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Observe-se um rebanho que pasta; ignora o que foi ontem e o que é hoje. Volteia, retouça, repousa, rumina, agita-se de manhã à noite, dia após dia, ligado ao seu prazer e à sua dor, ao impulso do instante, sem melancolia nem saciedade. É duro para o homen ver isso, porque se orgulha da sua humanidade quando se compara com o animal, cuja felicidade entretanto inveja. Efectivamente, ele deseja viver como o animal, sem saciedade nem dor, mas, ao querê-lo, não quer como o animal. (...) O animal gostaria de responder: «É que eu esqueço exactamente aquilo que queria dizer». Até mesmo essa resposta é afogada no esquecimento, e cala-se (...).
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Frederico Nietzsche, Considerações Intempestivas, Editorial Presença, p. 105.
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