Espelho de fechadura (séc. XVII ?, Museu de Aveiro)
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Poema do coração
Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".
Mas o meu coração é como o dos compêndios.
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue ao circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.
Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.
Então, meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?
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Joana Vasconcelos, Coração Independente Vermelho (2005).
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(Link)
5 comentários:
Gostei.
Boa noite!
Que post giro, Margarida! Feito por um coração grande...;-)
Muitos beijinhos!
APS e Sandra: Muito agradecida, de todo o coração! :))
Adorei, Margarida-
A fechadura foi para mim a maior revelação.
Bom fim de semana. :))
Para mim, a maior revelação foi o relho. Muitos beijinhos!
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