Para o dia de hoje, uma pequena paisagem que herdei do meu tio (João Mattos e Silva), que não sei quem é o autor (atrás diz apenas "Caramulo"); e um poema de que gosto muito, que descobri no blogue (In)Cultura:
-
Para além da curva da estrada
Para além da curva da estradaTalvez haja um poço, e talvez um castelo,E talvez apenas a continuação da estrada.Não sei nem pergunto.Enquanto vou na estrada antes da curvaSó olho para a estrada antes da curva,Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.De nada me serviria estar olhando para outro ladoE para aquilo que não vejo.Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.Se há alguém para além da curva da estrada,Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.Essa é que é a estrada para eles.Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.Por ora só sabemos que lá não estamos.Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curvaHá a estrada sem curva nenhuma.
-
Alberto Caeiro, s.d.“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994, p. 129.
2 comentários:
Boa combinação. A aguarela (?) é bonita.
Bom dia!
MR - É um óleo, bem pequeno. Bom dia!
Enviar um comentário