quinta-feira, 4 de julho de 2019

Do orientalismo oitocentista

Sala Árabe, Palácio da Pena (site Experitour.com)
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«Ao entrarmos nesta sala, somos convidados a observar o excepcional trabalho de "trompe l'oeil", representando o interior de um palácio árabe.
Mas que palácio será este? Olhando sobre as janelas desta dependência, aparece-nos tanto na primeira como na segunda, o nosso Palácio da Pena, quer pintado de nascente, quer de poente.
A resposta à questão levantada anteriormente está logicamente dada: o interior deste belo Palácio árabe é o Palácio da Pena.
Neste sentido se poderá entender um dos aspectos mais significativos do romântico: este imenso, infinito gosto pelo "exótico", pelo "orientalismo" e pelo "extravagante".
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Em suma, o ambiente denso desta dependência evoca voluntariamente que o exotismo não é mais que a leve fuga duma moral inflexível do século XIX.
De igual modo, o orientalismo funciona, como escape saudável do imaginário de uma sociedade vitoriana.
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Por outro lado o "dandy" da época, toma o gosto pelas viagens ao Egipto, norte de África e até Médio Oriente. Vários pintores viajavam por essas paragens e o "elegante" sente-se exuberantemente fascinado por novas civilizações que se lhe deparam. O próprio Rei visita Tânger em 1856.
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Finalmente, o lustre e os apliques são de faiança branca - marfim, duma das melhores séries de Meissen. Este, é mais um exemplo, de como o gosto europeu se misturava com o orientalismo e o gosto islâmico, sem conflitos ou choques para a mentalidade da época».
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José Manuel Carneiro, «Caminhos do Romantismo», in Romantismo, Sintra nos Itinerários de um Movimento, Sintra, Instituto de Sintra, 1988, p. 82-83.
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Detalhes da pintura decorativa de Paulo Pizzi (pintura de 1854, site Lisboa.360º)

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