quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Corações

Espelho de fechadura (séc. XVII ?, Museu de Aveiro)
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Poema do coração

Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração, 
e também a Bondade, 
e a Sinceridade, 
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração. 
Então poderia dizer-vos: 
"Meus amados irmãos, 
falo-vos do coração", 
ou então: 
"com o coração nas mãos". 

Mas o meu coração é como o dos compêndios. 
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral) 
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos). 
O sangue ao circular contrai-os e distende-os 
segundo a obrigação das leis dos movimentos. 

Por vezes acontece 
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados, 
e uma lâmina baça e agreste, que endurece 
a luz dos olhos em bisel cortados. 
Parece então que o coração estremece. 
Mas não. 
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático, 
que esse vento que sopra e ateia os incêndios, 
é coisa do simpático. 
Vem tudo nos compêndios. 

Então, meninos! 
Vamos à lição! 
Em quantas partes se divide o coração?
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Pendente (séc. XIX, Museu dos Biscainhos)
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Relho (Museu Nacional de Etnologia)
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Joana Vasconcelos, Coração Independente Vermelho (2005).
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(Link)

5 comentários:

APS disse...

Gostei.
Boa noite!

Presépio no Canal disse...

Que post giro, Margarida! Feito por um coração grande...;-)
Muitos beijinhos!

Margarida Elias disse...

APS e Sandra: Muito agradecida, de todo o coração! :))

ana disse...

Adorei, Margarida-
A fechadura foi para mim a maior revelação.
Bom fim de semana. :))

Margarida Elias disse...

Para mim, a maior revelação foi o relho. Muitos beijinhos!