sábado, 16 de janeiro de 2016

Anedotas antigas sobre poupanças

O António Maria (26 de Junho de 1879)
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Talvez por ter convivido em criança muito tempo com os meus avós e tios-avós maternos, sempre gostei de anedotas e historietas antigas, daquelas do final do século XIX e início do XX (tipo queirosianas ou bordalianas). Algumas são politicamente muito incorrectas, até porque, naquele tempo, não se pensava nisso.
Hoje acordei a lembrar-me de uma e depois lembrei-me de mais duas.
1) A que me lembrei primeiro, acho que me contavam como sendo verdade. Um senhor que tinha medicamentos em casa, que já não estavam a uso, tomava-os ele na mesma, dizendo: «há-de fazer bem a alguma coisa.»
2) Outra que me contavam como sendo verdade, era de um senhor que comia toda a comida que era em demasia e se podia estragar, dizendo: «já que se vai deitar para os porcos.»
3) A última julgo que é mesmo anedota e é a minha preferida. Havia um homem que era muito sovina e batia na mulher. Ele morreu e ela preparou o funeral. No dia do enterro, ele começou a erguer-se do caixão, porque não estava mesmo morto, A mulher empurrava-o para baixo e dizia: «Acachapa-te Silvestre, que a despesa já está feita.»

8 comentários:

APS disse...

Muito boas!..:-)
Da segunda historieta, há uma variante minhota: "Antes faça mal do que fique!"
Bom fim-de-semana!

Margarida Elias disse...

Também conhecia essa variação, com outra varuiação: «Antes faça mal do que se estrague!» Bom dia! :-)

Presépio no Canal disse...

A última é muito engraçada! :-))
Bom Sábado!

Margarida Elias disse...

Beijinhos, Sandra! :-))

ana disse...

A última é de facto engraçada.
Beijinho e boa semana!:))

Margarida Elias disse...

Obrigada, Ana! Beijinhos! :-)

LuisY disse...

Margarida Elias

Achei muita graça a estas pequenas histórias que aqui transcreveu. São também interessantes do ponto de vista da história, porque reflectem as mentalidades de um período onde a poupança estava na ordem do dia. Durante quase todo o século XX, até aos anos 70, os portugueses viveram com dificuldades, muitos deles praticamente na miséria e havia que poupar, contar os tostões, mandar virar um fato, quando o tecido estava muito gasto ou transformar um vestido velho em avental. Ninguém deitava nada fora e tudo era reaproveitado. Há uns anos, um amigo meu ofereceu-se para desfazer a casa de uma senhora idosa, falecida há pouco tempo, que não deitava nada para o lixo. A título de exemplo, encontraram uma enorme gaveta, cheia de lâmpadas usadas, que a senhora conservou a vida inteira, talvez com a esperança de um dia lhe dar um uso qualquer. O próprio presidente do Conselho, o ditador Salazar dava o exemplo, usando o mesmo par de botas, durante mais de 30 anos.

Margarida Elias disse...

LuisY - É verdade o que diz. Havia menos recursos, mesmo entre as pessoas mais ricas, por isso poupava-se mais. O que, no fundo, até era mais ecológico. O pior era quando caía nos extremos. Bom dia!