terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Start at the end

Ontem vi um filme que achei muito interessante, intitulado The Lookout (2007). Nesse filme fala-se na história de Goldilocks e dos três ursos. Descobri hoje que existe um princípio Goldilocks, segundo o qual se deve evitar os extremos - o que remete talvez para o caminho do meio e que coincidentemente se relaciona com um livro que estou a começar a ler, o Kim, de Kipling.

Emily Robertson (link da imagem)
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«The Goldilocks principle states that something must fall within certain margins, as opposed to reaching extremes. When the effects of the principle are observed, it is known as the Goldilocks effect.»
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Wikipedia.
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(link da imagem)
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No filme, o protagonista tem problemas de memória devido a um acidente. Um amigo recomenda-lhe que se ele quer contar uma história, para arrumá-la e conseguir encadeá-la numa sequência lógica, deve começar pelo fim.
- Start at the end. Can't tell a story if you don't know where it's going.
- The three bears find Goldilocks asleep in their beds. And then, um, she takes off.
- Exactly. All right, now, that's the end. What happened before that?
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The Lookout (2007)
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Martin Davey (link da imagem)
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No fim, esse conselho acaba por ser útil para o protagonista, permitindo avançar com a sua própria vida. O acidente fora consequência de um erro seu e vitimara outras pessoas. O protagonista acaba por assumir que, para poder avançar, terá de integrar o acidente na sua própria história e tentar perdoar-se.
«I started skating again. I'm not as good as I used to be, but I'm okay. What happened that night along Route 24 is a part of me now. I just hope that one day Kelly will be ready to see me again and I can finally tell her what I've only been able to say in my dreams. Until then, all I can do is wake up, take a shower, with soap, and try to forgive myself. If I can do that, then maybe others will forgive me too. I don't know if that will happen, but I guess I'll just have to work backwards from there.»
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The Lookout (2007)
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Lucy Campbell (link da imagem)
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Numa sequência de acasos, que têm lógica, pelo menos, dentro da minha perspectiva actual, há alguns aspectos a salientar. Primeiro é que quando cometemos um erro, temos de assumir responsabilidade, perdoar-nos, tentar não repetir e recomeçar de novo. O segundo, é que os nossos erros podem ter consequências imprevisíveis e que o bater de asas de uma borboleta pode mesmo causar um furacão do outro lado do mundo. Na tal sequência de acasos, isto liga-se ao filme que vi antes-de-ontem, os Crimes de Oxford (2008), em que o protagonista toma uma série de decisões que têm consequências catastróficas, que iniciam com este diálogo, aparentemente simples e optimista:
- You're happy, you only have to look at your face to see that.
- I try to be.
- How do you do it?
- It's easy. It's a case of going with the flow.
- And what if it goes badly?
- I'd rather make mistakes than do nothing. I'd rather mess up than miss out completely. It works for me. You should try it.
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The Oxford Murders (2008)

4 comentários:

ana disse...

Margarida,
Não há dúvida que assumir o erro é o melhor dos caminhos. Só se pode prosseguir se analisarmos o erro, nos responsabilizarmos por ele.
As mutações que ele provocará nos outros sai das nossas mãos mas cabe-nos a nós aliviar esse fardo.
Obrigada pela partilha.
Feliz Ano Novo!
Beijinhos:))

Margarida Elias disse...

Obrigada, Ana! Beijinhos!

LMAR disse...

Margarida, um filme que se enquadra perfeitamente na sucessão de acontecimentos interligados é Babel, recorda-se do filme, muito bom, relativamente ao paradigma do bater de asas (já nem sei de quem é), e logicamente falando, “ ao alterarmos uma pequena parte do todo teremos que alterar necessariamente o todo”.
Saudações amigas

Margarida Elias disse...

Luís - Não sei se já vi esse filme, julgo que não, e fiquei com vontade de o ver. Quanto à frase citada, tem toda a razão. É um dos motivos porque às vezes penso que, se pudesse emendar erros do meu passado, não sei se o faria porque recearia as consequências no presente/futuro. Bom dia!