres para fazer hoje o passado de amanhã» (Link). Ou ainda outra, de Anatole France: «The future is a convenient place for dreams» (Link).
Peter Reynolds, Dream big.
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Bibl.: CUSTÓDIO, Jorge (Coord.), Portugal 1910-2010 - 100 Anos de Património – Memória e Identidade, Lisboa, IGESPAR, IP, 2010.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Nossa Senhora da Conceição

Virgem da Imaculada Conceição (Séc. XVIII, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa).
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A Iconografia da Imaculada Conceição

Em 1370, Luís II de Bourbon fundou a Ordem dos Cavaleiros de Nossa Senhora da Esperança, cuja insígnia representava a Virgem do Apocalipse, coroada de doze estrelas e com os pés sobre uma lua em quarto-crescente. A sua iconografia correspondia à imagem da Sulamita do Cântico dos Cânticos, ou da mulher envolta em sol, do Apocalipse, com a lua debaixo dos pés. Era depois adoptada para representar Nossa Senhora da Conceição, tema que se tornou mais comum na arte religiosa a partir do século XVII, o que se relaciona com o facto de ter sido com os Jesuítas e depois do Concílio de Trento que triunfou o culto da Imaculada. Em Portugal, foi com a Restauração da Independência que D. João IV proclamou a Senhora da Conceição como Padroeira do Reino (25 de Março de 1646), o que foi confirmado pelo Papa Clemente X, em 1671.
A iconografia da Imaculada Conceição evoluíu desde o final do Século XV, surgindo na catedral de Cahors, na Capela de Notre Dame, construída em 1484. Em 1492, foi pintada por Carlo Crivelli (National Gallery de Londres) e, em 1498, pelo Mestre de Moulins. Em 1503, surgiu nas Horas para uso de Ruan, de Antoine Vérard. Em 1505, figurava numa das xilogravuras das Horas da Virgem,  de Thielman Kerver. Contudo, foi no século XVII que melhor se definiu a sua iconografia.
A Imaculada Conceição é a Virgem eleita antes do seu nascimento. Ela desce do Céu para a Terra para redimnir o pecado de Eva e, sendo assim, opõe-se à Virgem da Assunção, que vai da Terra para o Céu. Os seus olhos estão virados para a Terra, porque está a descer. Os pés estão sobre a lua em crescente, que representa a sua castidade. A Virgem é por vezes rodeada dos símbolos das Litanias do Loreto, cuja forma actual data de 1576. Pelas Litanias é comparada ao Sol, à Lua, às Estrelas, a um Jardim fechado, à Fonte dos Jardins, a um Poço de Água Viva, ao Cedro do Líbano, à Oliveira, ao Lírio e à Rosa. É ainda o Espelho sem Mancha, a Torre de David, a Cidade de Deus e a Porta do Céu. Por vezes, sob os seus pés está o globo e ela pisa uma serpente, que simboliza o pecado de Eva, que ela irá redimir.
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Bibl.: 
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, , Vol. XIII, Lisboa e Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, pp. 532-533.
Louis Réau, Iconografia del arte cristiano, Iconografia de la Biblia, Nouvo Testamento, Tomo I, Vol. II, Barcelona, Ediciones del Serbal, 2008 (1.ª ed. P.U.F., 1957) 81-90.
Link: Márcia Bonnet, «Representações da Imaculada Concepção na Imaginária Missioneira da Banda Oriental: questões iconográficas», in Revista Pindorama.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A candeia do corpo são os olhos

William Holman Hunt, The Light of the World (1853-1854, Keble College, Oxford).
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«A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz».
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Mateus (7, 22).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O Chá

George Dunlop Leslie, Tea (c. 1894).
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«There is something in the nature of tea that leads us into a world of quiet contemplation of life». 
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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Cerca Moura


Lisboa (2012)
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«Encontram-se hoje em dia alguns vestígios da muralha mais antiga de Lisboa que se tem conhecimento, conhecida por Cerca Moura. Este sistema defensivo terá sido construído pelos Mouros aquando a sua ocupação do território, provavelmente entre inícios do século X até 1147, ano em que as forças de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, tomaram a cidade aos Mouros. 
(...) Algumas teorias apontam inclusivamente para uma construção ainda do período de ocupação Romana que terá sido aproveitada pelos Mouros. 
Actualmente encontram-se visíveis alguns troços desta vasta muralha e também de algumas torres, que se estenderia a partir da linha meridional do Castelo de São Jorge até perto da actual Igreja de Santo António da Sé, descendo em linha recta até ao Rio Tejo (...)».
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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Caminho


Pierre A. Renoir, Path Winding through the High Grass (c. 1875, Musée d'Orsay, Paris, Link).
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«A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar».
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Eduardo Galeano (Link).

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ler

Edward John Poynter, An Evening at Home (in Belle Époque Europe).
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«Many a book is like a key to unknown chambers within the castle of one’s own self».
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Franz Kafka (in Good Reads).

Rodopio

Gustave Doré, Rosa Celeste (in Dante, A Divina Comédia, 1892, Link)
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Rodopio 

Volteiam dentro de mim, 
Em rodopio, em novelos, 
Milagres, uivos, castelos, 
Forcas de luz, pesadelos, 
Altas tôrres de marfim. 

Ascendem hélices, rastros... 
Mais longe coam-me sois; 
Há promontórios, farois, 
Upam-se estátuas de herois, 
Ondeiam lanças e mastros. 

Zebram-se armadas de côr, 
Singram cortejos de luz, 
Ruem-se braços de cruz, 
E um espelho reproduz, 
Em treva, todo o esplendor... 

Cristais retinem de mêdo, 
Precipitam-se estilhaços, 
Chovem garras, manchas, laços... 
Planos, quebras e espaços 
Vertiginam em segrêdo. 

Luas de oiro se embebedam, 
Rainhas desfolham lirios; 
Contorcionam-se círios, 
Enclavinham-se delírios. 
Listas de som enveredam... 

Virgulam-se aspas em vozes, 
Letras de fogo e punhais; 
Há missas e bacanais, 
Execuções capitais, 
Regressos, apoteoses. 

Silvam madeixas ondeantes, 
Pungem lábios esmagados, 
Há corpos emmaranhados, 
Seios mordidos, golfados, 
Sexos mortos de anseantes... 

(Há incenso de esponsais, 
Há mãos brancas e sagradas, 
Há velhas cartas rasgadas, 
Há pobres coisas guardadas - 
Um lenço, fitas, dedais...) 

Há elmos, troféus, mortalhas, 
Emanações fugidias, 
Referências, nostalgias, 
Ruínas de melodias, 
Vertigens, erros e falhas. 

Há vislumbres de não-ser, 
Rangem, de vago, neblinas; 
Fulcram-se poços e minas, 
Meandros, paúes, ravinas 
Que não ouso percorrer... 

Há vácuos, há bolhas de ar, 
Perfumes de longes ilhas, 
Amarras, lemes e quilhas - 
Tantas, tantas maravilhas 
Que se não podem sonhar!... 
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Mário de Sá-Carneiro (Link).

sábado, 1 de dezembro de 2012

A Coroa



Van der Weyden, A Virgem com o Menino no Trono (1433, Museu Thyssen-Bornemysza, Madrid, Link).
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«Símbolo de origem solar a coroa é uma promessa de vida imortal, prótese de engrandecimento que distingue o indivíduo entre os demais (...)».
«Colocada num lugar privilegiado, ornamentando a parte do corpo que se relaciona com o intelecto, remete também, para valores transcendentes: quem a usa cumpriu, ou tem que realizar, uma magna tarefa vinda do Alto. A sua forma circular alude à perfeição (...)».
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Sandra Leandro, «Aceito coroas para depor sobre mim: coroas e resplendores no tempo da expansão», MENDONÇA, Isabel Mayer Godinho, CORREIA, Ana Paula Rebelo (Coord.), As Artes Decorativas e a Expansão Portuguesa – Actas do 2.º Colóquio de Artes Decorativas, 15, 16 e 17 de Maio de 2008, Lisboa, ESAD-FRESS, 2008, p. 156.