Mostrar mensagens com a etiqueta Santo Isidoro de Sevilha. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Santo Isidoro de Sevilha. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 28 de março de 2017

Etimologias V

Walter Crane, The Triumph of Spring (1879, Walker Art Gallery, Liverpool)
-
«(...) Tranquilo afirmava que o vocábulo triumphus era preferível considerá-lo latino, porque aquele que entrava triunfante na cidade era honrado previamente com um "triplo" juízo. Com efeito, primeiro era o exército que costumava dar a sua opinião sobre se devia conceder-se o triunfo ao general, logo o fazia o senado, e, em terceiro lugar, o povo. Era costume romano que os trunfantes fossem conduzidos em quadrigas, porque os antigos costumavam entrar deste modo na guerra. Quem era vencedor no combate era coroado com uma palma de ouro, porque a palma tem aguilhões. Ao que, sem necessidade de combater, vencia o inimigo em fuga, se premiava com uma coroa de louro, porque esta árvore não tem espinhos. (...)»
-
Santo Isidoro de Sevilha, Etimologias (XVIII, 3-4), Madrid, La Editorial Católica, 1983, p. 387.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Etimologias IV

Detalhe da pintura de Bertha Wegmann, Portrait of Jeanne Bauck (1881, National Museum, Stockholm)
-
«Chamamos assim à mão (manus) porque está aos serviço (munus) de todo o corpo: ela leva o alimento à boca, ela realiza todos os trabalhos e os regula; por ela recebemos e por ela damos. (...) O nome de direita deriva de dar: por ela se dá a prenda da paz; ela se oferece em testemunho de fidelidade e de saúde (...). Por outro lado, a esquerda* (sinextra) se denomina assim como se disséssemos "sem direita", ou talvez porque permite fazer as coisas, em cujo caso sinistra derivaria de sinere (permitir). (...) [A] palma recebe o seu nome das ramas estendidas da "palmeira". A denominação dos dedos (digiti) se explica porque são dez (decem), ou porque coexistem unidos em perfeita conjunção (decenter): encerram em si um número perfeito e a mais harmoniosa ordem.»
-
Santo Isidoro de Sevilha, Etimologias (XI, 66-70), Madrid, La Editorial Católica, 1983, p. 25.
* Segundo o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo (Livraria Bertrand, 1981, p. 592), a palavra esquerda vem de "ezquer"(vasconço).
-
Bertha Wegmann, Portrait of Jeanne Bauck

quarta-feira, 15 de março de 2017

Etimologias III

Detalhe do Painel dos Pescadores do Políptico de São Vicente de Fora, atribuído a Nuno Gonçalves (c. 1450-1490, MNAA, Lisboa)
-
«(...) Se denominam assim os olhos (oculus) porque os cobrem (occulere) as membranas das pálpebras com o fim de não sofrerem alguma lesão, ou porque possuem um luz oculta (occultum), escondida no seu interior. Entre todos os sentidos, o da vista é o que está mais perto da alma, e assim, nos olhos se reflecte toda a manifestação da nossa mente: nos olhos se evidencia a perturbação ou a alegria do espírito. têm também o nome de lumina, porque deles emana a luz (lumen), ou talvez porque mantêm a luz encerrada no seu interior; ou talvez porque, na visão, reflectem ao que receberam do exterior. A pupila é o ponto central do olho, na qual se concentra a capacidade de ver, e se lhes dá o nome de pupillae devido a que as imagens nos parecem pequenas. (...) contudo, o seu nome é pupilla, porque é pura e virgem, como são as meninas.»
-
Santo Isidoro de Sevilha, Etimologias (XI, 36-37), Madrid, La Editorial Católica, 1983, p. 19.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Etimologias II

-
«Chamamos ao rosto facies pelo aspecto que apresenta (effigies): nele mostra toda a figura do homem e por ele pode conhecer-se cada pessoa. Denomina-se também vultus, porque através dele mostra a vontade do homem. E segundo os desejos, assim muda também a expressão do rosto. Não obstante, entre estes dois nomes existe uma diferença: facies designa simplesmente o aspecto natural de cada pessoa; enquanto que vultus indica o estado de ânimo em que se encontra. A fronte (frons) é assim denominada pelas aberturas (foramen) dos olhos. Na sua expressão se reflectem, como numa imagem, os estados anímicos, a alegria ou a tristeza. (...)»
-
Santo Isidoro de Sevilha, Etimologias (XI, 33-35), Madrid, La Editorial Católica, 1983, p. 19.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Etimologias I

-
«(...) os gregos deram ao homem a denominação de ánthropos, porque, tendo a sua origem na terra, levanta o seu olhar para as alturas, até à contemplação do seu artífice.
(...)
A parte fundamental do corpo é a cabeça. E deu-se-lhe o nome de caput porque nela têm a sua origem (initium capiant) todos os sentidos e todos os nervos, e porque dela procede todo o princípio de vida. Nela se encontram todos sentidos. Vem a ser como a personificação da própria alma, que vela pelo corpo.»
-
Santo Isidoro de Sevilha, Etimologias (XI, 1, 25), Madrid, La Editorial Católica, 1983, pp. 13-17.