O António Maria (26 de Junho de 1879)
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Talvez por ter convivido em criança muito tempo com os meus avós e tios-avós maternos, sempre gostei de anedotas e historietas antigas, daquelas do final do século XIX e início do XX (tipo queirosianas ou bordalianas). Algumas são politicamente muito incorrectas, até porque, naquele tempo, não se pensava nisso.
Hoje acordei a lembrar-me de uma e depois lembrei-me de mais duas.
1) A que me lembrei primeiro, acho que me contavam como sendo verdade. Um senhor que tinha medicamentos em casa, que já não estavam a uso, tomava-os ele na mesma, dizendo: «há-de fazer bem a alguma coisa.»
2) Outra que me contavam como sendo verdade, era de um senhor que comia toda a comida que era em demasia e se podia estragar, dizendo: «já que se vai deitar para os porcos.»
3) A última julgo que é mesmo anedota e é a minha preferida. Havia um homem que era muito sovina e batia na mulher. Ele morreu e ela preparou o funeral. No dia do enterro, ele começou a erguer-se do caixão, porque não estava mesmo morto, A mulher empurrava-o para baixo e dizia: «Acachapa-te Silvestre, que a despesa já está feita.»