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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sobre o preto

Neste fim-de-semana, tive uma conversa com o meu filho que me deu que pensar. A questão era meramente se o preto é uma cor, pois, segundo o que lhe disseram na escola, o preto não é uma cor. Contudo, eu fiquei intrigada e fui ver no dicionário de Cândido de Figueiredo, onde notei que a definição de preto é bastante complexa, mas, de facto, nunca afirma que o preto é uma cor, embora também não o desminta de forma clara.

Avental de traje feminino de festa, noiva do Minho (c.1940, Museu Nacional do Traje - Link)

Daquilo que me lembro de ter aprendido, o preto, em termos ópticos e físicos, não é realmente uma cor, pois corresponde à ausência de cor ou de luz. Na natureza, o preto existe nas zonas de sombra e nos objectos (matéria) que absorvem a luz. No entanto, para as artes visuais, nomeadamente para a pintura, o preto é a soma de todas as cores.

Costa Motta Sobrinho (modelo) e J.A.Cunha Lda. (reprodução), Jarro (Museu de Cerâmica - Link)

Evidentemente que, se juntarmos as três cores primárias (mais precisamente cyan, magenta e amarelo) ficamos com um preto mais "colorido" e rico, diferente do preto que se consegue através do carvão ou de outros compostos de cor negra. Lembro-me que, ao estudar a obra de Columbano e a pintura do século XIX, se falava da tinta preta que era feita à base de betume, a qual se veio a confirmar que era pouco estável e criadora de problemas de conservação. Recordo por fim que, nas aulas de história da arte, do liceu, me disseram que os pintores impressionistas não usavam o preto e compunham as cores todas a partir das cores primárias. Depois disso, de cada vez que fui a um museu onde existia pintura impressionista, procurei olhar bem para as pinturas e concluí que, se não usavam o preto que vem nos tubos de tinta, compunham o preto a partir da mistura de outras cores.

Rogier Van der Weyden, Portrait of Philip the Good (c. 1450, Musée des Beaux-Arts de Dijon - Link)

De acordo com a Wikipedia, o preto é a cor do carvão, do ébano e do espaço. Confirma-se que é a cor mais escura, a ausência ou a completa absorção da luz, representando, por isso mesmo, a escuridão. Foi uma das primeiras cores a serem usadas pelo homem, desde o período paleolítico. O seu significado foi evoluindo consoante as culturas, desde a associação à tristeza, à humildade e à morte, mas também às bruxas e à magia. O preto passou depois a ser sinónimo de dignidade e elegância, sobretudo com a Idade Moderna, pois era usado nas vestes de pessoas que detinham posições de poder. No período romântico, tornou-se a cor preferida das vestes dos poetas, precisamente, segundo ouso depreender, pela sua associação à melancolia. Mais recentemente, o preto foi sendo usado com maior liberalidade, podendo assumir um valor simbólico ou apenas estético, consoante as circunstâncias.

Augusto Roquemont, Retrato da Baronesa do Seixo - Cândida Rosa de Faria (1845, Museu Nacional de Soares dos Reis - Link)

Em abono da verdade, Manet disse que o preto não é uma cor (Link), mas também é certo que uma das suas obras mais conhecidas é o retrato de Berthe Morisot vestida de preto. Renoir, um dos impressionistas, terá dito «J’aurais mis quarante ans à découvrir que la reine des couleurs est le noir.» (Link). E, mais tarde, a escultora Louise Nevelson, afirmou: «I fell in love with black; it contained all color. It wasn’t a negation of color… Black is the most aristocratic color of all… You can be quiet, and it contains the whole thing.» (Link)

Édouard Manet, Berthe Morisot with a Bouquet of Violets (1872 - Link)

Perante tudo isto, continuo a achar que o preto, mesmo que não seja uma cor em termos de teoria da óptica, é uma cor em termos práticos. Assumo que não há uma mas muitas tonalidades de preto - dizia Yves Saint Laurent que «Il n'existe pas un noir, mais des noirs.» (Link) -, desde a mais neutra, à mais colorida - consoante a forma como se fabricou o pigmento. Apesar de eu não ser uma admiradora desta cor, existem numerosos seres vivos e inanimados, obras de arte e objectos que a apresentam, e que são realmente detentores de grande beleza.

Paul Klee, Black Knight (1927, North Rhine Westfalia State Collect - Link)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Outono nos museus portugueses

Mosaico do Outono da Casa dos Repuxos (Séc. II-III, Museu Monográfico de Conímbriga - Link)
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José Malhoa, Outono (1918, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea - Link)
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José de Brito, Paisagem da Margem do Vouga (Museu Grão Vasco - Link)
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Outono (Museu Nacional de Soares dos Reis - Link)
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Columbano Bordalo Pinheiro, Frutos de Outono (1907, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea - Link)
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Prato da Companhia das Índias (Séc. XVIII, Museu Grão Vasco - Link)
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Inrô (Museu Nacional Machado de Castro - Link)
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Yves Saint Laurent, Vestido (1975-1980, Museu Nacional do Traje e da Moda - Link)