terça-feira, 20 de novembro de 2018

Do Paço de Xabregas

Francisco de Holanda, Da fábrica que falece à cidade de Lisboa (1571)
-
«(...) Lembra me que El Rey vosso Avo de bem aventurada Memoria depois de muito Tempo Andar em Evora e Almeirim e noutras partes finalmente determinou de se aposentar em Lysboa. E para isto fazer escolheo o sityo de Emxobregas entre Aqueles Dous Devotos Moesteiros, polo mais escolhido e mais livre lugar e da milhor vista que ha em Lisboa. E que começou Huns Paços os milhores de Portugal (...) que por sua Morte não ficaraõ acabados. (...) E vejo que V. A. não tem casas em Lysboa Dinas de sua pessoa, por onde Hora mora na Ribeira, Hora nos Estaós, Hora em (...) sem ter onde Reclinar a cabeça nesta grande Cidade: que avia de ser como Domiçilio seum, E como Huã cadeira ou Almofada, onde viesse Descanssar E Recolhersse das Importunas calmas Dalmerim E Salvaterra, E tambem das Trovoadas E Invernos da serra de Syntra (...). E acabe V. A. os Paços denxobregras que tem milhor Sytio e mais Real que todos os outros de Lysboa e fora das Importunações della. Entre Dous Moesteiros Nobelissimos Principalmente o da Madre de DEOS, com lhe nacer a Aurora E o Sol com os Primeiros Rayos sobre o Mar do meo Dia e sobre o Ryo Tejo com as barcas, E com ortas e Jardins da parte do Norte  (...)».
-
Francisco de Holanda, Da fábrica que falece à cidade de Lisboa, 1571. In Jorge Segurado, Francisco d'Ollanda, Lisboa, Edições Excelsior, 1970, pp. 93-98.

3 comentários:

APS disse...

Estes textos antigos, como este de Francisco de Holanda, que a Margarida transcreveu, têm sempre um casticismo aconchegante que ilumina (ou aquece) a leitura..:-)
Uma boa tarde.

MR disse...

Um belíssimo desenho de Francisco de Holanda.
Sobre o local do Paço de Xabregas foi erigido o Convento de Xabregas, onde hoje se encontra, desde há uns anos, o Instituto do Emprego e Formação Profissional. O Teatro Ibérico instalou-se na antiga igreja.
Bom dia!

Margarida Elias disse...

APS - Estes textos têm detalhes deliciosos. Bom dia!

MR - É uma pena que D. Sebastião não tivesse seguido os conselhos de Francisco de Holanda. Bom dia!