Ben Vautier, Écrire c'est peindre des mots... (2009)
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As Palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
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Eugénio de Andrade, Antologia Breve, 1972.
Cf. Pensador.
2 comentários:
Este poema de Eugénio de Andrade é lindo!
Boa noite.
Maria Franco - Descobri-o num manual de português do meu filho :-) Bom dia!
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