terça-feira, 31 de agosto de 2010

Setembro

Gravura de Eugène Grasset, Septembre, in Les Mois (1896, Davidson Galleries).
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Departing summer hath assumed
An aspect tenderly illumed,
The gentlest look of spring;
That calls from yonder leafy shade
Unfaded, yet prepared to fade,
A timely carolling.
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William Wordsworth, September.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Deixa que Dure o Tempo

 Escultura de Auguste Rodin, Cupido e Psique (1905, Museu do Hermitage, São Petersburgo).
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Deixa que Dure o Tempo

No teu olhar há um sonho
que sonhei múltiplas vezes.
No teu olhar, um regaço
em que me acobardei sem sentido.

Deixa que os dias sigam e os ponteiros se movam.
Deixa que dure o tempo.
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José Manuel Capêlo (1983).

domingo, 29 de agosto de 2010

Explorar (Castro do Zambujal)

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We shall not cease from exploration
And the end of all our exploring
Will be to arrive where we started
And know the place for the first time.
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T.S. Eliot (1943),
citado por The Dutchess.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Farol

Pintura de Eugène-Louis Boudin, The Honfleur Lighthouse (c. 1864-1865).
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Les Phares

Rubens, fleuve d'oubli, jardin de la paresse,
Oreiller de chair fraîche où l'on ne peut aimer,
Mais où la vie afflue et s'agite sans cesse,
Comme l'air dans le ciel et la mer dans la mer;

Léonard de Vinci, miroir profond et sombre,
Où des anges charmants, avec un doux souris
Tout chargé de mystère, apparaissent à l'ombre
Des glaciers et des pins qui ferment leur pays;

Rembrandt, triste hôpital tout rempli de murmures,
Et d'un grand crucifix décoré seulement,
Où la prière en pleurs s'exhale des ordures,
Et d'un rayon d'hiver traversé brusquement;

Michel-Ange, lieu vague où l'on voit des Hercules
Se mêler à des Christs, et se lever tout droits
Des fantômes puissants qui dans les crépuscules
Déchirent leur suaire en étirant leurs doigts;

Colères de boxeur, impudences de faune,
Toi qui sus ramasser la beauté des goujats,
Grand coeur gonflé d'orgueil, homme débile et jaune,
Puget, mélancolique empereur des forçats;

Watteau, ce carnaval où bien des coeurs illustres,
Comme des papillons, errent en flamboyant,
Décors frais et légers éclairés par des lustres
Qui versent la folie à ce bal tournoyant;

Goya, cauchemar plein de choses inconnues,
De foetus qu'on fait cuire au milieu des sabbats,
De vieilles au miroir et d'enfants toutes nues,
Pour tenter les démons ajustant bien leurs bas;

Delacroix, lac de sang hanté des mauvais anges,
Ombragé par un bois de sapins toujours vert,
Où, sous un ciel chagrin, des fanfares étranges
Passent, comme un soupir étouffé de Weber;

Ces malédictions, ces blasphèmes, ces plaintes,
Ces extases, ces cris, ces pleurs, ces Te Deum,
Sont un écho redit par mille labyrinthes;
C'est pour les coeurs mortels un divin opium!

C'est un cri répété par mille sentinelles,
Un ordre renvoyé par mille porte-voix;
C'est un phare allumé sur mille citadelles,
Un appel de chasseurs perdus dans les grands bois!

Car c'est vraiment, Seigneur, le meilleur témoignage
Que nous puissions donner de notre dignité
Que cet ardent sanglot qui roule d'âge en âge
Et vient mourir au bord de votre éternité!
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Charles Baudelaire.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Natureza Morta I

Pintura de Baltazar Gomes Figueira, Natureza-morta (c. 1640-1650, Museu de Grão Vasco, Viseu).

Pintura do círculo de Baltazar Gomes Figueira, Natureza-morta com peixes e camarões (Museu de Évora).
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É válido considerar que uma figuração pictural feita de objectos, qualquer que seja a sua técnica, com significado simbólico ou não, no momento em que é uma obra de arte plástica completa é uma natureza morta.
A natureza morta é composta por objectos artificiais ou naturais que o homem se apropria para o seu uso ou prazer; frequentemente mais pequenos que nós e ao alcance da nossa mão. Se bem que favorecidos por uma arte que glorifica o visual, fazem apelo a todos os sentidos, especialmente ao tacto e ao gosto.
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Bibliografia:
Charles Sterling (1952).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Luz


Pintura de Aurélia de Souza, Cena de interior com mulher a coser (1910?).
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«Un peintre c'est quelqu'un qui essuie la vitre entre le monde et nous avec de la lumière, avec un chiffon de lumière imbibé de silence».

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Retrato

Pintura de Edmond Aman-Jean, Thadée-Caroline Jacquet (c. 1892, Musée d'Orsay, Paris).
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«Il y a deux manières de comprendre le portrait, - l’histoire et le roman».
«L’une est de rendre fidèlement, sévèrement, minutieusement, le contour et le modelé du modèle, ce qui n’exclut pas l’idéalisation, qui consistera pour les naturalists éclairés à choisir l’attitude la plus caractéristique, celle qui exprime le mieux les habitudes de l’esprit; en outre, de savoir donner à chaque détail important une exagération raisonable, de mettre en lumière tout ce qui est naturellement saillant, accentué et principal, et de négliger ou de fondre dans l’ensemble tout ce qui est insignifiant, ou qui est l’effet d’une dégradation accidentelle».
(...)
«la seconde méthode, celle particulière aux coloristes, est de faire du portrait un tableau, un poème avec ses accessoires, plein d’espace et de rêverie. Ici l’art est plus difficile, parce qu’il est plus ambitieux. Il faut savoir baigner une tête dans les nolles vapeurs d’une chaude atmosphere, ou la faire sortir des profondeurs d’un crepuscule. Ici, l’imagination  une plus grande part, et cepandant, comme il arrive souvent que le roman est plus vrai que l’histoire, il arrive qu’un modèle est plus clairement exprimé par le pinceau abundant et facile d’un coloriste que par le crayon d’un dessinateur».
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Baudelaire (1846).

Anunciação III

Pintura de George Lawrence Bulleid, The Annunciation (1903).

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Segundo Baxandall (1985), Fra Roberto, pregando sobre a Anunciação, distinguia três mistérios principais: 1) a Missão Angélica, 2) a Saudação Angélica e 3) o Colóquio Angélico. É de Fra Roberto a divisão entre Conturbatio, Cogitatio, Interrogatio, Humiliatio e Meritatio, do terceiro mistério da Anunciação.
Nesta Anunciação moderna é difícil ler qual é o momento exacto a que se reporta, talvez a Saudação Angélica, visto que o Anjo está de joelhos perante a Virgem.
Acho interessante o realismo dos detalhes, num certo rigor arqueológico da descrição do cenário, que não existia nas pinturas mais antigas - embora mantendo a iconografia tradicional.

sábado, 21 de agosto de 2010

Arte

Pintura de António Manuel da Fonseca, O Génio das Artes (Museu de Grão Vasco, Viseu).
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«What art offers is space - a certain breathing room for the spirit».

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Castelo de Montemor-o-Velho

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«Bernard of Chartres used to say that we are like dwarfs on the shoulders of giants, so that we can see more than they, and things at a greater distance, not by virtue of any sharpness of sight on our part, or any physical distinction, but because we are carried high and raised up by their giant size.»
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Figueira da Foz

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AQUELE MAR

Aquele mar da minha infância,
bom camarada e meu irmão
a sua voz, o seu olor, sua fragrância
tanto os ouvi e respirei
que trago em mim o seu largo ritmo,
seu ritmo forte,
como se as praias onde espuma
quase me fossem
praias sem fim dentro de mim
ocultas praias, largas praias
do tumultuoso coração…

Aquele mar
meu confidente de horas idas
tudo escutava e adivinhava
do meu pueril e ingénuo anseio.
Nada sonhei que o não dissesse
– frémito de alma, grito ou prece –,
às madrugadas e aos poentes,
ao sol, às nuvens, ao luar,
ora nascendo, ora morrendo
nos longos, longos horizontes
em que se perdia o meu olhar…

Aquele mar
na calma azul, no temporal,
nunca mentia: era um só beijo,
hálito puro, largo harpejo
que me entendia e respondia
no seu inquieto marulhar…
Moço e menino, solitário,
rochas, falésias, areais
eu coroava-os de alegria
nos meus passeios matinais.
Ou nalgum barco pescador,
velas abrindo a todo o pano,
do oceano então era senhor,
largava a escota, navegava,
no vão desejo de aventuras,
que não chegava a realizar…
Mas era meu, e eu pertencia-lhe,
àquele mar,
era seu filho, escravo e dono,
sorria à sua Primavera,
amava a luz do seu Outono,
o vivo lume dos estios
a violência dos Invernos
longos clamores de temporais.
Aflito voo das gaivotas
junto das negras penedias,
também como ele me perdias,
nas tardes tristes e sombrias,
na bruma gélida das noites…
E a eternidade então ouvia
humano sonho sempre esquecido
na eterna voz que fala o mar.
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João de Barros.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

De volta

Pintura de Mário Augusto, Praia da Figueira da Foz (1935, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves).
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«Não há profissão mais absorvente que a ociosidade».
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Eça de Queirós.

domingo, 1 de agosto de 2010

Agosto

Gravura de Eugène Grasset, Aout, in Les Mois (1896, Davidson Galleries).
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«In summer, the song sings itself».