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«Acabam de chegar os pardaes á Avenida. Surprehende-me que esta noticia consideravel não tenha sido logo publicada no Carnet Mondain das Novidades (...). A opera-comica mundana de Lisboa tem, ha muitos annos, esta mesma symphonia ensurdecedora, que hontem se principou a executar desde o monumento da Raestauração até á rua das Pretas. Os pardaes já entoam a symphonia do inverno (...).
Até á primavera, alli os temos installados nos ramos, em breve despidos de folhagem, das olaias e das tilias. É necesario convir que os pardaes demonstram com a preferencia d’este poleiro elegante as mais surprehendentes predilecções mundanas! (...) E ainda na preferencia dada a esta zona resumida do grande passeio elegante da capital os pardaes revelam noções singularmente exactas sobre os habitos do high-life lisboeta. É, com effeito, entre o palacio do snr. Marquez da Foz e a pastelaria Bijou que se acotovela ás tardes, durante os mezes de inverno, tudo o que Lisboa exhibe de mulheres bonitas vestidas em Pariz e de homens irresistiveis vestidos no Amieiro.
O pardal tomou os melhores aposentos para passar em Lisboa um inverno divertido (...).
Empoleirado na sua acacia, o pardal está de posse de toda a chronica mundana da cidade (...)».
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Carlos Malheiro Dias, Cartas de Lisboa, 3.ª série (1905-1907), 22 de Setembro de 1905, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1907, pp. 28-33.