Paula Rego, Proles Wall (1984, CAM).
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De acordo com o texto do CAM (1910), este mural foi encomendado para a exposição comemorativa do conhecido romance de George Orwell, 1984 (1984, Camden Arts Centre, Londres). Adopta o termo «proles», usado pelo escritor britânico para designar a vasta classe desfavorecida a quem o Partido considerava «livre como os animais». O mesmo texto refere que a artista, pensando «no estado de analfabetismo que caracterizaria a classe miserável plasmou a sua vivência naquela que poderia ser a sua linguagem: o graffiti», parecendo «evocar não só as fábulas como também o universo não domesticado da Arte Bruta, em particular o sobre-povoamento e a restrição cromática característicos de algumas obras de Jean Dubuffet (1901-1985)».
Gosto desta explicação, apesar de que, quando vi pela primeira vez este mural, me tenha lembrado sobretudo da banda desenhada - sendo ainda uma das obras de que mais gosto de Paula Rego.
A escolha desta pintura vem a propósito do facto de me sentir incomodada com a questão de se falar agora de acabar com a Fundação Paula Rego, entre várias razões porque me incomoda a falta de interesse pela cultura. Por isso deixo aqui quatro citações que me parece que têm a ver com a situação actual:
Sobre a criatividade: «The past is of no importance. The present is of no importance. It is with the future that we have to deal. For the past is what man should not have been. The present is what man ought not to be. The future is what artists are» - Oscar Wilde.
Contudo, porque gosto do passado, talvez prefira esta: «The past is not dead, it is living in us, and will be alive in the future which we are now helping to make» - William Morris.
Ou esta: «During the Second World War, Winston Churchill’s finance minister said Britain should cut arts funding to support the war effort. Churchill’s response: “Then what are we fighting for?”».
Ou, por fim, esta: «O orgulho dos que não podem construir é destruir» - Alexandre Dumas, «As Tumnbas de Saint-Denis», in Contos Espantosos, Diário de Notícias - Rosto Editora, 2011, p. 5.
4 comentários:
Vao acabar com a Fundacao Paula Rego??? Nao sabia. Mas que pena!!
O Churchill tinha toda a razao no que afirmava! Entao vamos lutar pelo que?
Estas noticias sao sempre tristes e irritantes. Vou ver o link.
Beijinhos!
Em Portugal a cultura é geralmente castigada... Bjs!
Também não sabia, Margarida!:))
Tenho andado um pouco longe das notícias e dos jornais.
É absolutamente inacreditável!!!
Beijinho e muito grata pela visita e comentários. :))
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