Vaso Calcolítico de Los Milares (Almeria).
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Um dos assuntos que me tem interessado ultimamente é o dos artefactos votivos do Calcolítico. Estes artefactos são de variado tipo, ligados ao culto de divindades pré-históricas, na maioria das vezes associados ao espólio de sepulturas, como em Los Millares. Um dos símbolos que se encontra geralmente inscrito nestes artefactos, é o dos olhos solares: olhos que são círculos radiados, assemelhando-se por isso a símbolos solares. Surgem em taças, placas de xisto, ídolos e outros artefactos, ou mesmo em menires, estando talvez ligados ao antigo culto da Deusa Mãe. Seja qual for a divindade exacta a que estavam conectados, teriam certamente um carácter protector.
Outro aspecto que acho de valorizar é a maneira como através de uma tão grande economia de meios se pode transmitir tanta beleza e tanto significado. Na verdade, podemos fazer outras considerações: primeiro, que as formas mais simples podem ser carregadas de simbolismo; segundo, que a simplicidade associada à transmissão de ideias é recorrente na História da Arte e não é exclusiva da arte primitiva - veja-se, por exemplo, a arte românica; terceiro, que é certamente por se terem apercebido da beleza que se pode encontrar em formas abstractas e simples, dentro de um discurso mais conceptual do que descritivo, que a arte contemporânea (desde o início do século XX) revalorizou a arte primitiva. E, aliás, existem linguagens contemporâneas de vanguarda que estão relacionadas com a espiritualidade e o pensamento esotérico. Como afirmou Charles F. Kettering: «Inventing is the mixing of brains and materials. The more brains you use, the less materials you need».
Outro aspecto que acho de valorizar é a maneira como através de uma tão grande economia de meios se pode transmitir tanta beleza e tanto significado. Na verdade, podemos fazer outras considerações: primeiro, que as formas mais simples podem ser carregadas de simbolismo; segundo, que a simplicidade associada à transmissão de ideias é recorrente na História da Arte e não é exclusiva da arte primitiva - veja-se, por exemplo, a arte românica; terceiro, que é certamente por se terem apercebido da beleza que se pode encontrar em formas abstractas e simples, dentro de um discurso mais conceptual do que descritivo, que a arte contemporânea (desde o início do século XX) revalorizou a arte primitiva. E, aliás, existem linguagens contemporâneas de vanguarda que estão relacionadas com a espiritualidade e o pensamento esotérico. Como afirmou Charles F. Kettering: «Inventing is the mixing of brains and materials. The more brains you use, the less materials you need».
Placa de xisto (Lapa do Bujo)
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Ídolo de Extremadura (Museu Arqueológico Nacional, Madrid)
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Sobre o Cuenco de Los Millares, cf. Pilar Pardo (2006).
2 comentários:
Tão bonita esta postagem e concordo totalmente com a afirmação: «Inventing is the mixing of brains and materials. The more brains you use, the less materials you need».
A relação com a arte do ínício do século XX é brilhante!
Parabéns.
Beijinhos. :))
Ana: Muito obrigada! Bjs!
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