quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Casa Roque Gameiro, na Amadora

Cerca de 1898, data inscrita na fachada principal da casa, Roque Gameiro (1864-1935) planeou a construção de uma casa no Alto da Venteira, onde viveu com sua família, pelo menos até 1926. O desenho da casa, que se inscreve na tradição da Casa Portuguesa, teve em 1900 uma ampliação projectada por Raul Lino, amigo do pintor.
Visitei-a há pouco tempo e fiquei encantada com este local, cheio de referências à arte e às tradições portuguesas, rodeada por um belo jardim. Sobre o tema, aconselho (pelo menos) três leituras: o número da Ilustração Portuguesa, de 7 de Junho de 1909, disponível da Hemeroteca Digital; o livro de João Cravo e José Meco, A Azulejaria da Casa Roque Gameiro (1997) e A Casa de Roque Gameiro, na Amadora (1997).
-


-
Junto do tecto está um friso com provérbios sobre alimentação (visto que esta era a sala de jantar), entre os quais um de que me tenho lembrado muito nos dias de crise: «Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão».
-
Fotografia da Ilustração Portuguesa (1909)
-
No texto do artigo, de Santos Tavares, na Ilustração Portuguesa, pode ler-se: «A lareira, larga e ampla, diz a felicidade dos dias tristes de inverno».
 -
-
Azulejos da Fábrica Bordalo Pinheiro.
-

-
No quarto, no friso de remate do lambril, também estão inscritos diversos provérbios, entre eles: «Mais vale deitar sem ceia do que acordar com dívidas».
 -


-
Na fachada norte surge uma decoração cerâmica com a legenda: NON SOLO PANE VIVIT HOMO (nem só de pão vive o homem), que era o lema do Grémio Artístico - associação de artistas activa na última década do século XIX.
 -

-
O atelier do artista ficava num andar inferior ao da entrada. Lá se faziam os serões da família, como atesta um desenho da sua filha Helena (1895-1986), datado de 1910:
-

7 comentários:

ana disse...

Uma casa muito bonita. Os azulejos são lindíssimos.
Gostei do desenho.
Beijinho.:))

ana disse...

Voltei só para dizer que a citação é o máximo. :))

O Raúl Lino projectou casas muito belas. Sou fã dele. :))

Margarida Elias disse...

A casa é um espectáculo e o jardim também. Vale bem a visita. Bjs!

Presépio no Canal disse...

Gostei imenso desta visita virtual. Nunca fui a esta casa. Achei imensa graça aos provérbios nas diversas divisões, sobretudo ao da lareira.
Bjs!

Margarida Elias disse...

Ana: A casa está cheia de provérbios. Bjs!

Sandra: Se puderes vai lá visitá-la. Bjs!

LuisY disse...

Aos anos que ando para visitar esta casa, que está tão perto de Lisboa. Morei em Benfica quase vinte anos e nunca lá fui. Mas o seu post fez-me recordar que esta casa-museu está naquela lista de monumentos e museus que mentalmente todos nós elaboramos para um dia ver, quando tivermos mais tempo ou dinheiro ou pura e simplesmente lembrança

Margarida Elias disse...

Eu gostei muito de visitar a casa. Está vazia, mas vale por si - pela arquitectura, pelos azulejos, pelo jardim. Bjs!