sábado, 31 de agosto de 2013

Histórias

John Sloan, Young Girl Reading (1917 - via Still Life Quick Art)
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«Stories you read when you’re the right age never quite leave you. You may forget who wrote them or what the story was called. Sometimes you’ll forget precisely what happened, but if a story touches you it will stay with you, haunting the places in your mind that you rarely ever visit.»
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Neil Gaiman, M is for Magic (via Yay Kid Lit)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Continuando com «A Bela e o Monstro»

Walter Crane (1874 - Link)
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De acordo com a Wikipedia (Link), A Bela e o Monstro é um conto de fadas francês, escrito originalmente por Gabrielle-Suzanne Barbot, Dama de Villeneuve, em 1740, que se tornou mais conhecido na versão de 1756, escrita por Jeanne-Marie LePrince de Beaumont, publicada no Magasin des enfants, ou dialogues entre une sage gouvernante et plusieurs de ses élèves
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Anne Anderson (Link)
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Não irei contar esta história, sobejamente conhecida, mas é interessante nalguns pontos em comum com a história de Cupido e Psiche, nomeadamente do casamento de uma mulher bela com um monstro e este ser, na verdade, um príncipe muito belo. 
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Errol le Cain (Link)
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No caso do conto infantil ele estava apenas debaixo de um encantamento que se quebrou quando Bela aceitou casar com ele. Em ambas as histórias a mulher, Psiche / Bela, é castigada por seguir os conselhos das irmãs invejosas - no primeiro caso, desobedecendo à ordem de não procurar ver o rosto do suposto monstro; no segundo caso, não acatando o pedido de regressar depressa ao castelo, depois de uma visita às irmãs, e demorando tanto tempo que o monstro quase morre de desgosto.
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Eleanor Vere Boyle (Link)
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O meu mito prefetido: Cupido e Psiche

Edward Burne-Jones, Psyche's wedding (1895, Royal Museums of Fine Arts of Belgium - Link)
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A história é narrada no Asno de Ouro de Apuleio, que eu descobri há muito tempo no livro 15 Lendas da Mitologia (Verbo, 1972). Psiche era a mulher mais bela do mundo e invejada por Vénus. Num oráculo a deusa ordenava que ela fosse levada ao topo de uma montanha, onde se deveria casar com um monstro. Cupido, filho de Vénus, fora enviado para matá-la, mas apaixonou-se por ela e escondeu-a no seu castelo. Nesse castelo foi ordenado a Psiche que nunca tentasse ver o rosto do seu marido, o qual ia ter com ela durante a noite. As irmãs de Psiche convenceram-na a ver o rosto do marido e ela, durante a noite, conseguiu vê-lo com o auxílio de uma vela. Cupido acordou irado e Psiche foi banida do castelo, oferecendo-se como escrava no templo de Vénus. A deusa, vingativa, deu-lhe tarefas impossíveis, uma das quais a deixou à beira da morte. Para a salvar, Cupido implorou a Júpiter que a tornasse imortal e os dois voltaram a unir-se, desta vez para sempre.
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Wkipedia - Link
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Aprecio muito desta história e julgo que tem semelhanças interessantes com duas histórias populares infantis: A Bela e o Monstro e Príncipe Urso Doce de Laranja. Para ajudar à minha simpatia por este mito, em minha casa existia uma miniatura da escultura de Canova, que era uma das minhas predilecções.

(Link)

Do casamento

Jan Bruegel (o Velho), Wedding banquet (Museo del Prado, Madrid - Link
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Jan SteenA Village Wedding (1653, Museum Boymans van Beuningen, Rotterdam - Link)
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William Hogarth, The Wedding of Stephen Beckingham & Mary Cox (1729-30, Metropolitan Museum of Art, New York - Link)
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Konstantin Makovsky, Preparing for the wedding (1884 - Link)
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Johann HamzaThe Wedding (Link)
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Kasimir MalevichThe wedding (1907)
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Marc Chagall, The Three Candles (1938-40 - Link)
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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Um poema que só descobri recentemente

(Link)
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As Fadas

As fadas... eu creio n'ellas!
Umas são moças e bellas,
Outras, velhas de pasmar...
Umas vivem nos rochedos,
Outras, pelos arvoredos,
Outras, á beira do mar...

Algumas em fonte fria
Escondem-se, emquanto é dia,
Sáem só ao escurecer...
Outras, debaixo da terra,
Nas grutas verdes da serra,
É que se vão esconder...

O vestir... são taes riquezas,
Que rainhas, nem princezas
Nenhuma assim se vestiu!
Porque as riquezas das fadas
São sabidas, celebradas
Por toda a gente que as viu...

Quando a noite é clara e amena
E a lua vae mais serena,
Qualquer as póde espreitar,
Fazendo roda, occupadas
Em dobar suas meadas
De ouro e de prata, ao luar.

O luar é os seus amores!
Sentadinhas entre as flores
Horas se ficam sem fim,
Cantando suas cantigas,
Fiando suas estrigas,
Em roca de oiro e marfim.

Eu sei os nomes d'algumas:
Viviana ama as espumas
Das ondas nos areaes,
Vive junto ao mar, sósinha,
Mas costuma ser madrinha
Nos baptisados reaes.

Morgana é muito enganosa;
Ás vezes, moça e formosa,
E outras, velha, a rir, a rir...
Ora festiva, ora grave,
E vôa como uma ave,
Se a gente lhe quer bulir.

Que direi de Melusina?
De Titania, a pequenina,
Que dorme sobre um jasmim?
De cem outras, cuja gloria
Enche as paginas da historia
Dos reinos de el-rei Merlin?

Umas tem mando nos áres;
Outras, na terra, nos mares;
E todas trazem na mão
Aquella vara famosa,
A vara maravilhosa,
A varinha do condão.

O que ellas querem, n'um pronto,
Fez-se alli! parece um conto...
Mesmo de fadas... eu sei!
São condões que dão á gente,
Ou dinheiro reluzente
Ou joias, que nem um rei!

A mais pobre creancinha
Se quiz ser sua madrinha,
Uma fada... ai, que feliz!
São palacios, n'um momento...
Belleza, que é um portento...
Riqueza, que nem se diz...

Ou então, prendas, talento,
Sciencia, discernimento,
Graças, chiste, discrição...
Vê-se o pobre innocentinho
Feito um sabio, um adivinho,
Que aos mais sabios vae á mão!

Mas, com tudo isto, as fadas
São muito desconfiadas;
Quem as vê não hade rir.
Querem ellas que as respeitem,
E não gostam que as espreitem,
Nem se lhes hade mentir.

Quem as offende... Cautela!
A mais risonha, a mais bella,
Torna-se logo tão má,
Tão cruel, tão vingativa!
É inimiga aggressiva,
É serpente que alli está!

E têm vinganças terriveis!
Semeiam cousas horriveis,
Que nascem logo no chão...
Linguas de fogo que estalam!
Sapos com azas, que falam!
Um anão preto! um dragão!

Ou deitam sortes na gente...
O nariz faz-se serpente,
A dar pulos, a crescer...
É-se morcego ou veado...
E anda-se assim encantado,
Emquanto a fada quizer!

Por isso quem por estradas
Fôr, de noite, e vir as fadas
Nos altos mirando o céo,
Deve com geito falar-lhes
Muito cortez e tirar-lhes
Até ao chão o chapéo.

Porque a fortuna da gente
Está ás vezes sómente
N'uma palavra que diz;
Por uma palavra, engraça
Uma fada com quem passa,
E torna-o logo feliz.

Quantas vezes, já deitado,
Mas sem somno, inda acordado,
Me ponho a considerar
Que condão eu pediria,
Se uma fada, um bello dia,
Me quizesse a mim fadar...

O que seria? um thesouro?
Um reino? um vestido de ouro?
Ou um leito de marfim?
Ou um palacio encantado,
Com seu lago prateado
E com pavões no jardim?

Ou podia, se eu quizesse,
Pedir tambem que me désse
Um condão, para falar
A lingua dos passarinhos,
Que conversam nos seus ninhos...
Ou então, saber voar!

Oh, se esta noite, sonhando,
Alguma fada, engraçando
Commigo (podia ser!)
Me tocasse da varinha,
E fosse minha madrinha
Mesmo a dormir, sem a vêr...

E que ámanhã acordasse
E me achasse... eu sei? me achasse
Feito um principe, um emir!...
Até já, imaginando,
Se estão meus olhos fechando...
Deixa-me já, já dormir!

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Antero de Quental (Link)
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(Link)

Jardim Zoológico de Lisboa

Fui ao Jardim Zoológico de Lisboa, o que me trouxe várias alegrias, descobertas, recordações e reflexões. De acordo com a informação na Wikipédia, o Zoo foi inaugurado em 1884, sendo as suas primitivas instalações no Parque de São Sebastião da Pedreira, vindo a serem transferidas em 1894 para os terrenos de Palhavã, onde hoje se situa a Fundação Calouste Gulbenkian. Mais tarde, em 1905, o Jardim Zoológico foi transferido para a sua actual localização, na Quinta das Laranjeiras, em Sete Rios.
O que já sabia é que em 1912 o Jardim Zoológico pediu a colaboração do arquitecto Raul Lino para projectar instalações para os animais. Mas só ontem reparei no busto de Emygdio da Silva, que foi presidente da administração. Tendo ele sido amigo de Columbano, aliás como o Raul Lino, fiquei admirada, por nunca ter notado no busto.

Um koala

Uma suricata

 Uma girafa

Um elefante

 
Flamingos

 
Um orangotango

Pela primeira vez, vi o espectáculo dos golfinhos (iniciado em 1995), de que gostei imenso. Nessa altura pensei, que o Zoo modernizou-se, porque tinha de ser - dificilmente poderia manter-se com as características do zoo antigo, que eu ainda conheci. O novo tem muitas atracções interessantes, de que destaco o okapi, um bicho que parece um cruzamento entre uma zebra, uma girafa e um veado.

Gostei de ver que tudo estava bem cuidado e o jardim estava cheio, mesmo num dia de semana - o que é muito bom porque é preciso bastante dinheiro para um espaço como este. Mas tive saudades do elefante a tocar o sino e de histórias de macacos a roubar chapéus às pessoas...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Com o mês de Agosto quase a acabar...

Irmãos Limbourg, Les très riches heures du Duc de Berry: Aout (1412-16, Musée Condé, Chantilly - Link)
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Oficina de Simon Bening, Calendário (mês de Agosto) (1530 d.C. - 1534 d.C., Museu Nacional de Arte Antiga - Link)
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Cosmè Tura, Allegory of August: Triumph of Ceres (1476-1484, Palazzo Schifanoia, Ferrara - Link)
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Francisco da Silva, Julho, Agosto (1731, Museu de Évora - Link)
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Alfred Sisley, An August Afternoon near Veneux (1881 - Link)

Figos

Baltazar Gomes Figueira, Natureza morta com figos e uvas (Museu de Évora - Link)
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Michelangelo di Campidoglio, Still Life with Grapes, Figs and Marrow (Museu Nacional de arte da Catalunha - Link)
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Juan van der Hamen, Still Life with Artichokes, Figs, and Apples (1627 - Link)
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Luis Menéndez, Still-Life with Figs (Musée du Louvre, Paris - Link)
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Rafael Bordalo Pinheiro, Floreira (Museu da Cerâmica - Link)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dos barcos

Herbert Barnard John Everett, The ‘Cutty Sark’, Bow View (Link)
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«(...) comigo os barcos não sofrem quando vão para o desmantelamento, porque, enquanto espero pela maré cheia, falo com eles, falo-lhes de todos os portos que tocaram, de todas as línguas que ouviram, de todos os marinheiros, de todas as bandeiras. Os barcos são animais nobres e chegam conformados ao paraíso do trabalho».
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Luís Sepúlveda, As Rosas de Atacama, Edições Asa, p. 23.

Obras de Santa Engrácia










Fotografias do Panteão Nacional, em Lisboa (2013)

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Vamos-te construindo com mãos a tremer
e pomos, em torre, átomo sobre átomo
Mas quem pode concluir-te, 
Catedral?

O que é Roma?
Desmorona-se.
O que é o mundo?
Despedaça-se
antes de as tuas torres terem cúpulas,
antes que de milhas de mosaico
surja a tua fronte resplandecente.
Mas muitas vezes em sonho
posso abarcar 
o teu espaço,
fundo, desde início
até à aresta dourada do telhado.
E vejo então: os meus sentidos
formam e constroem 
os últimos ornatos.
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Reiner Maria Rilke.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os povos que não conhecem a fundo a sua História

«Doi-me a ilha perdida, e repete-me que os povos que não conhecem a fundo a sua História caem facilmente nas mãos de vigaristas, de falsos profetas, e voltam a cometer os mesmos erros».
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Luís Sepúlveda, As rosas de Atacama, p. 16.
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Nota pessoal: Concordo, mas o problema é que a História é uma narrativa, uma construção feita pelos historiadores, que se baseiam em factos (documentos, testemunhos) - é certo -, mas pode ser falsificada, mitificada, usada pelos "falsos profetas" - e, nesse caso, pode ser tão perniciosa como o desconhecimento da História.

A colheita

António de Holanda (atr.), Calendário (mês de Agosto) (1517-1551, MNAA - Link)
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Silva Porto, A salmeja (1884, MNAC - Link)
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Silva Porto, Ceifeiras - Lumiar (1893, MNSR - Link)
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Sousa Pinto, A colheita do trigo em Fourchanville (1932, MNAC - Link)
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Falcão Trigoso, Azeite e pão (MNAC - Link)
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Dordio Gomes, A sesta dos ceifeiros (Alentejo) (1918, MNAC - Link)
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Azulejo (1950-1960, MNA - Link)