quinta-feira, 7 de junho de 2012

Corot e o detalhe



Jean-Baptiste-Camille-Corot,  Campagne de Naples (1840-45) e Bateau près d'une rivière (c.1862, Fondation Collection E. G. Bührle Zurique).
---
Corot é um dos meus pintores preferidos e uma das razões porque fico fascinada com as suas obras é pela maneira como pintava a folhagem das árvores, que dava uma sensação onírica às suas paisagens. Há uns anos, no Museu Gulbenkian, cheguei a ficar emocionada, de uma forma inexplicável, perante uma pequena pintura de Corot. Por um lado esta questão remete-me para um texto de James Elkins sobre «Pictures and Tears: A history of people who have cried in front of paintings», que trata da emoção que podemos ter perante uma obra de arte. Contudo, o texto de Elkins refere-se a situações mais objectivas, onde os motivos da emoção são explicáveis. No meu caso, contudo, é apenas um detalhe que corresponde à maneira como Corot representava a folhagem das árvores, uma espécie de segunda assinatura do artista nas suas obras. Daqui transito para o livro de Daniel Arasse, intitulado Le Détail, onde, a dado momento, ele diz: «(...) il est bon de revenir à une question laissée en suspens: au ras du tableau, que cherche son spectateur et qu'y trouve-t-il? Qu'est-ce qui le pousse ainsi à se rapprocher de la peinture, à y faire le détail? Et que se passe-t-il quand, soudainement ou progressivement, le spectateur s'attache au détail ou quand un détail l'apelle?»

8 comentários:

www.amsk.org.br disse...

Corot é o artista que mais tem pinturas e retrados de ciganos em sua coleção e para o seu tempo. São inúmeras telas, nunca depressiativas.
Aprendi a respeitar o seu trabalho através dos olhos com que pintou o povo romaní.

bjs nossos

APS disse...

Eu tive, também, uma experiência muito singular, mas com Da Vinci, no Louvre. Aqui, há muitos anos, antes de entrar no Museu, disse para comigo: "Não vais perder tempo com a «Mona Lisa» - conheces a reprodução, de fio a pavio."
Mas, depois, fiquei "hipnotizado", em frente ao quadro, quase meia hora...

Margarida Elias disse...

Cozinha dos Vurdóns: Tem graça, porque já vi as pinturas de Corot inúmeras vezes e nunca notei nesse aspecto. Vou revê-las! Bjs!

APS: É de facto extraordinária a emoção que uma obra de arte nos pode causar. Acho que é isso que a torna especial e não meramente um objecto decorativo... Bom feriado!

ana disse...

Margarida,
Senti a emoção que retrata com Botticelli, A Primavera e o Nascimento da Vénus.

com Apolo e Dapne e Santa Teresa de Ávila de Bernini

A Vitória de Samotrácia...
É difícil de fazer uma escolha porque a lista seria grande mas os que assinalei marcaram-me.

Margarida Elias disse...

Ana: É realmente difícil escolher... Bjs!:)

Presépio no Canal disse...

Tal como a Ana, emocionei-me a ver a Vitoria de Samotracia no Louvre. A Pieta de Miguel Angelo no Vaticano e o Guernica no Centro de Arte Rainha Sofia em Madrid tocaram-me bastante. E depois certos locais... Os vitrais da Sainte Chapelle em Paris fazem-me sempre respirar fundo, a pintura do tecto da Opera Garnier em Paris por Chagall tambem me deixou encantada...como dizes e difil escolher...;-)

Margarida Elias disse...

Sandra: É verdade. E é interessante ver que diferentes obras vão tocando de maneira diferente as várias pessoas. Bjs!

www.amsk.org.br disse...

Algumas pra você Margarida,

http://cozinhadosvurdons.blogspot.com.br/2011/11/poesia-de-spatzo-e-as-telas-de-corot.html

bjs nossos