quinta-feira, 28 de junho de 2012

Varinas


Amadeu Ferrari, Varina… beira do Tejo (Câmara Municipal de Lisboa).
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De mão na anca,
descompõem à freguesa.
Atrás da banca,
chamam-lhe cosma(?) e burguesa.

Mas nessa voz,
como insulto à portuguesa,
há o sal de todos nós,
há ternura e há beleza.

Do alto mar
chega o pregão que se alastra:
têm ondas no andar
quando embalam a canastra.

Minha varina,
chinelas por Lisboa.
Em cada esquina
é o mar que se apregoa.

Nas escadinhas
dás mais cor aos azulejos
quando apregoas sardinhas
que me sabem como beijos.

Os teus pregões
são iguais à claridade:
caldeirada de canções
que se entorna na cidade.

Cordões ao peito,
numa luta que é honrada.
A sogra a jeito
na cabeça levantada.

De perna nua,
com provocante altivez,
descobrindo o mar da rua
que esse, sim, é português.


São as varinas
dos poemas do Cesário
a vender a ferramenta
de que o mar é o operário.

Minha varina,
chinelas por Lisboa.
Em cada esquina
é o mar que se apregoa.

Nas escadinhas
dás mais cor aos azulejos
quando apregoas sardinhas
que me sabem como beijos.

Os teus pregões
nunca mais ganham idade:
versos frescos de Camões
com salada de saudade.
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Ary dos Santos.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bom dia!
    Este novo visual do seu Blogue, como diria o Pessoa (no reclamo para a Coca-cola): "primeiro estranha-se, depois entranha-se".
    Os comentários é que são mais difíceis de pôr...

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  3. Bom dia! Tem razão, mas o outro perfil estava a dar-me problema... Este está à experiência.

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  4. Margarida,
    Tem mais luz. Também estranhei.

    Gostei da varina na escrita e na imagem.
    Beijinho. :)

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  5. Respirei Portugal nesta postagem.
    Obrigado.
    Abraço.
    Gilson.

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  6. Ana: Eu própria ainda hesito... Muitos beijinhos e obrigada!

    Gilson: Obrigada! Abraço!

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