terça-feira, 31 de março de 2015

Arte & Magia

Edvard Munch, The Fairytale Forest (1901-1902, National Museum of Art, Architecture and Design, Oslo)
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"My first thought, as a child, was that the artist brings something into the world that didn't exist before, and that he does it without destroying something else. A kind of refutation of the conservation of matter. That still seems to me its central magic, its core of joy."
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John Updike (1932-2009), citado por Terri Windling.

sábado, 28 de março de 2015

De ontem...

“That awe, wonder and beauty promote healthier levels of cytokines suggests that the things we do to experience these emotions — a walk in nature, losing oneself in music, beholding art — has a direct influence upon health and life expectancy (...).”
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In «Looking at Art May Keep You Fit, Study Suggests» (link)
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sexta-feira, 27 de março de 2015

Da esperança

Kawase Hasui, The Pond at Benten Shrine in Shiba (Shiba Benten ike) (1929, Museum of Fine Arts, Boston)
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“Listen to the mustn'ts, child. Listen to the don'ts. Listen to the shouldn'ts, the impossibles, the won'ts. Listen to the never haves, then listen close to me... Anything can happen, child. Anything can be.”
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quarta-feira, 25 de março de 2015

Da beleza do quotidiano

(link)

(link)

Philip Webb, Burne-Jones e Morris, Marshall, Faulkner & Co., The Backgammon Players (Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque)
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«A antiga sociedade Hindu identificava a Beleza com a Verdade e com Deus, tornando um dever e um ritual a decoração do ambiente em que se vivia. Na sua religião pluriteísta havia o deus do artesanato do qual o artífice se considerava descendente, e, portanto, um indivíduo privilegiado, celebrando-lhe uma semana todos os anos.».
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Maria Helena Matos, «Problemas de Artesanato – 2 – O valor que afirma o trabalho manual», in Diário de Lisboa, 14/8/1964, p. 19.

terça-feira, 24 de março de 2015

Flores e ervinhas

Hans Hoffmann, A Small Piece of Turf (1584, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque)
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«Um dia a minha filha trouxe-me um dos códices do Leonardo da Vinci, que era a compilação das últimas palavras dele [...] Eu vi o livro e passados dias sou operada. Com aquelas drogas que dão para anestesiar, tive alucinações e sonhos. Muitas vezes nesses sonhos via o Leonardo da Vinci a fazer desenhos de flores e ervinhas selvagens. Depois da operação passada, fui-me restabelecer para Bicesse e ia cheia de vontade de desenhar. Os sonhos com o Leonardo da Vinci tinham-me aberto o apetite para aquelas flores e folhas... Desenhei, desenhei, e mais tarde, quando voltei para Lisboa, encontro o códice e, com muita curiosidade, peguei nele para o desfolhar. Não havia praticamente desenhos de flores, eram rodinhas de máquinas, coisas de engenharia! Como ele ia para o campo, entendi que ia desenhar plantas e ervas, mas no fim quem queria desenhar plantas e ervas era eu!»
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Sarah Affonso 
in Idalina Conde, «Sarah Affonso, mulher (de) artista», in Análise Social, vol. xxx (131-132), 1995 (2.°-3.°), p. 485.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Arte e Natureza

René Lalique (imagem de Sanda Foisoreana)
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“Our ability to perceive quality in nature begins, as in art, with the pretty. It expands through successive stages of the beautiful to values as yet uncaptured by language.”
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sexta-feira, 20 de março de 2015

A Primavera quase a chegar

Ohara Koson, Swallows with cherry blossom (c. 1910)
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Andorinha

Era uma andorinha branca
Que me batia à janela
e contente anunciava
que chegara a primavera,
ou era eu que sonhava?
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Eugénio de Andrade, Aquela Nuvem e Outras.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Para o Dia do Pai

João Baptista Ribeiro, Retrato do pai do artista - António José Ribeiro (c. 1812-1813, Museu Nacional de Soares dos Reis)
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António Soares dos Reis, Retrato de Manuel Soares Júnior, pai do artista (séc. XIX, Museu Nacional de Soares dos Reis)
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Columbano Bordalo Pinheiro, Retrato de Manuel Maria Bordalo Pinheiro (pai do artista) (1878, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado)
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António Monteiro Ramalho Júnior, Retrato do pai do pintor (séc. XIX, Museu Nacional de Soares dos Reis)
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Constantino Álvaro Sobral Fernandes, Retrato do pai do artista (1909, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea)

quarta-feira, 18 de março de 2015

Universo

Wladyslaw Theodore Benda, Earth, Milky Way, and Moon (c. 1918)
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Aceita o Universo

Aceita o universo 
Como to deram os deuses. 
Se os deuses te quisessem dar outro 
Ter-to-iam dado. 

Se há outras matérias e outros mundos 
Haja. 
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Alberto Caeiro, in Citador
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terça-feira, 17 de março de 2015

Silêncio



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«Science tells us that noise is unhealthy.
Even low-level noise in our cities and offices increases anxiety and interferes with brain function.
Traffic, media chatter, chirping phones, and tweeting computers damage our ability to learn and focus, increases our heart rates, blood pressure, and aggression.
But imagine if the noise wasn't just on the outside, but it was even louder inside your head.
We need quiet inside and out, to think clearly, to heal.
In our modern world, true quiet is as rare as a truly dark sky.
So when you find it, the silence reveals an unexpected beauty, just like the darkness reveals the milky way.»
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segunda-feira, 16 de março de 2015

Da arte e do fim do Inverno

Flora McLachlan, The end of Winter (link)
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«L’art naît du sentiment, c’est ce qui le rend intemporel, immortel.»
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Marc Levy, «La Prochaine Foix», 
citado por Maria Lucília Abreu, A aguarela na Arte Portuguesa, Lisboa, ACD Editores, 2008.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Da Natureza

Jan Mankes, Two Chicks with a Tin Plate (1910 - via Old Paint)
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«Pergunta, pois, aos animais e eles ensinar-te-ão,
às aves do céu e elas te hão-de instruir;
conversa com a terra e ela te res­ponderá,
e com os peixes do mar e eles te darão lições.»
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quarta-feira, 11 de março de 2015

Maravilhar-se

Alfredo Roque Gameiro, Óbidos - A Porta da Vila (in Maria Lucília de Abreu, A Aguarela na Arte Portuguesa, Lisboa, ACD Editores, 2008, p. 209)
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"The dignity of the artist lies in his duty of keeping awake the sense of wonder in the world."
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segunda-feira, 9 de março de 2015

Para o meu sogro, que é de Leiria, e faz anos hoje

Leiria - Praça Rodrigues Lobo (imagem daqui)
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Cidade Flor

Nomeou-me Leiria embaixador
Para saudar-vos nesta hora clara
..... Do mais vivo esplendor
Que jamais, até hoje se alumiara
E cedi com vaidade: pela minha
Terra, minha saudade há tantos anos
E que é da Estremadura alta rainha
E por vós dois: excelsos soberanos
Crede: Leiria é digna de visita.
Não exibe a riqueza deslumbrante
Que cega e oprime que entontece e grita
E chega a amedrontar o viandante,
Mas é..., como direi...bem comparada...
Uma Cidade-Flor! É pequenina
Mas tão airosa, amável, perfumada
Como gentil grinalda de menina.
E quanto acolhedora: - uma cidade...
(Não sei onde encontrar comparação
Que possa dar ideia da verdade...)
Vamos... uma Cidade-Coração.
- «Estranha imagem» notareis; por certo,
Mas é condão de alguns ouvir e ler
Nítido em tudo, como em livro aberto,
......Aflição ou prazer...
Assim, desde o seixinho humilde e bruto
Aos mais aparatosos arvoredos,
O coração da minha terra escuto
E entendo em seus recônditos segredos.
Se quisésseis no meu sonho acompanhar-me
Artistas milagrosos da harmonia
Ouvireis em primeiro e junto alarme
O elegante castelo de Leiria...
Depois, o brando e donairoso Lis,
Seus marachões, seus salgueirais e noras,
Os miradouros onde D. Dinis
As estrofes singelas e sonoras
Oferecia à «flor de verde pino»...
Os arcos e os balcões do burgo antigo...
Os sinos...(Um irmão em cada sino,
Tão íntimo, tão nosso, tão amigo!...)
A capelinha de onde avisto as Cortes
De Xavier Cordeiro, senhoriais...
No vento inquieto, as Fontes,
Emanações sádicas dos pinhais...
Leiria toda, enfim, de canto a canto,
Jóia de engaste lindo entre as mais lindas

Ouvireis, comigo, dizer: Quanto!
Oh! quanto nos honras! Sede bem-vindas!
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Acácio de Paiva, no blogue «Dentro de ti, Ó Leiria».

sexta-feira, 6 de março de 2015

Jane Austen ou das Mulheres, da Arte e da Educação Feminina

Marie-Denise Villers, Charlotte du Val d'Ognes (1801 - via The Metropolitan Museum of Art, New York)
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“Give a girl an education and introduce her properly into the world, and ten to one but she has the means of settling well, without further expense to anybody.”
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"(...) Do you play and sing, Miss Bennet?"
"A little."
"Oh! then—some time or other we shall be happy to hear you. Our instrument is a capital one, probably superior to——You shall try it some day. Do your sisters play and sing?"
"One of them does."
"Why did not you all learn? You ought all to have learned. The Miss Webbs all play, and their father has not so good an income as yours. Do you draw?"
"No, not at all."
"What, none of you?"
"Not one."
"That is very strange. But I suppose you had no opportunity. Your mother should have taken you to town every spring for the benefit of masters."
"My mother would have had no objection, but my father hates London."
"Has your governess left you?"
"We never had any governess."
"No governess! How was that possible? Five daughters brought up at home without a governess! I never heard of such a thing. Your mother must have been quite a slave to your education."
Elizabeth could hardly help smiling as she assured her that had not been the case.
"Then, who taught you? who attended to you? Without a governess, you must have been neglected."
"Compared with some families, I believe we were; but such of us as wished to learn never wanted the means. We were always encouraged to read, and had all the masters that were necessary. Those who chose to be idle, certainly might."
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Jane Austen, Pride and Prejudice (1813)

quarta-feira, 4 de março de 2015

Dizem que hoje é dia da Matemática

Giorgio de Chirico, The Mathematicians (1917, Museum of Modern Art, New York)
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«We could use up two Eternities in learning all that is to be learned about our own world and the thousands of nations that have arisen and flourished and vanished from it. Mathematics alone would occupy me eight million years.»
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terça-feira, 3 de março de 2015

Ler e ouvir (a 4 tempos)

I

"You're never too old, too wacky, too wild, to pick up a book and read with a child."
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Dr. Seuss (que ontem faria 110 anos)

Stephanie Graegin (via Pinterest)
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II

Descobri, a ajudar o meu filho (nos TPC), o seguinte poema, de que gostei muito:

Vozes de animais 

Palram pega e papagaio, 
E cacareja a galinha; 
Os ternos pombos arrulham, 
Geme a rola inocentinha. 

Muge a vaca, berra o touro, 
Grasna a rã, ruge o leão 
O gato mia, uiva o lobo, 
Também uiva e ladra o cão. 

Relincha o nobre cavalo, 
Os elefantes dão urros, 
A tímida ovelha bale, 
Zurrar é próprio dos burros. 

Regouga a sagaz raposa 
Bichinho muito matreiro; 
Nos ramos cantam as aves, 
Mas pia o mocho agoureiro. 

Sabem as aves ligeiras 
O canto seu variar; 
Fazem gorjeios às vezes, 
Às vezes põem-se a chilrear. 

O pardal, daninho aos campos, 
Não aprendeu a cantar: 
Como os ratos e as doninhas 
Apenas sabe chiar. 

O negro corvo crocita, 
Zune o mosquito enfadonho; 
A serpente no deserto 
Solta assobio medonho. 

Chia a lebre, grasna o pato, 
Ouvem-se os porcos grunhir; 
Libando o suco das flores, 
Costuma a abelha zumbir. 

Bramem os tigres, as onças, 
Pia, pia, o pintainho; 
Cucurita e canta o galo, 
Late e gane o cachorrinho. 

A vitelinha dá berros; 
O cordeirinho, balidos; 
O macaquinho dá guinchos, 
A criancinha vagidos. 

A fala foi dada ao homem, 
Rei dos outros animais: 
Nos versos lidos acima 
Se encontram, em pobre rima, 
As vozes dos principais. 
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III

Entre os livros da minha filha, encontrei este que também gostei imenso:

Oliver Jeffers, O Coração e a Garrafa, Lisboa, Orfeu Mini, 2010 - e que começa assim...

«Era uma vez uma menina, não muito diferente das outras,
que queria saber tudo
o que havia para saber
acerca do mundo.»



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IV

Por fim, andei durante uns dias com uma música na cabeça e não me conseguia lembrar como se chamava, até que hoje, numa conversa com a minha filha, rimando jacaré e ballet, lembrei-me: era a Dança das Horas de Ponchielli, que conheço sobretudo na versão de Walt Disney.

(para ver no Youtube)

segunda-feira, 2 de março de 2015

Aguardando a Primavera

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“Even without being believed, magic can change things. It moves invisibly through the air, dissolving the usual ways of seeing, allowing new ways to creep in, secretly, quietly, like a stray cat sliding thought the bushes.”
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Janet Taylor Lisle, Afternoon of the Elves
(A frase descobria-a no blogue Myth & Moor)