quinta-feira, 11 de maio de 2023

Na Avenida Almirante Reis

Eduardo Portugal, Avenida Almirante Reis (antes de 1939, Arquivo Municipal de Lisboa)
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«(…) no cimo da subida, já na nova avenida, primeiro dos Anjos, depois de D. Amélia e agora Almirante Reis, o grande prédio, tendo uma enorme palmeira com uma cobra enrolada no tronco, emblema da farmácia, propriedade do farmacêutico João Bezelga, cujas excentricidades a anedotas ainda hoje são lembradas. Era este farmacêutico autor dum livro de versos “As canções da Arada”, publicado em 1903 e dedicado ao Prof. Custódio Cabeça. Desse livro não resisto a reproduzir aqui os seus primeiros versos, de mais a mais porque têm sabor lisboeta, visto terem sido feitos a Santo António e para as festas da noite do mesmo Santo na demolida Praça da Figueira:

Milagroso Santo António
Fazei-me o milagre a mim,
Trazei-me de lá dos Céus
Um bigodinho… sim?

Não quero com grandes barbas
Causar medo à namorada,
Não quero que me confundam
Com algum ladrão de estrada.

Não quero pêra comprida
Que me assemelhe a algum bode,
Não quero mosca atrevida,
O que eu quero… é um bigode».
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Eduardo Augusto da Silva Neves, «Do Sítio do Intendente», in Olisipo, N.º 50, Abril de 1950, pp. 73-74.

2 comentários:

MR disse...

Gosto destes textos sobre locais de Lisboa.
Bom sábado!

Margarida Elias disse...

Eu também. Boa tarde!