terça-feira, 3 de março de 2015

Ler e ouvir (a 4 tempos)

I

"You're never too old, too wacky, too wild, to pick up a book and read with a child."
-
Dr. Seuss (que ontem faria 110 anos)

Stephanie Graegin (via Pinterest)
-
II

Descobri, a ajudar o meu filho (nos TPC), o seguinte poema, de que gostei muito:

Vozes de animais 

Palram pega e papagaio, 
E cacareja a galinha; 
Os ternos pombos arrulham, 
Geme a rola inocentinha. 

Muge a vaca, berra o touro, 
Grasna a rã, ruge o leão 
O gato mia, uiva o lobo, 
Também uiva e ladra o cão. 

Relincha o nobre cavalo, 
Os elefantes dão urros, 
A tímida ovelha bale, 
Zurrar é próprio dos burros. 

Regouga a sagaz raposa 
Bichinho muito matreiro; 
Nos ramos cantam as aves, 
Mas pia o mocho agoureiro. 

Sabem as aves ligeiras 
O canto seu variar; 
Fazem gorjeios às vezes, 
Às vezes põem-se a chilrear. 

O pardal, daninho aos campos, 
Não aprendeu a cantar: 
Como os ratos e as doninhas 
Apenas sabe chiar. 

O negro corvo crocita, 
Zune o mosquito enfadonho; 
A serpente no deserto 
Solta assobio medonho. 

Chia a lebre, grasna o pato, 
Ouvem-se os porcos grunhir; 
Libando o suco das flores, 
Costuma a abelha zumbir. 

Bramem os tigres, as onças, 
Pia, pia, o pintainho; 
Cucurita e canta o galo, 
Late e gane o cachorrinho. 

A vitelinha dá berros; 
O cordeirinho, balidos; 
O macaquinho dá guinchos, 
A criancinha vagidos. 

A fala foi dada ao homem, 
Rei dos outros animais: 
Nos versos lidos acima 
Se encontram, em pobre rima, 
As vozes dos principais. 
-
III

Entre os livros da minha filha, encontrei este que também gostei imenso:

Oliver Jeffers, O Coração e a Garrafa, Lisboa, Orfeu Mini, 2010 - e que começa assim...

«Era uma vez uma menina, não muito diferente das outras,
que queria saber tudo
o que havia para saber
acerca do mundo.»



-
IV

Por fim, andei durante uns dias com uma música na cabeça e não me conseguia lembrar como se chamava, até que hoje, numa conversa com a minha filha, rimando jacaré e ballet, lembrei-me: era a Dança das Horas de Ponchielli, que conheço sobretudo na versão de Walt Disney.

(para ver no Youtube)

4 comentários:

ana disse...

Margarida,
Um regresso à infância delicioso. O poema de Pedro Dinis é fantástico.
Beijinho.:))

Margarida Elias disse...

É verdade, Ana. Também achei imensa piada ao poema. Bjns!

Presépio no Canal disse...

Delicioso este post! :-)
Beijinho. :-)

Margarida Elias disse...

Obrigada, Sandra! Bjs!