Charles Joshua Chaplin, Reflection
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I
- Eu estava num palácio e em frente de mim havia espaço, espaço, espaço. E o chão era de mármore liso e brilhante. E eu estava no fundo de uma galeria silenciosa e solitária. E contemplava o mudar das horas do dia. (...) Vi, vi, vi. Eu sou um espelho; passei toda a minha vida a ver. As imagens entraram todas dentro de mim. Vi, vi, vi. E agora estou nesta sala onde não há um lugar onde os meus olhos de vidro descansem. Oriana, tira-me daqui e põe-me em frente de uma parede branca, nua e lisa. (...)
II
- Oriana - disse o espelho -, peço-te que tires da minha frente aquela bailarina de Saxe. Estou farto de a ver o dia inteiro sempre com um pé no ar em posição de desequilíbrio. Os meus olhos de vidro não têm pálpebras. Só as noites são as minhas pálpebras. Mas durante o dia nunca posso fechar os olhos .(...)
III
- Oriana - disse o espelho -, sou, como já sabes, um espelho antiquíssimo. Há séculos que todas as meninas bonitas se põem em frente de mim para ver como são e todas querem saber se haverá no mundo alguém mais bonito do que elas. Vê-te bem. És muito bonita, mas há uma coisa muito mais bonita do que tu.
- O que é? - perguntou Oriana, ansiosamente.
- Uma parede branca, nua e lisa.
2 comentários:
Apreciei os trechos que escolheu e a tela que os acompanha.
Beijinho, Margarida.:))
Também achei engraçadas. Gosto muito de SMB. Beijinhos, Ana!
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