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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ainda o Presépio

Giotto, Instituição do Presépio em Greccio (Igreja de São Francisco, Assis)
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«Parece que o mais antigo presépio que se conhece data do ano de 380 e foi descoberto nas Catacumbas de São Sebastião, em Roma. Aparece o Menino Jesus deitado numa espécie de mesa, estando o burrinho e a vaquinha do estábulo junto dele.
Mas foi precisamente no dia 24 de dezembro de 1229 que, pela primeira vez, também em Itália, na aldeia de Greccio, São Francisco de Assis se lembrou de dizer a Missa num ambiente muito especial!
Mandou colocar um altar em cima de uma manjedoura cheia de feno verdadeiro, e de cada lado deste altar mandou que ficassem um burrinho e uma vaquinha também verdadeiros. Depois começou a dizer a Missa.
Ao chegar ao momento da Consagração, todos viram que de repente apareceu uma criança a dormir sobre a manjedoura que estava por baixo do altar. S. Francisco de Assis então aproximou-se e acordou o Menino, que era Jesus...»
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Maria Alberta Menéres, O Livro do Natal.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Linha recta

Wassily Kandinsky, Crossing (1928, Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris)
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Uma linha recta
convicta e correta
é um grito de linha
que chega
ao infinito
é a única estrada
que não vai dar a nada !

Um segmento de recta
pode parar na esquina
subir uma parede
beijar uma menina
– mas uma linha recta
não tem limites ou meta.
Por sobre longos campos
e o vale em flor e o mar,
desenhado pelo vento
lá vai ela a passar …

Um segmento de recta
pode ter alegria
pode subir às árvores
e num raio de luz
descer até ao chão
anunciando o dia !
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Maria Alberta Méneres
https://maioresdepensamento.wordpress.com/tag/maria-alberta-meneres/

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Do prosaico até ao infinito...

Luis Camnitzer, Infinite Rays of the Sun (1978)
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O prato da menina

A menina tinha um prato
e dentro do prato um pato
de penas cinzentas lisas
e no fundo desse prato
havia um prato pintado
e dentro do prato um pato
com uma menina ao lado.
E essa menina de tinta
tinha um prato mais pequeno
e dentro do prato um pato
de penas cinzentas lisas
e no fundo desse prato
estava outra menina ao lado
de um outro pato de penas
cada vez mais pequeninas.
Se a menina não comia
não via o fundo do prato
que tinha lá dentro um pato
de penas cinzentas lisas,
nem via a outra menina
que era bem mais pequenina
e tinha na frente um prato
que tinha lá dentro um pato
um pato muito bonito
de penas cinzentas lisas
tão pequenas tão pequenas
que até parecia impossível
como a menina ainda via
e imaginava o desenho
até ao próprio infinito!
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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Das coisas

Richard Long, Small White Pebble Circles (1987, Tate Modern, Londres)
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As pedras 

As pedras falam? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.

Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
o que pensarão de nós?
O que de nós pensarão?

As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.

Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.

Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.

Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou:
uma germinou em flor
e a outra nos céus voou.

As pedras falam? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
um coisa para dizer.
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Maria Alberta Menéres, Conversas com versos