«The Shield of Achilles», in The Iliad of Homer, tradução de Alexander Pope, Londres, W. Bowyer for Bernard Lintott, 1715, Vol. 5, p. 171.
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«Quando o Louvre me propôs organizar durante todo o mês de Novembro de 2009 uma série de conferências, exposições, leituras públicas, concertos, projecções, e por aí fora, acerca de um assunto à minha escolha, eu não hesitei um momento sequer e propus como tema o elenco, ou seja, a lista (…). Porque me veio à cabeça esta ideia? Se alguém fosse ler os meus romances, veria que neles abundam as listas, e as origens desta predilecção são duas, ambas devidas aos estudos da minha juventude: certos textos medievais, e muitos textos de Joyce. (…) Mas das litanias até ao elenco das coisas contidas na gaveta da cozinha de Leopold Bloom, no penúltimo capítulo de Ulisses, decorre um bom número de séculos, tal como decorrem ainda mais entre as listas medievais e o modelo de lista por excelência, o catálogo dos navios da Ilíada de Homero, da qual, na verdade, este livro adopta o modelo. Mas é precisamente em Homero que está celebrado também um outro modelo descritivo, o modelo ordenado e inspirado em critérios de conclusão harmónica e acabada, representado pelo escudo de Aquiles. Em suma, já em Homero parece que se oscila entre uma poética do “está tudo aqui” e uma poética do “et caetera”».
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Umberto Eco, A Vertigem das Listas – citado in Sónia Talhé Azambuja, Plantas, Animais e Paisagem, Scribe, 2021.
2 comentários:
Também sou atraído por listas..:-)
E gostei destas palavras de Eco.
Boa noite.
APS - Eu também :-) Boa tarde!
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