segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lend me your arms...

Lend me your arms,
fast as thunderbolts,
for a pillow on my journey
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Hendrik Doeff.

domingo, 28 de novembro de 2010

Estrelas

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Madrigal a uma Estrela
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De histórias de estrelas
ninguém quer saber.
Não conto, não conto...
Quem é que te quer,

história da estrela
que fica por cima
da minha janela?
Tão bela! Tão bela!

Comigo te guardo,
na vida e na morte.
Serás um segredo...
Serás uma estrela

que eu a leve a meu lado
na vida que leve...
Escura que seja
- que vida tão clara!

Que noite tão branca
a noite que eu durma
(debaixo da terra)
debaixo da estrela!

Não conto. Não digo.
Comigo te guardo,
Assim tu, ó estrela,
me guardes contigo...

Sebastião da Gama,
Citado por Ana no PROSIMETRON (12/7/2010).

sábado, 27 de novembro de 2010

A pintura II

Kasimir Malevich, Cosmos (1916-1917).
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«A painting is a symbol for the universe. Inside it, each piece relates to the other. Each piece is only answerable to the rest of that little world. So, probably in the total universe, there is that kind of total harmony, but we get only little tastes of it».
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Corita Kent.

Compreender a arte

Honoré Daumier, The print collector (c. 1857-1863, The Art Institute of Chicago).
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«Na arte só há uma maneira de lá chegar: ver, ver, ver. Escrevi uma vez: Olhei dez mil quadros, vi mil, estudei cem e compreendi dez».
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dia de Acção de Graças

Porque hoje é dia de Acção de Graças, apesar de não se comemorar em Portugal. Sempre simpatizei com esta festa, porque é uma reunião familiar que me faz lembrar a festa de Natal. De qualquer modo, este ano o Thanksgiving (comemorado nos E.U.A. na última Quinta-feira de Novembro) calha precisamente um mês antes do Natal. E, entre os católicos, no próximo Domingo, entra-se no período do Advento. Assim, o Natal vai se aproximando...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Caminhos

Alfredo Keil, No parque de Queluz.
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Federico Zandomeneghi, La Strada.
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Ramón Casas Carbó, Camino antiguo de Vilanova (1891, Colección Banco de España).
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«If you are seeking creative ideas, go out walking.  Angels whisper to a man when he goes for a walk».
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brincar I


Harold C. Harvey, Pioneer of Aerial Navigation.
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Harry Brooker, A Critical Moment (A House of Cards) (1889).
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  Albert Anker, Kinderfrühstück (1879, Kunstmuseum Basel).
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Jean-Etienne Liotard, Fillette à la poupée (c. 1760).
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Peter Blake, The Toy Shop (1962, Tate Gallery, London).
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It is better to play than do nothing
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domingo, 21 de novembro de 2010

A chuva I

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«Weather is a great metaphor for life - sometimes it's good, sometimes it's bad, and there's nothing much you can do about it but carry an umbrella».
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sábado, 20 de novembro de 2010

O Chá I

Gwen John, The tea pot (c. 1915-16, Yale University Art Gallery).
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«Find yourself a cup of tea; the teapot is behind you.  Now tell me about hundreds of things».
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bares e Cafés I

Henri Gervex, Cafe scene in Paris (1877, Detroit Institute of Arts).
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“Of course I have played outdoor games. I once played dominoes in an open air cafe in Paris.”
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Bock

Manet, Le bon bock (1873, Philadelphia Museum of Art).
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«Bock designa, na Alemanha e na Áustria uma cerveja forte, dourada ou escura, de fermentação baixa (...).
Ligadas às estações do ano, as bocks são muito apreciadas no final do ano devido ao seu carácter quente, ao seu acentuado sabor a malte com um travo amargo (...). Embora as Bockbier tenham tido a sua origem em Einbeck, no norte da Alemanha, foram os cervejeiros bávaros que a tornaram uma especialidade no século XVII. O sotaque de Munique transformou Einbeck em Bock. A primeira bock produzida em Munique pelos monges de São-Francisco-de-Paula (...) foi denominada Salvator, pois era elaborada durante o jejum da Quaresma. (...)».
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Jean-Louis Sparmont (2003).

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cães


Arthur Wardle, A Family Affair
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«Le chien, c'est la vertu 
Qui ne pouvant se faire homme, s'est faite bête».
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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mais um pouco de chá...?


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If you are cold, tea will warm you;
if you are too heated, it will cool you;
if you are depressed, it will cheer you;
if you are excited, it will calm you.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Chá

 
Jean Liotard, Still Life Tea Set (1783).
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«Bebe-se chá para esquecer o bulício do mundo».
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T'ien Yi-Heng.

domingo, 14 de novembro de 2010

Chocolateiras

Jean-Etienne Liotard, A Lady pouring Chocolate ou 'La Chocolatière' (c. 1744, National Gallery, Londres).
  Raimundo de Madrazo y Garreta, Hot Chocolate.
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Sendo semelhantes, estas pinturas são diferentes, mas ambas mostram chocolateiras:
«Nos mosteiros espanhóis do Novo Mundo, utilizava-se um recipiente bojudo (...) de barro ou de cobre estanhado, materiais que conservavam o calor. Tal como os aztecas, batia-se o chocolate até fazer espuma com uma varinha de madeira (...) chamada molinete.
No século XVII, a propagação em Espanha de uma receita mais açucarada foi naturalmente acompanhada por uma transformação dos recipientes. As chocolateiras tiveram então o requinte do líquido que enfeitiçava as mulheres.
A folha de Flandres ou o estanho, muito utilizados, foram substituídos por materiais mais dignos de irem à mesa dos nobres, como a prata (...). Uma pega horizontal feita de madeira preciosa evitava que se queimassem os dedos. O bico era colocado na parte superior (...) e um orifício no meio da tampa permitia enfiar o molinete de buxo. Três pés alteavam a chocolateira (...).
A primeira chocolateira de prata conhecida foi oferecida a Luís XIV pelo embaixador do Sião, em 1686. (...) Possuir uma chocolateira era apanágio da alta sociedade, e Madame de Sévigné não imaginava sequer poder passar sem ela. (...)».
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Katherine Khodorowsky e Hervé Robert (2000).

«Trembleuse»

Jean-Étienne Liotard, La Belle Chocolatière (1745, Gemäldegalerie, Dresden).
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No século, na Espanha, surgiram as primeiras chávenas para beber chocolate. Por iniciativa do marquês de Mancera foi inventada a mancerina ou trembleuse, que tinha a particularidade de se aconchegar num prato côncavo, que lhe dava estabilidade. No século XVIII, com o aperfeiçoamento do fabrico da porcelana, foram elaborados luxuosos serviços para chocolate, entre os quais a Manufacture de Sèvres se transformou na referência mais prestigiada.
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Katherine Khodorowsky e Hervé Robert (2000).

sábado, 13 de novembro de 2010

E chocolate...

Luis Egidio Meléndez,  Bodegón: servicio de chocolate (1770, Museu Nacional del Prado, Madrid).
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«Nenhum alimento assume tantas e tão variadas formas, metamorfoseando-se consoante as várias utilizações: o chocolate é mágico!».
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Katherine Khodorowsky e Hervé Robert (2000).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bolos...




Wayne Thiebaud, Bakery counter (1962), Around the cake (1962, Spencer Museum of Art, Kansas), Cakes no. 1 (1967, The Art Institute of Chicago),  Chocolate cake (1971, Tate Gallery, Londres).
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«Cakes, they are glorious, they are like toys».
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Castanhas


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Eu nasci dentro de um berço,
que ninguém tocar ousava,
aquele que lhe mexia
a pôr a mão não tornava.
Nas cidades, vilas e hortas,
quando me apanham crescida,
as mulheres ociosas
comigo ganham a vida.
Tiram-me o fato, ando nua,
na velhice ao tempo exposta,
quanto mais encarquilhada
mais a gente de mim gosta.
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Adivinha do Citador.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Doces e lanches

Antonio de Pereda, Still-Life with an Ebony Chest (1652, Museu do Hermitage, São Petersburgo).
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«Cookies are made of butter and love».
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Norwegian Proverb.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O vento

John William Waterhouse, Windswept (1902).
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The winds will blow their own freshness into you,
and the storms their energy,
while cares will drop away from you
like the leaves of Autumn.
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John Muir.

A propósito de uma bola de cristal

 John William Waterhouse, The Crystal Ball (1902) - versão normal e versão restaurada
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O cristal é o intermediário entre o visível e o invisível, sendo um bom exemplo da união dos contrários, pois mesmo sendo material, permite ver através dele. É um símbolo da adivinhação, da sabedoria e dos poderes misteriosos. Mesmo antes de se tornar num instrumento divinatório, a bola de cristal era um objecto de veneração: os escoceses chamavam-na de pedra da vitória.
A bola de crital foi o que me encantou neste quadro que representa, provavelmente uma feiticeira. Contudo, neste quadro também há uma caveira, apagada pela cortina e que surgiu numa versão restaurada. Porque terá sido apagada? Provavelmente para afastar a conotação com a morte e a feitiçaria. A caveira é considerada o domínio da força vital do corpo e do espírito, sendo utilizada em rituais iniciáticos como símbolo da morte corporal que antecede um nível de vida superior. Mas também é considerada um homólogo da abóbada celeste, um microcosmos.
Creio que a caveira, juntamente com o livro e a luz, tal como a bola de cristal, são simbólicos do conhecimento. Mas também me fazem pensar na vanita do conhecimento, nos limites do conhecimento. Dito de outro modo, gosto muito do quadro, gosto muito de bolas de cristal, mas não sei se gostava de poder adivinhar o futuro.
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Margarida Elias.
Bibliografia utilizada: Jean Chevalier & Alain Gheerbrant (1982).

sábado, 6 de novembro de 2010

Retrato I

Edward Burne-Jones, Margaret Burne-Jones (1885-1886).
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«Nothing in the whole circle of human vanities takes stronger hold of the imagination than this affair of having a portrait painted. Yet why should it be so? The looking-glass, the polished globes of the andirons, the mirror-like water, and all other reflecting surfaces, continually present us with portraits—or, rather, ghosts—of ourselves which we glance at and straightway forget them. But we forget them only because they vanish. It is the idea of duration—of earthly immortality—that gives such a mysterious interest to our own portraits».
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Voyeurs ...

Remy Cogghe, Madame Recoit (1908, Musée d'Art et d'Industrie, Roubaix).
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«Imaginemos um mundo feito apenas de voyeurs. Em vez de ver uma cena secreta – um desvelamento íntimo, um desnudar-se -, o voyeur descobriria através do buraco da fechadura um outro voyeur com o olho numa outra fechadura; o qual estaria a ver um terceiro, também à espreita, colado a uma porta, e assim de seguida, indefinidamente. Um estrangeiro que penetrasse neste mundo e tivesse, para ver, que esconder-se, e que só visse voyeurs a verem outros voyeurs, seria rapidamente assaltado por uma ideia: que ele próprio estaria a ser visto, alvo de qualquer olhar escondido que o visse e se não mostrasse. O que prova, paradoxalmente, a reversibilidade da visão: a cena que vê o voyeur reflui sobre o seu próprio espaço, abrindo-o».
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José Gil (1994).

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bares e Cafés


Há algum tempo descobri no blogue de Alexandre Pomar a pintura de Antonio Pedrero Yéboles, Bar La Golondrina (1960, Caja España). Fascinou-me por diversas razões, mas sobretudo pelo facto de figurar o bar por dentro, pelo lado dos empregados de balcão. O espectador vê os diversos clientes, bebendo e conversando, uns alegres, uns melancólicos. Interessou-me sobretudo a figura de homem à esquerda, que enfrenta o espectador de um modo sereno, quase contente, contrastando com todas as outras figuras que nos parecem ignorar. Mesmo o outro homem que parece encarar-nos, a seu lado, aparente estar concentrado sobre si mesmo, isolando-se do espectador.
Essa pintura lembrou-me o quadro de Manet, A Bar at the Folies-Bergere (1882, Courtauld Institute Galleries) onde também se vê um café, mas o ponto de vista do espectador é diferente. À nossa frente está a empregada de balcão, ao centro e virada para nós, mas o seu olhar está perdido nos seus próprios pensamentos, transmitindo uma sensação de melancolia. - como o  cliente melancóico de La Golondrina. Entre nós e a empregada há um balcão cheio de iguarias - frutas, licores - atrás dela um grande espelho que reflecte o que estaria à sua frente: um café cheio de gente, bebendo, comendo e conversando. Curiosa é a figura de costas, do lado direito, que talvez fosse o reflexo da empregada conversando com um cliente, mas há algo na perspectiva que parece estar errado.
Na bonomia do homem de La Golondrina (um auto-retrato?) há um confronto com a multidão que o ignora e nos ignora. Na melancolia da empregada do quadro de Manet há uma sensação de solidão, mesmo que hipoteticamente estivesse a atender um cliente junto do balcão. Sendo diferentes, ambas as pinturas transmitem um sentimento de isolamento entre a multidão. Se essa intenção é provável no quadro de Manet, talvez não o fosse no de Pedrera. José Luis Cooomonte declarou, a seu propósito: «Se trata un cuadro que muestra una concelebración con el vino y las tapas».

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Criatividade

Ramon Casas, Ramón Casas y Pere Romeu en Tàndem (1897, Museu d'Art Modern, Barcelona).
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«Curiosamente, o que quer que inventemos, desde as normas da ética e do direito, passando pela música e literatura, até à ciência e tecnologia, é directamente inspirado pelas revelações da existência que a consciência nos oferece. Curiosamente, todas essas invenções vêm a ter um efeito sobre a existência, alteram-na para melhor ou para pior. Imagino um círculo de influências – existência, consciência, criatividade – e noto que o círculo se fecha».
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António Damásio (2000).

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Frutas e legumes de Novembro



Antonio de Pereda, Still Life with Walnuts (1634).
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FRUTAS: Amêndoa, Ananás dos Açores, Avelã, Banana da Madeira, Castanha, Dióspiro, Laranja, Limão, Maçã, Noz, Pêra, Quivi, Romã, Tangerina.

LEGUMES: Abóbora, Acelga, Agrião, Aipo de cabeça, Aipo de talo, Alho porro, Batata, Beldroegas, Brócolos, Cenoura, Couves, Espinafres, Funcho, Grelos, Nabiças, Nabo, Rabanete, Rábano, Repolho, Rutabaga, Salsifi.
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Novembro

Gravura de Eugène Grasset, Novembre, in Les Mois (1896, Davidson Galleries).
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The stripped and shapely
Maple grieves
The ghosts of her
Departed leaves.

The ground is hard,
As hard as stone.
The year is old,
The birds are flown.

And yet the world,
In its distress,
Displays a certain
Loveliness.
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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Auto-conhecimento I


 Johannes Gumpp, Self-portrait (1646).
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«O si autobiográfico que, neste mesmo instante, se manifesta nas nossas mentes é o produto final, não só das nossas tendências inatas e das nossas experiências de vida, mas também de uma revisão das memórias dessas experiências que está constantemente em curso sob a influência desses factores».
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António Damásio (2000).