quinta-feira, 28 de maio de 2015

Labirintos

Leonora Carrington, Labirinto.
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«Et voilà le visiteur averti: s’il s’engage dans le bousquet avec inconscience il risqué fort de s’y perdre (…), mais si au contraire il cherche dans les fables les leçons de sagesse qui lui permettront de se guider dans la vie et de faire triompher la raison sur la passion il découvrira le chemin qui permet de ne jamais se perdre dans le labyrinthe. (…)»
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Michel Conan, «Metamorphoses des Labyrinthes de Jardin, de la moitié du XVIème à lá moitié du XIXème siècles», in Colóquio Artes, n.º 63, Dezembro de 1984, pp. 43-50.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Descobrir

Hanna Hirsch-Pauli, Forest Walk (1887)
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“[Walking] is the perfect way of moving if you want to see into the life of things. It is the one way of freedom. If you go to a place on anything but your own feet you are taken there too fast, and miss a thousand delicate joys that were waiting for you by the wayside.”
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Elizabeth von Arnim (The Dutchess)

terça-feira, 26 de maio de 2015

A palavra flor

Johanna Helena Herolt, Flor Solis (Sonnenblume) (Séc. XVII)
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Mistérios da Escrita

Escrevi a palavra flor.
Um girassol nasceu
no deserto de papel.
Era um girassol
como é um girassol.
Endireitou o caule,
sacudiu as pétalas
e perfumou o ar.
Voltou a cabeça
à procura do sol
e deixou cair grãos de pólen
sobre a mesa.
Depois cresceu até ficar
com a ponta de uma pétala

fora da Natureza.
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Álvaro Magalhães, O limpa-palavras e outros poemas, Asa, 2000, p. 23.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Ainda da tranquilidade...

Jessie Willcox Smith (Pinterest)
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«Quem vive na tranquilidade, que seja mais activo; quem vive na actividade deve encontrar tempo para descansar. Segue a natureza: ela te lembrará que fez o dia e a noite.»
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sábado, 23 de maio de 2015

Tranquilidade?

William Merritt Chase, Brooklyn Landscape (1886, Albrecht-Kemper Museum of Art, Saint Joseph)
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Quando coloquei inicialmente esta pintura pensei em tranquilidade, mas logo a palavra se desvaneceu. Há uma tranquilidade aparente, é verdade. Contudo, independentemente de uma interpretação sociológica (realista ou pessimista) que pode afirmar que muito se pode ocultar atrás das aparências; a própria estrutura do quadro induz uma sensação de dinamismo, devido às diagonais que nos empurram, visualmemte para o ponto de fuga, situado junto da casa. O que ficará atrás desses muros, nesta paisagem onde a vida humana potencialmente se esconde atrás das suas construções? Será tranquilo lá atrás? Fica a curiosidade - e curiosidade não é tranquila. 
A propósito, lembro um texto de Osho, que encontrei no Citador:

«- É muito simples! - respondeu Diógenes. - Se eu posso descansar e viver uma vida calma sem ter conquistado o mundo, o que te impede a ti de fazer o mesmo? O rio é grande e eu não tenho qualquer objecção a fazer. Podes ocupar o lugar que quiseres - mesmo que queiras o meu lugar, eu posso mudar de sítio. Descansa agora, se desejas descansar. Descansa agora. Agora ou nunca.»

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Com saudades de Sintra

D. Carlos de Bragança, Castelo dos Mouros e Penha Verde vistos da Piedade (1885, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado)
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«À esquerda continua a ver-se a mata da Pena e lá no alto, entre as nuvens, o castelo edificado pelos mouros com a sua grande torre quadrada e outras mais pequenas. Tudo aqui é de uma beleza endémica. Veio-me ao pensamento a gramática latina de Baden por onde aprendi nos meus tempos de rapaz e onde se lia: "Tempe é um belo vale na Tessália" e penso agora se Tempe poderia oferecer algo mais belo do que Sintra.»
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Hans Christian Andersen, Uma visita a Portugal, in Portugal na Pintura, Viagens na Nossa Terra, p. 77.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

...Nuvens

Alfredo Keil, Nuvens (1897, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea)
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Nuvens da Tarde

Aquelas nuvens, que voam,
Ninguém pode pôr-lhes mão…
São como as horas que soam,
E as aves que em bando vão…
Como a folha desprendida,
E como os sonhos da vida,
Aquelas nuvens que voam…

Às vezes o Sol, que as doura,
Parece à glória levá-las…
Mas surge o vento e, numa hora,
Já ninguém pode avistá-las!
É um convite enganoso,
Um escárnio luminoso,
Às vezes o Sol, que as doura!

Tantos castelos caídos!
Tantas visões dissipadas!
Gigantes, heróis perdidos,
Que mal sustêm as espadas!
Faz pena ver, lá do monte,
Nas ruínas do horizonte,
Tantos castelos caídos!

Aquelas nuvens, que vemos,
Esses poemas aéreos,
São os sonhos que nós temos,
Nossos íntimos mistérios!
São espelhos flutuantes
Das nossas dores constantes
Aquelas nuvens, que vemos…

Nossa alma vai-se com elas,
À procura, quem o sabe?
Doutras esferas mais belas
Já que no mundo não cabe…
Voando, sem dar um grito,
Através desse infinito,
Nossa alma vai-se com elas!
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Antero de Quental (no Falcão de Jade)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Para o meu irmão, que faz anos hoje

Cornelis Ketel, Double Portrait of a Brother and Sister (Museum Mayer van den Bergh, Antwerp)
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Louise Elisabeth Vigee Le Brun, The Artist's Brother (1773, Saint Louis Art Museum, St. Louis)
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Vasily Perov, Portrait of Nikolai Kridener, the Artist's Brother (1856, The Russian Museum, St. Petersburg)
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Eunice Muñoz e Hernâni Muñoz (1932, Museu Nacional do Teatro)

terça-feira, 19 de maio de 2015

Estrelas...

Paul Klee, Rising Star (1931)
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Brinquedo

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subido, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
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Miguel Torga, 
In Poetas de Ontem e de Hoje do século XIII ao XXI para os mais novos, p. 73.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Em dia de Lua Nova

John Lavery, The New Moon, Moonrise (1909)
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...Com votos de uma boa Segunda-feira!

domingo, 17 de maio de 2015

Café Martinho

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"O Martinho foi o mais importante café lisboeta dos últimos cento e cinquenta anos. Encerrou ingloriamente no final da década de 1960, apesar dos seus pergaminhos onde ficaram inscritos quase todos os apelidos célebres da capital. Ainda não eram decorridos 30 anos e já a maior parte dos lisboetas (jornalistas e escritores incluídos) o confundia com o Martinho da Arcada, fazendo transitar para este último a fama que coube ao maior, mais célebre, mais radioso café lisboeta do seu tempo."
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Parece que era perto do Teatro D. Maria. Como fechou, nunca saberei como eram as melhores torradas de Lisboa. Onde se comem hoje?

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Para o Dia da Espiga

Uma espiga colhida com o meu filho.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Uma imagem com 74 anos

Procissão de Fátima, 1941
In Mundo Gráfico, 15 de Maio de 1941 (link).

terça-feira, 12 de maio de 2015

Botton, arte, prados, e etc.

«I’d like to propose that art has a purpose that can be defined and discussed in plain terms: it is a therapeutic medium that can guide, exhort, strengthen and console its viewers, helping them to become better versions of themselves
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Camille Corot, Meadow with Two Large Trees (1865-1870)
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«In any number of situations there are works of art that we should look at in order to rebalance our characters, recover calm, rediscover hope, expand our capacities for empathy and learn to appreciate the everyday. No less than music or literature, the visual arts have a role to play in keeping us more or less sane and in restoring us to a measure of serenity in an often frenetic and disappointing world.»
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Silva Porto, Lugar do Prado (Santa Marta-Minho) (1892, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves)
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Camille Pissarro, Berneval Meadows, Morning (1900)
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«It lies in the power of art to honour the elusive but real value of ordinary life. It can teach us to be more just towards ourselves as we endeavour to make the best of our circumstances: a job we do not always love, the imperfections of middle-age, our frustrated ambitions and our attempts to stay loyal to irritable but loved spouses. Art can do the opposite of glamourising the unattainable; it can reawaken us to the genuine merit of life as we’re forced to lead it.»
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Os sublinhados são meus. Gosto deste texto porque me identifico com ele e já me aconteceu entrar num Museu sentindo-me deprimida e impotente e sair de lá revigorada. Por vezes, o simples gesto de pesquisar arte na internet já é um bom anti-depressivo. E acontece-me muitas vezes o mesmo com a natureza - daí os prados.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Notre-Dame, Matisse e Zimler


Henri Matisse, Notre Dame
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Henri Matisse, A Glimpse of Notre-Dame in the Late Afternoon (1902, Albright-Knox Art Gallery, Buffalo)
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Henri Matisse, View of Notre Dame (1914, Museum of Modern Art)
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Henri Matisse, Notre Dame (1914)
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«Um poderoso cabalista chamado Simão de Troyes consagrou uma porta em Paris em 1342, durante o feriado de Tu Bisvat, quando os judeus celebram a Árvore da Vida. Aqui (...) está escrito que a Porta em questão é o portal do lado esquerdo da Notre Dame, onde estão esculpidos Adão e Eva. (...)»
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Richard Zimler, A Sétima Porta, 2014, p. 139.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Da Pintura Naturalista no Museu Condes de Castro Guimarães

Columbano Bordalo Pinheiro, Limpando os metais (1903)
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João Vaz, Marinha
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João Vaz, Sem título (marinha com naus) (1889)
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António Silva Porto, Lugar da Penha, margem do Tejo (1893)
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José Júlio de Sousa Pinto, O pescador (1939)
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 José Júlio de Sousa Pinto, O hóspede inconsolável (1884)
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Alves Cardoso, Saboreando o cacho (1922)
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Link

Anna Atkins

Anna Atkins, Pteris aquilina (1851)
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Anna Atkins, Cystoseira granulata
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Anna Atkins e Anne Dixon, Cypripedium (1854, J. P. Getty Museum, Los Angeles)
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Anna Atkins e Anne Dixon, Iris Sibirica (1854, J. P. Getty Museum, Los Angeles)
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Anna Atkins (1799-1871) foi uma botânica e fotógrafa inglesa. Tendo recebido uma educação científica, os seus desenhos de conchas serviram para ilustrar a tradução da obra de Lemarck, Genera of Shells, feita pelo seu pai, John George Children. Em 1825, casou com John Pelly Atkins, que era amigo de William Henry Fox Talbot (também amigo de John George Children). Anna Atkins aprendeu com Talbot técnicas de fotografia e, por outro lado, Sir John Herschel, que também era amigo de Atkins e Children, inventou o processo fotográfico do Cianótipo, em 1842, usado por Anna nas suas fotografias. Em 1843, Anna Atkins auto-publicou as suas fotografias na obra Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions que é considerado o primeiro livro ilustrado com imagens fotográficas - embora se tratasse de um manuscrito. Em 1850, Atkins colaborou com Anne Dixon (1799–1864), para produzir álbuns de fotogramas: Cyanotypes of British and Foreign Ferns (1853, J. Paul Getty Museum), Cyanotypes of British and Foreign Flowering Plants and Ferns (1854) e An album inscribed to "Captain Henry Dixon," Anne Dixon's nephew (1861).
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quinta-feira, 7 de maio de 2015

E varandas

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Berthe Morisot, Woman and child on the balcony (1872, Art Institute of Chicago, Chicago)
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Gustave Caillebotte, A Balcony, Boulevard Haussmann
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Konstantin Korovin, Balcony in the Crimea (1910)
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Emília Matos e Silva