Jaime Verde, Aldeia de Pescadores (c. 1894)
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Jaime Verde (1863-1945) foi um pintor que me chamou a atenção, quando estava a fazer a tese de Mestrado sobre Columbano Bordalo Pinheiro, porque há uma carta dele para Columbano, escrita de Paris, a 6 de Janeiro de 1892 (Museu do Chiado-MNAC). Há pouco tempo encontrei na revista Colóquio Artes, um artigo sobre ele, escrito por Lucília Verdelho da Costa.
Jaime Verde era primo do poeta Cesário Verde (1855-1886). Estudou pintura com Silva Porto e estreou-se nos salões da Sociedade Promotora das Belas-Artes. Em 1887, dedicou um quadro animalista ao seu amigo Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920), o que demonstra que a sua ligação à família Bordalo Pinheiro vinha, pelo menos, por aqui. Em 1891, foi para França, sendo aluno de Jules Breton (1827-1906) e de Adrien Demont (1851-1928). Em 1891-1892, retratou o seu colega Veloso Salgado (1864-1945). Viajou depois pela Bretanha, de onde resultou o quadro Hiver, exposto em 1892, no Salon. Esta viagem originou também as paisagens que enviou para a exposição do Grémio Artístico - sendo elogiado por Fialho de Almeida, que apreciou, entre outras, a obra Rivière de Queredef (Finisterre): «bastava este quadro para saudar no pintor um visionista de talento» (Vida Irónica, Vol. V, 1.ª ed. 1893). Lucília Verdelho da Costa, a propósito destas paisagens e de outras posteriores, fala em «comunhão absoluta com a natureza agreste, onde se espelha o drama da estesia do pintor». Após o regresso a Portugal, em 1894, Jaime Verde expôs com Teixeira Lopes (1866-1942). Pouco tempo depois, deixaria de pintar, tendo esgotado «a inspiração desse lirismo sincero em que se comprazeu a sua personalidade meditativa». Sabe-se que habitou em Colares e faleceu no Estoril, em 1945. - Cf. Lucília Verdelho da Costa, «Jaime Verde no Naturalismo Português», Colóquio Artes, n.º 89, Junho de 1991.