quinta-feira, 27 de julho de 2017

Do Presente

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«Se no passado se vê o futuro, e no futuro se vê o passado, segue-se que no passado e no futuro se vê o presente, porque o presente é futuro do passado, e o mesmo presente é o passado do futuro.»
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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Dia dos Avós

Ou de São Joaquim e Santa Ana.
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Giotto, Incontro di Anna e Gioacchino alla Porta d'Oro (c.1303-1305, Cappella degli Scrovegni)
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Círculo de Gérard David, Encontro de Santa Ana e São Joaquim, Políptico da Vida da Virgem (1490-1500, Museu de Évora)

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Virgem e o Menino, Santa Ana, São Joaquim e uma Doadora (1540-1460, Museu Nacional de Arte Antiga)
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Zurbarán, The Immaculate Conception with Saint Joachim and Saint Anne (c. 1638-c.1640, Scottish National Gallery, Edinburgh)
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São Joaquim, Santa Ana e Virgem Maria (séc. XVIII, Museu de Alberto Sampaio)

terça-feira, 25 de julho de 2017

Caracóis

Não gosto de comê-los, mas a minha filha gosta muito - e dizem que são saudáveis. Em contrapartida, gosto de os ver vivos, porque acho bonita a sua casca em espiral. Por fim, outro dia descobri que são um símbolo de pureza e ressurreição; descobri hoje também que aparecem muito nas iluminuras medievais. Daí este post.
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«And I do mean all the time. They’re everywhere! Sometimes the knight is mounted, sometimes not. Sometimes the snail is monstrous, sometimes tiny. Sometimes the snail is all the way across the page, sometimes right under the knight’s foot. Usually, the knight is drawn so that he looks worried, stunned, or shocked by his tiny foe.» -  «Why Were Medieval Knights Always Fighting Snails?», in http://www.smithsonianmag.com. Ver também: The Marginalized Art of Snail-Fighting in Medieval Europe
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Willem Van Aelst, Roses and Poppies and a Snail (1675)
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Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, Azeitoneira (1901, Museu Nacional Soares dos Reis)
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José Alves da Cunha, Sucessor, Caracol (1901-1910, Museu da Cerâmica)
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Querubim Lapa, s/t (1970, Museu Nacional do Azulejo)
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Bela Silva, Caracol tímido (2002-2003, Museu Nacional do Azulejo)
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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Agriões

Caillebotte, Nasturiums (1892)
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«Imagine-se uma boca de mina, aberta na base de pequeno outeiro, que, todo abandonado de pinheirais, se prolongava à distância, na direcção do norte da aldeia; uma telha, meio quebrada, servindo de bica; e, a receber o abundante e inesgotavel jorro de água límpida, a bacia natural, por ele mesmo cavada, e onde à vontade vegetavam os agriões, ávidos de humidade.
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Júlio Dinis, As Pupilas do Senhor Reitor, Lisboa, Edições Amigos do Livro, pp. 196-197.
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Alfredo Roque Gameiro, As Pupilas do Senhor Reitor
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Há cerca de oito anos, a propósito da pintura Nasturiums de Caillebotte, andei à procura de uma citação decente que falasse em agriões e nada encontrei. Recentemente li As Pupilas do Senhor Reitor e lá estavam os agriões na fonte natural, que diziam ser de água milagrosa, num dos momentos cruciais da história. Devido a isso, decidi recuperar a pintura de Caillebotte, desta vez acompanhada de Júlio Dinis e de Roque Gameiro.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

(Re)descobertas VI / Afinidades VIII

Antonio del Pollaiolo, L'Assunzione di santa Maria Maddalena (o Comunione mistica) (c. 1457, Museo della Pala del Pollaiolo, Staggia Senese)
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Donatello, Madalena Arrependida (1453-1455, Museu dell'Opera del Duomo, Florença)
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«La santa è emaciata, coperta dai lunghi capelli come la Madalena di Donatello (...).»
Argan, Storia dell'Arte Italiana, Vol. II, p. 223.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Termos de Arte e Arquitectura - Abside

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«Estrutura arquitectónica de planta semicircular, poligonal, quadrada ou lobular; coberta por uma meia cúpula. Já difundida na época romana (...). Vulgarmente, nas igrejas cristãs a abside é colocada no final da nave central, atrás do altar-mor; geralmente, contém o coro, mas também pode coroar as naves laterais e o transepto. A partir da época românica, enriquece-se com corredor (deambulatório) que se desenvolve à volta da capela-mor e que estabelece comunicação com pequenas absides (absidíolos) dispostas radialmente (igrejas cluniacenses e borgonhesas). Esta última estrutura é característica, também, das igrejas góticas (...).» - in Dicionário de Termos Artísticos e Arquitectónicos, Público, 2006, p. 10.

Mário Novais, Igreja da Graça (séc. XIV-XV, Santarém)
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«O fundo da nave central das basílicas romanas e paleocristãs ou das igrejas românicas, recinto semicircular fechado por uma parede semicilíndrica e coberto por uma abóbada de concha, ou quarto de esfera. Por analogia, passou a designar-se assim a parte central da cabeceira das igrejas, onde estava a capela-mor, mesmo que a parede não fosse redonda.» - in Tesouros Artísticos de Portugal, p. 645

terça-feira, 18 de julho de 2017

E barcos

Claude Monet, Fishing Boats at Honfleur (1868)
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Joaquín Sorolla y Bastida, Camino de la pesca. Valencia (1908)
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Egon Schiele, Il porto di Trieste (1907, Leopold Museum Viena)
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Anna E. Munch, Sildebådene i Kerteminde Havn (1918, Østfyns Museer - Johannes Larsen)

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Cesariny e o mar

Mário Cesariny, Linha de Água
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Esta pintura estava no ano passado na galeria O Rastro (Figueira da Foz). Achei-a muito interessante, não só porque gostei dela, mas também porque me pareceu inesperada entre aquilo que conhecia da obra de Cesariny (1923-2006).
Foi aluno da Escola de Artes Decorativas António Arroio (1936-1943) e da Faculdade de Arquitectura. Em 1947, visitou Paris, conheceu André Breton, tendo participado na fundação do Grupo Surrealista de Lisboa. Afastou-se desse grupo no final de 1948, para formar um novo grupo, Os Surrealistas. Começou por pintar como complemento à poesia, mas posteriormente dedicou-se sobretudo à pintura. - Cf. Matriznet.
Uma outra pintura que está no CAM (FCG) relaciona-se com a que vi na Figueira da Foz:
 
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Encontrei ainda este poema:
 
Romance da Praia de Moledo
Canto da hora do banho

ó mar contente, tão frio
que o verde das ondas é neve
fazes meu corpo tão leve,
no ar, vazio!

meus seios, cabelos, tudo é brando!
na mão do mar talhado cerce
vou, como se a um velho comando
desobedecesse!

e raia de leve um sol macio
que ainda não amadurou
frio
de manhã forte e silente
as minhas mãos nem são de gente
são formas de água, de neve
sobre o maillot
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Mário Cesariny
In http://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/1288066.html

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Pátio do Bonfim

A porta costuma estar fechada, mas outro dia apanheia-a aberta. Como adoro pátios lisboetas, não perdi a oportunidade:
 
 
Como diz na entrada (não aprofundei muito), é um pátio do século XVIII, que nesse século era conhecido por Pátio das Secretarias, porque ali funcionaram as secretarias de Estado no tempo do Marquês de Pombal. No século XIX, habitou aqui o 2.º Conde de Bonfim, José Lúcio Travassos Valdez (1787-1862), que deu o actual nome ao Pátio. Numa das casas viveu Rodrigo Vicente de Almeida (1828-1902), bibliotecário da Ajuda, que teve como amigo e mestre Alexandre Herculano. Sobre este tema, ver, por exemplo: «Casa na Calçada da Ajuda, n.º 234 / Pátio do Bonfim» in Monumentos.gov.pt.





quinta-feira, 13 de julho de 2017

(Re)descobertas V

É uma das pinturas que mais me intriga na história da arte, a Madonna col Bambino, santi, angeli e il duca Federico da Montefeltro (pala di Breara) de Piero della Francesca (1475, Pinacoteca di Brera, Milão):


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«L'uovo è una forma ricca di significati simbolici; ma qui sta a indicare che nulla è tanto piccolo da non rientrare in una proporzione universale (...)».
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Argan, Storia dell'Arte Italiana, Vol. II, p. 220.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Jessie Arms Botke (1883-1971)

Uma pintora que descobri recentemente e de que gosto muito. Aqui ficam algumas obras dela, nomeadamente com pássaros, que são as minhas preferidas:
 
Ducks (1920)
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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Termos de Arte e Arquitectura - Abóbada

Sé de Lisboa - abóbada de berço
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«Cobertura de um espaço, ou de parte dele, em forma de arco que descarrega na terra, através dos pés-direitos ou espaldas, o peso que comporta. (...) A chave é o plano mais alto da abóbada. De acordo com as diferentes formas, distinguem-se vários tipos de abóbada. A abóbada de berço, que representa o desenvolvimento contínuo de um arco romano, é constituída por uma estrutura semilicilíndrica que se apoia em dois muros paralelos onde descarrega o peso. A abóbada de arestas nasce do cruzamento de duas abóbadas de berço e é formada por quatro compartimentos, chamados panos, divididos uns dos outros por nervuras de alvenaria (...). Estes dois tipos de abóbadas são os mais comuns. (...)» - in Dicionário de Termos Artísticos e Arquitectónicos, Público, 2006, pp. 8 e 10.
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Palladio, Palazzo della Ragione - abóbada de arestas
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Abadia de Bath - abóbada de leque
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Leonardo Vaz, Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos (1517-1518) - abóbada abatida
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Cf. também Tesouros Artísticos de Portugal, p. 645.
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quinta-feira, 6 de julho de 2017

Termos de Arte e Arquitectura - Ábaco

 
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 «Elemento em forma de paralelipípedo com base quadrada, colocado na parte superior de um capitel, suportando a arquitrave.» - Dicionário de Termos Artísticos e Arquitectónicos, Público, 2006, p. 8.
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Capitel com inscrição Aderci.do(mus) (séc. I, Museu Monográfico de Conímbriga)
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Capitel coríntio (séc. II-III, Museu Nacional de Arqueologia)
Ábaco (séc. VI, Museu Nacional de Arqueologia)
 
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«Parte superior do capitel. As suas proporções, forma e decoração variam conforme as ordens arquitectónicas. No dórico é uma simples placa quadrada, de faces lisas. Na arquitectura bizantina e românica tem geralmente a forma de um tronco de pirâmide invertido, de faces ornadas com exuberância. Entre os Muçulmanos, os ábacos chegam a sobrepor-se aos dois e três. Na arquitectura medieval, desde o século XIII, multiplicam-se os ábacos circulares. A sua importância diminui no gótico, ficando reduzido a um simples cordão. Com o renascimento voltaram a usar-se os ábacos clássicos, moldurados na ordem jónica, encurvados na coríntia.» - Tesouros Artísticos de Portugal, p. 645.
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Capitel (975-1050, Museu de Évora)
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Capitel proveniente do Convento de Chelas (séc. XII, Museu Nacional de Arqueologia~)
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Capitel proveniente do convento de S. Bento da Avé-Maria (Porto) (séc. XVI, Museu Nacional Soares dos Reis)