Quinta do Saldanha

Fotografia in Sipa (2004)

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«Foi aqui, nestes lugares situados no flanco da montanha que, segundo reza a tradiição, o marquês de Castelo Melhor, fiel servidor, se correspondia com sinais com o infeliz rei D. Afonso VI, fechado pelo rei D. Pedro seu irmão no palácio de Sintra, de 1674 até à sua morte em 1683.

Quase cento e cinquenta anos mais tarde, seduzido sem dúvida pela beleza das paragens, o general conde de Saldanha decide construir aí uma casa de campo. (...) Passa a frequentar Sintra a partir de 1820. Parece ter-se instalado nestas altitudes antes de 1827 (...). A partir de 1834, faz melhoramentos nesta casa, data em que o brilhante general recebe uma importante doação de cem contos de reis juntamente com o título de marquês (...). As obras encontram-se certamente avançadas senão mesmo concluídas em 1853 (...).

Se bem que a elevação de dois corpos de edifícios dispostos em L, o enfiamento das janelas e a forma dos telhados sejam bons exemplos da arquitectura tradicional de Sintra, nesta mansão manifestam-se já alguns sinais de gótico (...).

A isto se acrescenta a magnífica porta manuelina da capela, proveniente do convento da Penha Longa, comprada em 1836 pelo Marquês de Saldanha (...).

Mais tarde, em 1870, o marechal manda erguer na esplanada que cerca o palácio um monumento à Fé no mesmo estilo, acompanhado por uma inscrição espantosamente patriótica da sua autoria. No mesmo ano, o velho estadista caído em desgraça é enviado como embaixador para Londres, exílio dourado durante o qual a sua quinta de Sintra é vendida a uma família inglesa. Esta é readquirida no princípio deste século pela sua neta D. Carlota de Saldanha Oliveira e Daun (...)».

Nota: D. Carlota doou, depois, o edifício ao Patriarcado.

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Anne de Stoop, «Algumas Casas Românticas em Sintra», in Romantismo, Sintra nos Itinerários de um Movimento, Sintra, Instituto de Sintra, 1988, p. 228-230.