«Praça do Commercio, na Villa da Figueira»
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«A villa da Figueira está situada junto da foz do Mondego, na sua margem direita (...).
É a mais bem situada, extensa e populosa villa do districto (...). Todavia, o seu engrandecimento data do principio d’este seculo. No seculo passado era ainda uma povoação tão insignificante, que S. Julião da Figueira formava apenas uma das freguezias dependentes de Montemór-o-Velho (...).
O grande e extraordinario augmento d’esta povoação atribue-se principalmente á decadencia do porto de Aveiro. Desde então a Figueira, favorecida pelas suas boas circunstancias locaes, começou a progredir rapidamente. Em pouco tempo se viram abertas grandes ruas guarnecidas de boa casaria (...).
A Figueira foi elevada à categoria de villa por decreto de 12 de março de 1771 (...). É porventura desde então que data a existencia do pelourinho, (...) que se vê na praça do Commercio (...).
A vila está edificada mesmo á beira do rio, estendendo a sua casaria por um terreno que se eleva gradualmente em suave declive (...).
Corre ao longo do rio um grande e estendido caes, muito bem construido de pedra de cantaria (...). Desembocam n’êste caes as duas praças da villa, a do Commercio e a praça Nova, ambas guarnecidas de bons predios (...). As extremidades da villa quasi se compõem de bairros que só são habitados pelos banhistas, que na estação propria concorrem em grande numero á Figueira.
A sua praia de banhos tem a primazia em relação a todas as do nosso paiz (...).
A affluencia de familias á Figueira na estação dos banhos tem augmentados de um modo consideravel n’estes ultimos tempos, principalmente depois da construcção do caminho de ferro do norte (...). Em virtude d’esta maior concurrencia de banhistas, (...) formou-se em 1861, por iniciativa do sr. Conselheiro Antonio Maria Pereira da Silva, uma sociedade com o intento de erigir um novo bairro junto do forte de Santa Catharina (...)».
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Augusto Mendes Simões de Castro, «Villa da Figueira», in Archivo Pittoresco, n.º 43, 1868, pp. 337-338.