terça-feira, 27 de novembro de 2012

Do Parque de Santa Gertrudes até à Gulbenkian

in O Ocidente, n.º 205, 1 de Setembro de 1884.




---
Em 1859, José Maria Eugénio de Almeida, mandou construir o seu Palacete, em São Sebastião da Pedreira, nos arrabaldes de Lisboa. O palacete, desenhado em estilo neoclássico pelo arquitecto Jean Colson, foi construído sobre a base de um palácio setecentista, possuindo um vasto parque, do qual estava separado pela Estrada de Circunvalação de Lisboa (criada em 1852 e que ia do Largo do Leão até à rua Marquês da Fronteira). 


Enquanto o palácio ficava dentro do perímetro estabelecido pela Estrada, a quinta, o parque de Santa Gertrudes, situava-se no seu exterior. O parque, com projecto datado de 1864, possuía uma construção acastelada, que servia para cocheiras, desenhada pelo cenógrafo e arquitecto italiano Giuseppe Cinatti. 
Em 1884, o Jardim Zoológico de Lisboa estava instalado no parque e, em 1957, foi o espaço adquirido pela Fundação Calouste Gulbenkian, para aí construir a sua Sede e Museu. Em 1959, abriu-se concurso para o projecto, sendo escolhida a proposta de Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy Jervis d'Athouguia. O projecto era bastante inovador, pois a parte edificada formava um «corpo quase orgânico com o terreno». Foram respeitadas pré-existências, como a localização das árvores mais valiosas», sendo a arquitectura paisagística da responsabilidade de António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Teles. O espaço criado trazia uma nova noção de arquitectura para a cidade de Lisboa, onde se conseguiu aliar o «respeito pela natureza do sítio», a «intimidade dialogante entre interior e exterior», «um desejado e espiritualizado organicismo», bem como uma «inteligente simbiose entre a monumentalidade (...) e os valores da escala humana» (Ana Tostões, 2006).
---
Bibl.: Joana Cunha Leal, «Às Portas de Lisboa: O Palacte de J. M. Eugénio de Almeida em São Sebastião» e Ana Tostões, «Em Direcção a uma nova Monumentalidade, A Obra da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian», in Revista de História da Arte, IHA/FCSH-UNL, n.º 2, 2006, pp. 106-125 e 191-206.

6 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Matéria extraordinária! Estive na Fundação Calouste Gulbenkian, quando fui à Lisboa em 1979. Foi interessante conhecer o "histórico" de sua instalação. Obrigada, pela patilha. Muito interessante.

Um abraço, Maragrida.
Lúcia

Margarida Elias disse...

Muito obrigada. Um abraço para si também!

Presépio no Canal disse...

Que lindas fotos, Margarida! :-)
Um dos meus locais favoritos de Lisboa - o museu, a biblioteca, os jardins, a cafetaria do CAM, tudo, tudo.
Beijinhos! :-)

Margarida Elias disse...

eu também adoro aquele espaço, com tudo incluído. Bjs e obrigada!

ana disse...

Margarida,
Uma postagem muito interessante. Sempre gostei da Gulbenkian e do jardim.
Ainda há pouco tempo tirei fotografias nesse belo espaço.
Agradeço os conhecimentos que transmitiu.
As imagens são bonitas e elucidativas.
Beijinhos. :)

Margarida Elias disse...

Obrigada Ana! Beijinhos!