quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Devoção

Béla Iványi Grünwald, Devotion (1891, Hungarian National Gallery, Budapeste).
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«Il faut toujours prier comme si l'action était inutile et agir comme si la prière était insuffisante».

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Detalhe

Ernest Meissonier, A Painter (1855, Cleveland Museum of Art, Ohio).
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«Un détail peut être porteur d’une signification essentielle à l’ensemble de l’image. Il peut être alors un element visible, manifeste ou discret. Il peut être parfois invisible et designer, dans le tableau, l’intimité de ce qui le travaille».
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Daniel Arasse (1992).

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Por fim, também sobre o Outono

Leander Engstrom, Autumnal landscape.
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«L'automne est le printemps de l'hiver».
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Henri de Toulouse-Lautrec.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mais uma imagem de Outono

Jean-François Millet, Haystacks: Autumn (c. 1874).
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«L'automne est une saison sage et de bon conseil».

Ainda do Outono que agora começa...



Pinturas: Eero Erik Nikolai Järnefelt, Kaislikkoranta (1905).
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«No spring nor summer beauty hath such grace
As I have seen in one autumnal face».

sábado, 25 de setembro de 2010

Dia 26 de Setembro de 2010: Dia Mundial do Mar


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Mar Português
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Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
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Fernando Pessoa.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Se deste Outono

Elizabeth Forbes, The Leaf (1897-1898).
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SE DESTE OUTONO
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Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
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Eugénio de Andrade,
retirado de (In)Cultura.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Take time

 Henri Rousseau, View of Bievre-sur-Gentilly.
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«Everyone must take time to sit and watch the leaves turn».  
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Outono

Henri Le Sidaner, Outono (1923).
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«Winter is an etching, spring a watercolor, summer an oil painting and autumn a mosaic of them all». 
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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sobre a verdade

 Carl Larsson, The Still Life Painter (1886).
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«Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema».
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Pablo Picasso, 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Old King Cole


Pintura de Maxfiel Parrish, Old King Cole (mural) e Ilustração (originalmente do blogue Histórias da Carochinha)
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Old King Cole was a merry old soul, and a merry old soul was he;
He called for his pipe in the middle of the night
And he called for his fiddlers three.
Every fiddler had a fine fiddle, and a very fine fiddle had he;
Oh there's none so rare as can compare
With King Cole and his fiddlers three.
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domingo, 19 de setembro de 2010

Escola

Pintura de Adriaen van Ostade, The School Master (1662, Musee du Louvre, Paris).
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«Queridos estudantes!
Regozijo-me por vos ver hoje diante de mim, alegre juventude de um país abençoado.
Lembrai-vos de que as coisas maravilhosas que ireis aprender nas vossas escolas são a obra de muitas gerações, levada a cabo por todos os países do mundo, à custa de muito entusiasmo, muito esforço e muita dor. Tudo é depositado nas vossas mãos, como uma herança, para que a aceitem, honrem, desenvolvam e a transmitam fielmente um dia aos vossos filhos. Assim nós, embora mortais, somos imortais nas obras duradouras que criamos em comum.
Se tiverem esta ideia sempre em mente, encontrarão algum sentido na vida e no trabalho e poderão formar uma opinião justa em relação aos outros povos e aos outros tempos.»
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Albert Einstein, in O Citador.

sábado, 18 de setembro de 2010

Domingo

Henri Le Sidaner, O Domingo (1898, Musée de la Chartreuse, Douai).
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«La rêverie est le dimanche de la pensée».

Amizade

 Fotografia de Adelino Lyon de Castro, Encontro (1950, Museu do Chiado - MNAC, Lisboa).
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«Sometimes you put walls up not to keep people out, but to see who cares enough to break them down
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ilusão

 Georg Flegel, Cupboard (c. 1610, Národní Galerie, Praga).
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«From the begining, stil lifes have been known as a genre radically conspicuous for its illusionist methods».
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Norbert Schneider (1994).

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sublime

Pintura de Domingos Sequeira, Coroação da Virgem (c. 1830, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa).
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«Le sublime est la résonance d'une grande âme
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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Take a look at your natural river

Constant Le Breton, La Loire.
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«Take a look at your natural river. What are you? Stop playing games with yourself. Where's your river going? Are you riding with it? Or are you rowing against it? Don't you see that there is no effort if you're riding with your river?»
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Frederick (Carl) Frieseke.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Arte: Naturalismo

Pintura de Joaquin Sorolla y Bastida, Paisaje de San Sebastián (Fundación Museo Sorolla, Madrid).
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«(...) o artista só tem um meio de ser superior - é ser fiel à natureza e ser fiel à sua própria comoção, ser exacto e ser sincero».
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Ramalho Ortigão (c. 1884).

domingo, 12 de setembro de 2010

Memórias e Esperanças

John Ritchie, The Inventer.
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«We must always have old memories and young hopes».
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Houssaye,
citado por The Dutchess.

sábado, 11 de setembro de 2010

Festa de Nossa Senhora da Ajuda

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Já no ano passado escrevi sobre os arcos de murta da festa de Nossa Senhora da Ajuda, no Ramalhal, que se festeja no segundo Domingo de Setembro.
Contudo, hoje foi um dia triste, porque, no desastre de Marrocos, faleceram três pessoas do Ramalhal, da mesma família, uma delas uma menina de 17 anos. Por isso deixo aqui um texto escrito por uma pessoa amiga, que foi dedicado a essa menina.
«Para ti Sofia desejo-te a paz profunda da brancura do luar,
a paz profunda do verde das ervas;
a paz profunda do castanho da terra;
a paz profunda do azul do céu;
a paz profundada onda que vem e vai;
a paz profunda da brisa que sopra;
a paz profunda do sol que brilha
serás sempre a nossa estrela.... até logo....»

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fidelidade à natureza

Pintura de Alfred James Munnings, Laura Knight painting.
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«...o artista não tem que preocupar-se senão de ser absolutamente sincero na sua fidelidade à natureza, e de ser o mais completamente perfeito no seu processo de exprimir as aparências da verdade».
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Ramalho Ortigão (c. 1884).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Música e a Pintura

Pintura de Evaristo Baschenis, Musical Instruments (Musées Royaux des Beaux-Arts, Bruxelas).
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 Pintura de Marguerite Gerard, Artist Painting a Portrait of a Musician (c.1803).
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 Pintura de Joseph Rodefer De Camp, The Cellist (1908).
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 Pintura de Thomas Eakins, Music (1904, Albright-Knox Art Gallery, Buffalo).
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«A painter paints pictures on canvas.  But musicians paint their pictures on silence». 
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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aldeia típica de José Franco

Fotografias da aldeia típica de José Franco (Sobreiro, Mafra).
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«Sino, coração d'aldeia,
Coração, sino da gente.
Um a sentir quando bate
Outro a bater quando sente».
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Adolfo Casais Monteiro.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sê bemvindo nesta casa

 Kate Hayllar, A Thing of Beauty is a joy forever (1890).
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«Sê bemvindo nesta casa,
Se és de-véras meu amigo!
Entra, abraça-me, descança,
Senta-te á meza comigo».
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Eugénio de Castro.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Gabinetes de curiosidades

Pintura de Frans Francken II, Kunst- und Raritätenkammer (c. 1620-1625, Kunsthistorisches Museum, Vienna).
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O pensamento científico, no início da Idade Moderna, era governado pelo princípio da curiositas. Em pinturas com o tema dos gabinetes de curiosidades podemos ver naturalia - objectos encontrados como pérolas e conchas, misturados com artificialia - objectos feitos pelo homem. Os quadros pendurados nestes gabinetes tinham muitas vezes a função de substituir a realidade.
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Bibliografia: Norbert Schneider (1994).

domingo, 5 de setembro de 2010

Castelo de São Jorge

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«Considerado o monumento mais emblemático da cidade de Lisboa, o Castelo de S. Jorge é um testemunho relevante de momentos ímpares da história de Lisboa e de Portugal. 
Em 16 de Junho de 1910, meses antes da implantação da República, D. Manuel II, último Rei de Portugal, manda publicar o decreto de classificação do património nacional com estatuto de Monumento Nacional, em cuja lista se incluía o Castelo de S. Jorge. 
(...)
Assim, a área classificada em 1910 integrou um conjunto de património notável constituído pelo castelo e as muralhas, por alguns edifícios que outrora faziam parte do antigo Paço Real da alcáçova, ocupados então pelo quartel, e por uma área designada hoje por Praça Nova que encerra vestígios de várias épocas, desconhecidos na altura, com destaque para o conjunto residencial da época Islâmica. 
É nessa zona a nascente do castelo, a Praça Nova, onde hoje se situa o Núcleo Arqueológico, que se encontram os vestígios mais antigos de ocupação da área circunscrita pelo Monumento Nacional e que remontam ao séc. VII a.C., à Idade do Ferro, época em que provavelmente aí se localizava um povoado fortificado. 
(...)
À semelhança do que acontecia noutras cidades islâmicas do al-Andalus, o local escolhido para a construção do castelo da alcáçova obedecia a determinadas características topográficas, como a dificuldade de acesso e a existência de um maciço rochoso escarpado de forma a potenciar a inexpugnabilidade da fortificação dissuadindo assim um pretenso ataque. Com uma planta quadrangular com cerca de 50 m de largura dividido por um muro com uma torre adossada, o castelo preserva ainda as onze torres, uma das quais a meia encosta, designada por torre da couraça e que permitia o acesso a um ponto de água em caso de cerco prolongado. 
(...)
Em 1147, D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, com a ajuda da Segunda Cruzada, conquista a cidade que capitula após cinco meses de cerco. Em 25 de Outubro desse ano, o novo poder instala-se no Castelo de S. Jorge. Os personagens mudam mas permanecem as funções e a nobreza dos residentes que adoptam os espaços funcionais dos antecessores. 
A antiga zona palatina serviu de aposentos aos novos senhores, o castelo permaneceu como local de comando militar, adoptando a orgânica funcional anterior, a área residencial, junto à antiga mesquita consagrada agora ao culto cristão, foi doada ao Bispo de Lisboa para aí construir o seu paço e fundou-se a freguesia de Santa Cruz da alcáçova onde se estabeleceram os nobres ligados ao poder. 
(...)
De meados do séc. XIII até ao início do séc. XVI, o Castelo de S. Jorge conheceu o seu período áureo. Nos edifícios onde hoje se encontra o Núcleo Museológico, o Café do Castelo e o Restaurante Casa do Leão, localizava-se o antigo palácio do alcaide mouro que se converteu em residência dos Reis de Portugal quando estavam em Lisboa. Transformado em Paço Real, ampliaram-se e adaptaram-se os espaços antigos, construíram-se outros novos, instalou-se o Rei, a Corte e o arquivo régio numa das torres do castelo, receberam-se personagens ilustres nacionais e estrangeiras, realizaram-se festas e aclamaram-se Reis. 
(...)
Ao Paço Real da alcáçova, com as suas inúmeras dependências, ao castelo, agora devotado a S. Jorge, santo padroeiro dos cavaleiros e das Cruzadas, por ordem do rei D. João I, e ao Paço do Bispo, juntaram-se, segundo os documentos, as Casas da Rainha, com as Cavalariças e o Hospital, casas de nobres da Corte, uma ou duas albergarias, a igreja e o cemitério, as capelas e alguns serviços da Administração, a Chancelaria, os Contos do Rei e o Arquivo Régio. 
(...)
O século XVI dita uma renovação mais substantiva da ocupação do Castelo de S. Jorge, marcada pela transferência do Rei e da Corte para o Paço da Ribeira situado no Terreiro de Paço e pelo regresso da vida militar que sobreveio com a integração de Portugal na Coroa de Espanha em 1580. Porém, D. Sebastião (1557-1578) mandou ainda proceder a obras no antigo Paço Real (...).
Após a Restauração em 1640 permaneceu a matriz militar, manteve-se o quartel e a prisão e o novo Alcaide–Mor instalou-se no actual Palácio do Governador, que integrava o antigo Paço do Rei. Numa das torres do castelo e nas alas do antigo Paço continuou a funcionar a Torre do Tombo (...). 
(...)
No século XVIII e XIX o Castelo de S. Jorge recebe as alterações mais profundas. Com o terramoto de 1755, as muralhas, o castelo, o antigo Paço Real, bem como a maior parte dos palácios, ermidas, igreja e outras construções existentes ficaram em ruínas. Sobre os escombros dos antigos edifícios, foram lentamente construídos outros que esconderam as ruínas dos anteriores. Só a igreja de Santa Cruz foi reconstruída. O castelo e parte dos vestígios do antigo Paço Real da alcáçova foram redescobertos já no século XX, após as demolições das construções pós-terramoto que os encobriam. 
(...)
É no decorrer do século XX que se redescobre o castelo, os vestígios do antigo Paço Real, a alcáçova islâmica e as vivências de outrora. As intervenções de 1938-40 promovidas pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, conferiram-lhe a imponência actual, resgatada no meio das demolições então levadas a cabo, atestando materialmente aqui e ali fragmentos das construções do passado documentadas amiúde nas fontes escritas. As outras que se seguiram, em particular as que se iniciaram na última década do século XX, contribuíram de forma singular para avivar a memória e lembrar a antiguidade da ocupação no topo da colina, restituindo à História páginas que estavam em branco e, acima de tudo, confirmando o inestimável valor histórico que fundamentou a classificação do Castelo de S. Jorge como Monumento Nacional no início do século XX (...)».
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Alegria

Frederick Morgan, Nutting (c. 1889).

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«Sem alegria, a humanidade não compreende a simpatia nem o amor».
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Ramalho Ortigão.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Convento do Varatojo I


O Convento do Varatojo é uma das edificações mais interessantes de Torres Vedras. 
Este convento foi erigido por ordem de D. Afonso V, em cumprimento de um voto que fizera a Santo António para auxiliá-lo nas conquistas do norte de África. O próprio rei veio, com os fidalgos da sua real Câmara e grande acompanhamento de clero, nobreza e povo, desde a vila de Torres, lançar a primeira pedra em Fevereiro de 1470. Passados apenas quatro anos, em Outubro de 1474, o convento foi inaugurado, entrando  14 religiosos, vindos do convento de S. Francisco da Vila de Alenquer.
O fundador, D. Afonso V foi o décimo terceiro rei de Portugal, filho de D. Duarte e de D. Leonor de Aragão. O seu reinado ficou ligado à conquista do Norte de África, desde Alcácer Ceguer (1458), Tanger (1460, 1462, 1464), Arzila (1471) e Larache, juntando ao título de «rei de Portugal e dos Algarves» o de «aquém e além-mar em Africa». 
No convento do Varatojo, a sua divisa, um rodízio de tirar agua, encontra-se inscrito tanto num baixo relevo da entrada no convento, como na decoração do tecto do claustro, com um entrelaçado formado por um cordão franciscano, criando losangos que emolduram um rodízio.
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Informação retirada do site Convento de Santo António de Varatojo e do site O Portal da História
Como D. Afonso V está ligado às Tapeçarias de Pastrana, vide também o Prosimetron de 21 de Julho e 2 de Setembro de 2010, bem como o site do Museu Nacional de Arte Antiga sobre a exposição A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana.

Duas pinturas


Pinturas: 
Aurélia de Souza, À Sombra (c. 1900-1910, Museu do Abade de Baçal, Bragança) e Stanhope Alexander Forbes, Amongst the Pines (1915)
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Estas duas pinturas são diferentes, mas ambas recriam  o mesmo ambiente de repouso, entre a natureza, vivido no feminino. No primeiro caso, temos uma pintura de uma artista portuguesa, Aurélia de Souza (1866-1922), ligada ao naturalismo do norte de Portugal. No segundo caso, vemos uma obra de um artista irlandês da mesma época e estilo, ligado à Newlyn School, de seu nome Stanhope Alexender Forbes (1857-1947). 
Quando vi a pintura de Forbes, fez-me lembrar a de Aurélia de Souza. Creio que a principal semelhança (além do tema) está na figura vestida de branco em primeiro plano, ladeada por árvores. Contudo, a pintura portuguesa tem uma leitura mais complexa, o que a torna mais moderna.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Castelo de Almourol

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«A sua história conhecida e registada por achados arqueológicos no local remonta à época da ocupação romana da Península Ibérica, por volta do século II a.C., que se apoderaram do que então seria um castro lusitano ilhado no meio do Tejo. Mais tarde, alanos, visigodos e mouros também ali assentaram arraiais, até que, em 1129, o primeiro rei de Portugal tomou de assalto e conquistou esta fortaleza estratégica, situada pouco a jusante da confluência do Tejo com o rio Zêzere. 
Antes disso já Almourol havia sido palco de outras histórias, desta feita de amor e que facilmente se converteram em lendas. Entre as mais populares está o episódio dramático que relata o amor proibido entre a filha de um cruel senhor feudal godo e um pagem mouro, e o de uma princesa mourisca, de seu nome Ari, que se deixou encantar por um cavaleiro cristão, o que lhe valeu ficar “peada” (com a perna presa por uma corda) a mando de seu pai. Com a história da Ari “peada” surgiu Arripiada que, com o correr dos tempos, resultou em Arripiado, nome de uma pitoresca aldeia à beira-Tejo, situada um pouco a Norte de Barquinha e de Tancos. Tudo passado aqui no castelo de Almourol – ou como também foi conhecido, fortaleza Almorolan, do árabe “pedra alta” –, com violentas paixões e mortes à mistura.
Reedificado em 1171 por Gauldim Pais, mestre dos Templários e monge-cavaleiro a quem D. Afonso Henriques havia doado Almourol, foi aos poucos perdendo relevância na luta pela Terra Santa, dado o avanço dos combates e das conquistas para Sul por parte dos cruzados lusitanos. Entretanto, já no reinado de D. Dinis (de 1279 a 1325), dá-se a extinção da Ordem dos Templários, com todos os seus bens e direitos a passarem para as mãos da Ordem de Avis. Daí em diante Almourol sofreu várias alterações, com algumas das mais profundas a serem levadas a cabo já no século XIX e ao longo de grande parte do seguinte».
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Miguel Satúrio Pires, in  Rotas & Destinos.