quinta-feira, 17 de maio de 2012

No Dia da Espiga I

Karl Wilhelm Friedrich Bauerle, Poppy Girl.
---
Joaquim de Vasconcelos (1849-1936) escreveu: «Mostrem-lhe as bellezas da sua pátria, da sua casa; honrem a poesia do seu lar; venerem a sua arte, porque elle o merece; amparem as suas industrias caseiras, que ainda podem ser uma fonte de receita e de inspiração nacional. Entre elles há cantadores-improvisadores; porque não haverá na arte decorativa popular o improviso fecundo? Se quem canta, seus males espanta – quem debuxa e esculpe e idealiza tanta coisa, é porque tem no coração a saudade de uma beleza entrevista em sonho, presentida, que lhe afaga e fecunda a imaginação. As fontes da inspiração popular nunca secaram. Quaes foram essas fontes? Eis o que importa averiguar» (citado por Sandra Leandro, 2008).
Este texto liga-se, de certo modo, à preocupação de preservação de valores etnográficos e antropológicos, que estão na base da preservação do Património Imaterial. Ana Carvalho, dedicou-se a este tema e irei aqui resumir um seu artigo sobre «Os museus e o Patrímónio Cultural Imaterial». Segundo esse texto, a «salvaguarda do Património Cultural Imaterial (PCI) é um tema que tem merecido destaque nos últimos anos nos fóruns internacionais, especialmente os promovidos pela UNESCO, motivando o interesse crescente de profissionais de várias áreas para a sua investigação e análise». A UNESCO veio chamar a atenção para o facto de que o Património Imaterial é tão importante como um edifício histórico, merecendo por isso ser igualmente preservado. Por outro lado, a necessidade de salvaguardar a diversidade cultural foi crescentemente motivada pela constatação dos riscos de massificação provocados pela globalização. Tendo em vista estas preocupações, foi adoptada, em 2003, a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, no âmbito da 32.ª Conferência geral da UNESCO. Esta Convenção assume que o Património Imaterial pode manifestar-se em vários domínios: desde as tradições e expressões orais (incluindo a língua); as artes do espectáculo; as práticas sociais, rituais e eventos festivos; os conhecimentos e práticas relacionados com a natureza e o universo; até às aptidões ligadas ao artesanato tradicional. Salienta-se ainda que a salvaguarda não se resume à preservação dos elementos em arquivos e colecções de museus.
Para além do meu carinho especial por algumas tradições portuguesas, como o Dia da Espiga, obviamente que haverá muitos patrimónios a preservar, sendo bastante notável o trabalho que tem sido promovido por Rosa Pomar nomeadamente no que diz respeito aos têxteis.

4 comentários:

Presépio no Canal disse...

Hoje foi feriado por aqui, mas sem Dia da Espiga...
Gosto dos costumes associados em Portugal e espero que nunca se percam. :-)
Oportuna chamada de atencao, Margarida.
Gostei muito do quadro.
Um Feliz Dia da Espiga (atrasado, sorry) :-)
Beijinhos grandes! xoxo

Margarida Elias disse...

Obrigada Sandra! Bjs!:))

ana disse...

Tão bonita a tela, preciosa mesmo!
O texto é muito interessante e como diz a Sandra, oportuno!
Desejo que tenha tido um bom dia da espiga!
Beijinho. :)

Margarida Elias disse...

Ana: Obrigada! Bjs!