Pintura de Simone Martini, A Anunciação (1333, Galleria degli Uffizi, Florença).
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A festa da Anunciação coincide com a chegada da Primavera, celebrada a 25 de Março, nove meses antes do Natal. Foi introduzida na liturgia pelo Concílio de Toledo em 656. A Anunciação corresponde à figuração do momento em que o arcanjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que ela será mãe de Deus. O anjo disse-lhe: «Salve, agraciada; o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres». A Virgem ficou perturbada e para sossegá-la o anjo explicou: «Descerá sobre ti o Espírito Santo...». Por fim, Maria responde: «Eis aqui a serva do Senhor». (Lucas 1, 27-38). Em muitas figurações da Anunciação há uma divisão entre o espaço da Virgem e o do anjo. O espaço da Virgem é fechado / interior, enquanto o do anjo é aberto / exterior. De acordo com Didi-Huberman, trata-se de um espaço insólito / ambíguo, transposto mas intacto, onde cada signo de abertura é quebrado por um signo de clausura. A paisagem, do lado do anjo, remete para o Jardim do Paraíso, perdido na altura da Queda e que será retomado pelo homem através de Cristo.
Pintura de Jorge Afonso, Anunciação (c. 1510, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa).
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A representação da Anunciação é muitas vezes carregada de símbolos, sobretudo na pintura nórdica, ou na portuguesa de influência flamenga. O anjo Gabriel é o mensageiro do Senhor. A pomba figura o Espírito Santo que descerá sobre Maria. Esta está a ler a Bíblia. As flores de Lis, muitas vezes presentes, são sinal de pureza, assim como a veste branca de Gabriel. As colunas simbolizam a árvore da vida, a relação entre o céu e a terra, a vitória e a imortalidade, a presença de Deus. A concha que se vê sobre Maria indica a atenção à palavra, mas também, pela ligação à água, a gestação e a fertilidade.
---Texto de Margarida Elias.
Bibliografia: Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dictionnaire des Symboles, Paris, Robert Laffont & Jupiter, 1982; Georges Didi-Huberman, Fra Angelico, Paris, Flammarion, 1995; Nicole Lemaître, Marie-Thérese Quinson e Véronique Sot, Dicionário do Cristianismo, Correio da Manhã, 2004.
Bibliografia: Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dictionnaire des Symboles, Paris, Robert Laffont & Jupiter, 1982; Georges Didi-Huberman, Fra Angelico, Paris, Flammarion, 1995; Nicole Lemaître, Marie-Thérese Quinson e Véronique Sot, Dicionário do Cristianismo, Correio da Manhã, 2004.
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