quinta-feira, 16 de julho de 2015

Das coisas

Richard Long, Small White Pebble Circles (1987, Tate Modern, Londres)
-
As pedras 

As pedras falam? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.

Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
o que pensarão de nós?
O que de nós pensarão?

As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.

Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.

Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.

Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou:
uma germinou em flor
e a outra nos céus voou.

As pedras falam? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
um coisa para dizer.
-
Maria Alberta Menéres, Conversas com versos 

6 comentários:

Presépio no Canal disse...

Gosto muito de Maria Alberta Menéres. Belo poema. E imagem também.
Bom dia! :-)
Bjns!

Margarida Elias disse...

Também gosto :-)) Beijinhos!

Isabel disse...

Já conhecia o poema que acho bonito, e a imagem também é muito interessante.

Boa tarde:)

Margarida Elias disse...

Obrigada! :-)

ana disse...

Margarida,
Gosto muito deste poema e liga muito bem com a instalação(?).

Adoro este círculos são representativos do tempo e da nossa vida.
Beijinho. :))

Margarida Elias disse...

Também gosto! Bjns! :-)