Capitel Românico com sereias e peixe (século XIII, Museu de Alberto Sampaio -
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«Todos os seres circulam uns nos outros, por conseguinte todas as espécies… tudo está num fluxo perpétuo… Todo o animal é mais ou menos homem; todo o mineral é mais ou menos planta; toda a planta é mais ou menos animal. Não há nada de preciso no que respeita a natureza…»
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Denis Diderot,
Citado por Cátia Mourão (2008 -
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John William Waterhouse,
A Mermaid (1900 -
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Inicialmente, julgava-se que as sereias eram metade humanas, metade aves. Contudo, no período tardio da Antiguidade Clássica, passaram a ser concebidas como metade humanas, metade peixe, ou, como escreveu Cátia Mourão, «o hibridismo zoomórfico passeriforme começou a ceder lugar ao ictioforme». Esta historiadora, na sua tese de Douramento (2008), verificou que esta alteração poderá ser devida ao facto de se considerar que o deus fluvial Aqueloo era comummente considerado como o pai das sereias. Para além disso, a mesma historiadora notava que todos os autores antigos referiam que as sereias «viviam num meio ligado à água e que tinham nesta o seu campo de actuação principal». Existe também a possibilidade, levantada na mesma investigação, de ter existido uma contaminação iconográfica com outras divindades gregas e sírias. Foi na Idade Média que se deu a transformação definitiva das sereias em «híbridos antropo-ictiomórficos», surgindo dessa forma em iluminuras e capitéis esculpidos, tal como no da Catedral de Sainte Eulalie d'Elne, em França, datado do Séc. XI. Embora fossem criaturas de conotação negativa, com o tempo, passaram a ser entendidas cada vez mais como seres pacíficos e de conotação positiva, verdadeiros elos de ligação entre a humanidade e a vida marinha.
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Edmund Dulac,
The Mermaid - The Prince (1911 -
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«The Sea King had been a widower for many years, and his aged mother kept house for him. (...) She was, however, deserving of very great praise, especially for her care of the little sea-princesses, her grand-daughters. They were six beautiful children; but the youngest was the prettiest of them all; her skin was as clear and delicate as a rose-leaf, and her eyes as blue as the deepest sea; but, like all the others, she had no feet, and her body ended in a fish's tail. All day long they played in the great halls of the castle, or among the living flowers that grew out of the walls. (...) Outside the castle there was a beautiful garden (..). Each of the young princesses had a little plot of ground in the garden, where she might dig and plant as she pleased. One arranged her flower-bed into the form of a whale; another thought it better to make hers like the figure of a little mermaid; but that of the youngest was round like the sun, and contained flowers as red as his rays at sunset. She was a strange child, quiet and thoughtful; and while her sisters would be delighted with the wonderful things which they obtained from the wrecks of vessels, she cared for nothing but her pretty red flowers, like the sun, excepting a beautiful marble statue. It was the representation of a handsome boy, carved out of pure white stone, which had fallen to the bottom of the sea from a wreck. (...)»
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Hans Christian Andersen,
The Little Mermaid (1837 - Link)
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Rene Lalique,
Sea Girl Statuette (1919 -
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«Com muito cuidado para não fazer barulho levantou-se e pôs-se a espreitar escondido entre duas pedras. E viu um grande polvo a rir, um caranguejo a rir, um peixe a rir e uma menina muito pequenina a rir também. A menina, que devia medir um palmo de altura, tinha cabelos verdes, olhos roxos e um vestido feito de algas encarnadas. E estavam os quatro numa poça de água muito limpa e transparente toda rodeada de anémonas. E nadavam e riam».
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Sophia de Mello Breyner Andresen,
A Menina do Mar (1958 -
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Bibl. Cátia Mourão, AVTEM NON SVNT RERVM NATVRA, Figurações heteromórficas em mosaicos hispano-romanos, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte da Antiguidade, 2010.