quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Fluir

Theodore Wendel, Bridge at Ipswich (c. 1905, Museum of Fine Arts, Boston)
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«(…) Peter has larned the difficult animal skill of doing nothing. He’s learned to unshackle himself from the race of time and contemplate time itself. As far as he can tell, that’s what Odo spends most of his time doing: being in time, like one sits by a river, watching the water go by. It’s a lesson hard learned, just to sit there and be. At first he yearned for distractions. He would absent himself in memories (…). But he’s getting better at being in a state of illuminated, sitting-by-a-river repose (…)». 
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Yann Martel, The High Mountains of Portugal, Edinburgh Canongate Books, 2016, p. 300.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Mark Rothko (1903-1970)

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Mais um Balança de que gosto muito, nascido a 25 de Setembro de 1903.
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«The progression of a painter's work, as it travels in time from point to point, will be toward clarity: toward the elimination of all obstacles between the painter and the idea, and between the idea and the observer. (...) To achieve this clarity is, inevitably, to be understood».
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Tiger’s Eye, Vol. 1, no 9, October 1949 - citado in Abstract Expressionism Creators and Critics, ed. Clifford Ross, Abrams Publishers New York 1990, p. 170.
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N.º 11 (1963)
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«I am not an abstractionist... I am not interested in the relationships of color or form or anything else... I'm interested only in expressing basic human emotions — tragedy, ecstasy, doom and so on — and the fact that a lot of people break down and cry when confronted with my pictures show that I communicate those basic human emotions... The people who weep before my pictures are having the same religious experience I had when I painted them. And if you, as you say, are moved only by their color relationships, then you miss the point!»
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In Conversations with Artists, Selden Rodman, New York Devin-Adair 1957. p. 93. Reimpresso in 'Notes from a conversation with Selden Rodman, 1956', in Writings on Art: Mark Rothko (2006) ed. Miguel López-Remiro p. 119.
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Green on Blue (1968)
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«A painting is not a picture of an experience; it is an experience».
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'Mark Rothko', Dorothy Seiberling in LIFE magazine (16 de Novembro de 1959), p. 82.
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Rothko Chapel (1964-1967)

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Adolf Fényes

Poppy-seed Cake (1910, Hungarian National Gallery, Budapeste)
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Adolf Fényes (1867–1945) foi um pintor húngaro, que só agora descobri. Sendo contemporâneo dos nossos pintores do Naturalismo, a sua obra, do que pude apurar, integra-se também no Naturalismo, nomeadamente pelos temas paisagistas e campestres. A sua obra tem uma maior modernidade, aproximando-se do Impressionismo, nomeadamente ao nível da mancha (simples e larga) e das cores (em geral mais abertas, após 1903). Escolho aqui algumas das obras dele, entre as que me despertaram maior interesse. Para saber um pouco sobre este artista, cf. The Yivo Encyclopedia of Jews in Eastern Europe.
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Brother and Sister (1906, Hungarian National Gallery, Budapest)
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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Café e Donut

Ralph Goings, Coffee and Donut (2005)
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Outro dia, sonhei com uma natureza morta hiper-realista, figurando um café e um donut - tinha também outros elementos, como páginas de jornal. 
Achei curioso, porque a melhor explicação que encontro, é que abriu há pouco tempo, na Av. de Paris, a The Coffee Library - que por acaso tem donuts bem bons, até para mim, que não sou apreciadora deste bolo. Passando a publicidade, porque não ganho nada com isso (nem um donut!), gostei muito do espaço, até porque tem lá livros que se podem ler e levar emprestados. 
Rematando, ficam mais umas obras de arte com donuts. Nenhuma delas é a pintura com que eu sonhei - as que andam mais perto são as de Ralph Goings.
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Scott Moore, Coffee and Donuts
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Wayne Thiebaud, Three Donuts (1994)
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Kenny Scharf, Cosmic Donut (2008)
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Peter Anton, Boxed Daughnuts (2011)

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Lisboa vista por estrangeiros

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«(…) He and Clara visited Lisbon once. He loved the tiled houses, the luxurient gardens, the hills, the streets of rundown European charm. The city fell like a late-summer evening, a mix of soft light, nostalgia, and slight boredom (…)».
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Yann Martel, The High Mountains of Portugal, Edinburgh Canongate Books, 2016, p. 239.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Discutir

Édouard Vuillard, The Discussion (1897-1899)
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«As discussões sérias e críticas são sempre difíceis. Nelas entram sempre elementos não racionais, tais como os problemas pessoais».
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Karl R. Popper, O Mito do contexto: em defesa da ciência e da racionalidade, Lisboa, Edições 70, LDA, 1999, p. 67, citado in Susete Marisa Fernande Machado, O espaço das mulheres na arquitectura, Escola Superior Gallaecia, 2011 (Dissertação de Mestrado), p. 15.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Ontem como hoje - Figueira da Foz

Artigo de Valle Sousa sobre «A Figueira da Foz», na revista Branco e Negro, 13 de Setembro de 1896:
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Vista da praia e da baía de Buarcos
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«A Figueira é uma praia esplendida, unica, inapreciavel.
Ante a vista do observador que divaga pela praia desenrola se em toda a sua magestade o espectaculo do céo e do mar, o grande elemento que no dizer de Lacepéde tem a unidade e a diversidade que dão o bello; a grandeza e a simplicidade que formam o sublime; o poderio e a imensidade que infundem respeito.
A praia, vastissima, tem a forma de uma grande concha, revestida de branca e finissima areia (...).
A um lado trepa encosta arriba a vetusta e pittoresca villa de Buarcos com a sua ridente casaria (...); n'uma pequena eminencia ao cimo d'uma encosta ingreme e pittoresca eleva se a risonha capellinha de Nossa Senhora da Encarnação, com festa a 8 de Setembro (...).
A outro lado ergue-se o velho forte de Santa Catharina (...).

Forte de Santa Catarina

«Nos mezes de agosto e setembro a Figueira principia a sua epocha de florescencia, assumindo um aspecto extraordinario de animação; predominando o elemento hespanhol que envergando os seus trajos tradicionaes imprime uma nota alegre á cidade, dando-lhe o aspecto d'uma cidade andaluza (...).
A vida corre alegre e despreoccupada entre a praia e os Casinos, duas casas magnificas podendo hombrear com as melhores no seu genero.
A cidade da Figueira (...) foi levada á cathegoria de villa por decreto de D. José I, de 12 de março de 1771, e á de cidade ha pouco mais ou menos d'uma dezena d'annos. É hoje uma cidade esplendida, plena de actividade, e aformoseada com magnificas praças, ruas e bellos edificios tanto privados como publicos (...).
Como já dissémos os casinos da Figueira, o Mondego e o Peninsular, são duas magnificas e elegantes casas de recreio (...).

O novo mercado e passeio Infante D. Henrique

Outro melhoramento importante, de ha poucos annos, é o novo mercado (...). Defronta com o Passeio do Infante D. Henrique, um bello largo que se acha ajardinado.
Na Figueira ainda em construcção os Paços do Concelho que devem ficar um edifício de primeira ordem.
Não terminaremos esta breve resenha sem prestar vehemente homenagem a dois estabelecimentos que a Figueira se orgulha de possuir; um d'elles é o Museu Municipal, riquissima collecção de objectos devido aos esforços do sr. dr. Antonio dos Santos Rocha; outro a escola industrial Bernardino Machado (...). Ambos os estabelecimentos se encontram installados provisoriamente no Paço dos Condes da Figueira.
Eis em dois traços uma ligeira noticia ácerca d'esta praia que é a primeira de Portugal (...)».

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Em memória de João Matos e Silva (meu tio) que faria hoje anos

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Fica aqui uma pequena selecção dos seus poemas:
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Momento XV (1968)

Revejo-me num espelho sem contorno,
Sem nada.
O mar silencioso dá-me sempre igual
Uma alma inacabada.
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Corrente (1972)

Uma corrente é sempre uma constante.
Imensidade ligada de infinito.
esta corrente me prende e perpetua.
Inserto nesse espaço eu sou um elo
da corrente que em mim se continua.
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Quando o tempo vier (1976)

Quando o tempo vier
que seja apenas mar.
Que se abram em flor
os rios rasgando o vento.
Quando o tempo vier
(que venha breve)
saiba dizer amor
em vez de guerra
saiba querer
a serra
em vez de mar.
E venha a tempestade
para ficar.
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Palavras de Palavras 4 (1986)

Como as palavras se excedem
nas palavras
o silêncio recolhe-se nos lábios.
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Círculos (1987)

Em círculos concêntricos secantes
se lança se relança se ultrapassa
em dança e contradança que não cessa
este estar vivo assim que a morte
espreita este estar morto assim
que a vida passa em círculos
e espirais concêntricos excêntricos
deixando do que foi memória escassa.
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(In)verso (1997)

Dizemos as palavras rigorosas
nos instantes concretos rigorosos
e somos tantas vezes - em tantas vozes
- o inverso do verso que escrevemos.
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Noivado (2003)

Estão de branco as salinas
e noivam assim puras
com a terra.
O mar na despedida
da emoção
tece de espuma grinaldas
deixadas por pudor
sobre as areias.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Tempo

Telemaco Signorini, September Morning in Settignano (c. 1891, Galleria dell'Arte Moderna, Palazzo Pitti, Florença)
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«(…) Already yesterday he noticed how the world is a timepiece. Birds announce dawn and dusk. Insects chime in further – the shrill cries of cicadas, like dentist’s drill, the frog-like warbling of crickets, among others. The church's bell also portions up the day helpfully. And finally the earth itself is a spinning clock, to each quadrant of hours a quality of light (…)».
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Yann Martel, The High Mountains of Portugal, Edinburgh Canongate Books, 2016, p. 285.
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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Cultura

Mãos entrelaçadas (Séc. III, Museu Nacional de Arqueologia)
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«A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem.»
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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Histórias

Com um grande agradecimento à Paula e ao Rui: gostei muito do livro.
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«(…) A story is a wedding in which we listeners are the groom watching the bride coming up the aisle. It is together, in an act of imaginary consummation, that the story is born. This act wholly involves us, as any marriage would, and just as no marriage is exactly the same as another, so each of us interprets a story differently, feels for it differently (…). Stories benefit the human mind (…)». 
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Yann Martel, The High Mountains of Portugal, Edinburgh, Canongate Books, 2016, p. 155.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Acreditar

Odeith, Chase your Dreams (2015)
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“Believe something and the Universe is on its way to being changed. Because you've changed, by believing. Once you've changed, other things start to follow. Isn't that the way it works?”
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Diane Duane, So You Want to Be a Wizard (in The Dutchess).

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Miosótis para Setembro

Jean Bourdichon, Horae ad usum Romanum, dites Grandes Heures d'Anne de Bretagne, folio 29v (detalhe) (1505-1510, © Gallica)
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Jan van Kessel the elder, Insects (The Fitzwilliam Museum)
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Pierre Joseph Redouté, Myosotis scorpioides (1827)
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Louis Valtat, Bouquet de myosotis
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Alexandre Dang, Champ de Myosotis Solaires Dansants (instalação nas Serres Royales de Laeken, Bruxelles, 2009)
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Gabriel Schachinger, Forget-me-not (1886)
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