Tapeçaria de William Morris, Woodpecker (1885, William Morris Gallery, Walthamstow).
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O movimento Arts and Crafts foi criado por William Morris por volta de 1860. Este artista, que iniciou a sua actividade como pintor, ligado ao grupo Pré-rafaelita, interessou-se pela «arte utilitária», nomeadamente pela arquitectura doméstica e decoração de interiores. Foi também escritor e publicista, tornando-se progressivamente num «educador do gosto». A sua influência espalhou-se pela Europa e pela América, tendo sido importante para o advento da Arte Nova.
William Morris formou, em 1861, um agrupamento de artistas que pretendia ser um «grupo operativo dinâmico» com um «programa de produções»: uma empresa que pudesse, a longo prazo, competir com a indústria tanto no plano da qualidade como dos preços. Foi a Morris, Marshall, Faulker & C., especializada no equipamento e nas decorações. A empresa foi dissolvida em 1874, mas abriu pouco depois, reformada e somente ligada a Morris, o qual se rodeou dessa vez de colaboradores mais especializados. O sucesso das suas ideias levou a que, em pouco tempo, se fundassem outras sociedades e organizações com objectivos similares que contribuíram para a revalorização das artes decorativas, as quais são genericamente incluídas no termo Arts and Crafts Movement.
A obra de Morris foi bastante influenciada pelo pensamento de Ruskin. Nascera num enquadramento social e artístico específico, caracterizado pela pouca preocupação com a qualidade das peças produzidas industrialmente, num esquema produtivo em que se desvalorizava o papel criativo. Morris desejava uma sociedade melhor, onde as máquinas não se sobrepusessem ao homem, sendo a sua utilização reduzida e restringida ao estritamente necessário para facilitar a execução dos produtos. Morris defendia o trabalho artesanal e as artes populares. Era a sua intenção que deixasse de haver uma distinção entre artistas e operários, passando ambos a colaborar activamente na realização dos objectos, num espírito idêntico ao das guildas medievais. Conforme as suas palavras: «o artesão (...) deve reencontrar-se com o artista e trabalhar lado a lado com ele».
Morris era «um apóstolo da simplicidade». De acordo com as suas ideias «a arquitectura e o mobiliário deviam ser desenhados em harmonia com a natureza dos materiais e processos de trabalho usados; a decoração das superfícies devia ser plana, nunca ilusiva». A forma dos objectos devia acompanhar a qualidade na execução, sendo a decoração correspondente à «expressão do prazer do homem no trabalho bem feito».
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Texto de Margarida Elias.
Bibliografia abreviada:
Giulio Carlo Argan, 1998; Gabriele Fahr-Becker, 2000; William Hardy, 1996; H. W. Jansen, 1992; William Morris, ed. 2003; Michel Thomas, 1985.