Fotografia de Margarida Elias.
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O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo
vai pensando
e vai sonhando:
- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando e
vai sonhando:
- «Pelas noites de invernia,
quando o vento,
num lamento
muito lento, muito longo,
muito fundo, de agonia,
ruge e muge,
e a chuva bate à janela, nos vidros fina a tinir...,
ai com é bom,
ai como é bom dormir
ao serão,
todo enroscado
ao pé do lume doirado,
fazendo ron-ron, ron-ron..."
-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai pensando,
vai dormindo
e vai sonhando:
- «Não tenho inveja a ninguém:
nem aos pássaros no ar
a voar,
nem aos cavalos saltando,
galopando,
nem as peixinhos no mar
a nadar;
não tenho inveja a ninguém,
aqui da minha janela
onde me sinto tão bem ...»
- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...» "
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Afonso Lopes Vieira
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando e
vai sonhando:
- «Pelas noites de invernia,
quando o vento,
num lamento
muito lento, muito longo,
muito fundo, de agonia,
ruge e muge,
e a chuva bate à janela, nos vidros fina a tinir...,
ai com é bom,
ai como é bom dormir
ao serão,
todo enroscado
ao pé do lume doirado,
fazendo ron-ron, ron-ron..."
-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai pensando,
vai dormindo
e vai sonhando:
- «Não tenho inveja a ninguém:
nem aos pássaros no ar
a voar,
nem aos cavalos saltando,
galopando,
nem as peixinhos no mar
a nadar;
não tenho inveja a ninguém,
aqui da minha janela
onde me sinto tão bem ...»
- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...» "
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Afonso Lopes Vieira
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