Natureza Morta: Caixas, Barros e Flores (c. 1660-1670, Museu Nacional de Arte Antiga)
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Segundo um investigador meu conhecido, as drageias que aparecem nesta natureza morta são amêndoas de Moncorvo - o que é corroborado no blogue
Garfadas Online. Que eu me lembre, nunca comi as referidas amêndoas, mas devem ser boas. Parece-me que surgem também nesta outra pintura:
Natureza Morta com Doces e Barros (1676, Biblioteca Municipal Anselmo Braancamp Freire, Santarém).
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Essa segunda pintura faz, por sua vez, par com a seguinte:
Natureza Morta com Doces e Flores (1676, Biblioteca Municipal Anselmo Braancamp Freire, Santarém).
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Sobre ambas, escreveu Gustavo de Matos Sequeira:
«Josefa de Ayala, nestes dois quadros de alto sentido decorativo, tão ricos de cor, (...) tão expressivos como documento etnográfico, (...) dá-nos (...) uma lição do que era a confeitura fria do seu tempo, (...) num jeito de glória teatral às virtudes domésticas da culinária doce. Lá estão os folares pascais com as suas cruzetas, de massa tostada sobre ovos cozidos, a tijela de doce de chila, os pães de ló na sua cama de papel picotado, as queijadas, os fartens, as hóstias brancas e vermelhas, enformadas como mariscos, para os ovos de Aveiro, as granjeias e as obreias, e tanta outra doçaria indígena, fofa, gostosa, amanteigada à sombra verdoenga das favas e das ervilhas que parecem estar ali para que as coisas de açúcar avultem melhor, para que mais sorriam ao nosso apetite lambareiro de descendentes de dez gerações de gulosos.»*
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Para rematar fica outra pintura gulosa:
Natureza morta: Cesto com Bolos e Toalhas (c. 1660)
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* In Panorama, n.º 9, 1942, citado in Vítor Serrão (coord.), Josefa de Óbidos e o Tempo Barroco, 1993, p. 203.