sábado, 27 de setembro de 2014

Final de Setembro

Joaquín Sorolla y Bastida, Breakwater, San Sebastian (1918, Museo Sorolla)
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9.
Vai sendo tempo de largares o Verão
soltá-lo no caminho mais estreito
à boca do Outono ou numa praia
onde já não passe mais ninguém.
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Alberto Soares, in Escrito para a Noite (pg. 37).

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Cultura

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«(…) culture reflects the way one learns, since culture is “learned and shared behavior”. Learning, then, is one of the basic activities of life (…)». 
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Edward T. Hall, The Silent Language, Anchor Books - Doubleday, 1990 (1.ª ed. 1959), p. 47.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Dança do Vento

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Dança do Vento 
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O vento é bom bailador, 
Baila, baila e assobia. 
Baila, baila e rodopia 
E tudo baila em redor. 
E diz às flores, bailando: 
- Bailai comigo, bailai! 
E elas, curvadas, arfando, 
Começam, débeis, bailando. 
E suas folhas, tombando, 
Uma se esfolha, outra cai. 
E o vento as deixa, abalando, 
- E lá vai!... 

O vento é bom bailador, 
Baila, baila e assobia, 
Baila, baila e rodopia, 
E tudo baila em redor. 
E diz às altas ramadas: 
Bailai comigo, bailai! 
E elas sentem-se agarradas 
Bailam no ar desgrenhadas, 
Bailam com ele assustadas, 
Já cansadas, suspirando; 
E o vento as deixa, abalando, 
E lá vai!... 

O vento é bom bailador, 
Baila, baila e assobia 
Baila, baila e rodopia, 
E tudo baila em redor! 
E diz às folhas caídas: 
Bailai comigo, bailai! 
No quieto chão remexidas, 
As folhas, por ele erguidas, 
Pobres velhas ressequidas 
E pendidas como um ai, 
Bailam, doidas e chorando, 
E o vento as deixa abalando 
- E lá vai! 

O vento é bom bailador, 
Baila, baila e assobia, 
Baila, baila e rodopia, 
E tudo baila em redor! 
E diz às ondas que rolam: 
- Bailai comigo, bailai! 
e as ondas no ar se empolam, 
Em seus braços nus o enrolam, 
E batalham, 
E seus cabelos se espalham 
Nas mãos do vento, flutuando 
E o vento as deixa, abalando, 
E lá vai!... 

O vento é bom bailador, 
Baila, baila e assobia, 
Baila, baila e rodopia, 
E tudo baila em redor! 
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Afonso Lopes Vieira, in Antologia Poética.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Com o Outono quase a chegar

 Jacob van Huysum, Twelve months of flowers: September (séc. XVIII, Fitzwilliam Museum, Cambridge)
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«Autumn asks that we prepare for the future — that we be wise in the ways of garnering and keeping. But it also asks that we learn to let go — to acknowledge the beauty of sparseness.»
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domingo, 21 de setembro de 2014

Casas e coisas

Carl Larsson, A Varanda, aguarela do álbum A Nossa Casa (1894-1896)
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«(…) Consumption uses goods to make firm and visible a particular set of judgments in the fluid processes of classifying persons and events. We have now defined it as ritual activity.»
«(…) Within the available time and space the individual uses consumption to say something about himself, his family, his locality (…). Consumption is an active process in which all the social categories are being continually redefined.»
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Mary Douglas, Baron Isherwood, The World of Goods, Towards an Anthropology of Consumption, London, New York, Routledge, 1996 (1.ª ed. 1979), p. 45.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Casa Roque Gameiro, na Amadora

Cerca de 1898, data inscrita na fachada principal da casa, Roque Gameiro (1864-1935) planeou a construção de uma casa no Alto da Venteira, onde viveu com sua família, pelo menos até 1926. O desenho da casa, que se inscreve na tradição da Casa Portuguesa, teve em 1900 uma ampliação projectada por Raul Lino, amigo do pintor.
Visitei-a há pouco tempo e fiquei encantada com este local, cheio de referências à arte e às tradições portuguesas, rodeada por um belo jardim. Sobre o tema, aconselho (pelo menos) três leituras: o número da Ilustração Portuguesa, de 7 de Junho de 1909, disponível da Hemeroteca Digital; o livro de João Cravo e José Meco, A Azulejaria da Casa Roque Gameiro (1997) e A Casa de Roque Gameiro, na Amadora (1997).
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Junto do tecto está um friso com provérbios sobre alimentação (visto que esta era a sala de jantar), entre os quais um de que me tenho lembrado muito nos dias de crise: «Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão».
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Fotografia da Ilustração Portuguesa (1909)
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No texto do artigo, de Santos Tavares, na Ilustração Portuguesa, pode ler-se: «A lareira, larga e ampla, diz a felicidade dos dias tristes de inverno».
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Azulejos da Fábrica Bordalo Pinheiro.
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No quarto, no friso de remate do lambril, também estão inscritos diversos provérbios, entre eles: «Mais vale deitar sem ceia do que acordar com dívidas».
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Na fachada norte surge uma decoração cerâmica com a legenda: NON SOLO PANE VIVIT HOMO (nem só de pão vive o homem), que era o lema do Grémio Artístico - associação de artistas activa na última década do século XIX.
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O atelier do artista ficava num andar inferior ao da entrada. Lá se faziam os serões da família, como atesta um desenho da sua filha Helena (1895-1986), datado de 1910:
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terça-feira, 2 de setembro de 2014

As vinhas


Atribuído a António de Holanda, Livro de Horas de D. Manuel I - Calendário (Mês de Setembro) (1517-1551, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)
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Henrique Pousão, Um pátio (1881-1883, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto)
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Vincent van Gogh, Vineyards with a View of Auvers (1890, The Saint Louis Art Museum, St. Louis, Missouri)
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José Francisco de Sousa, Folha (1860-1893, Museu da Cerâmica, Caldas da Rainha)
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Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, Fábrica Bordalo Pinheiro, Jarro (1908-1920, Museu da Cerâmica, Caldas da Rainha)