domingo, 11 de outubro de 2009

Lisboa do Século XIX



Depois de um período de obras públicas no início do século XIX, a construção estagnou, mantendo a cidade de Lisboa com um aspecto ainda ruralizante, muito embora ela fosse o centro político do País. A sua população estacionou nos 200-220 mil habitantes, pelo que ainda não era necessária uma alteração efectiva das estruturas existentes. Não se construíram novos bairros, mas ainda assim a capital assistiu a algumas mudanças. Depois da década de 40, houve um alteamento dos prédios, com quartos e quintos andares sobre a cornija. Foi concluído o torreão poente do Terreiro do Paço e terminou-se a construção do Rossio, com as casas a Noroeste (1845) e o empedramento da praça (1849). Lisboa passou a ser iluminada a gás desde 1848 e em 1852 foi definida a estrada de circunvalação.
Os jardins desempenhavam um papel importante na vida citadina, sobretudo desde a chegada de D. Fernando II em 1836, pois foi ele quem introduziu o hábito de passear pela cidade. O local escolhido era preferencialmente o Passeio Público, mas os lisboetas também deambulavam nos jardins de São Pedro de Alcântara ou da Estrela.
Com o avançar do tempo, nomeadamente nos anos setenta, a capital do Reino tornava-se numa cidade pacífica, muito diferente daquela que fora palco de convulsões políticas e sociais em décadas anteriores. Em 1874, Ramalho Ortigão acusava Lisboa de ser «grave, escura, pesada, lúgubre». Guilherme de Azevedo afirmava em 1878 que a «Lisboa d' hoje é bem diversa já não só da Lisboa de ha dois seculos, mas também da Lisboa de ha quinze anos!». Era agora uma «pacífica cidade do nosso tempo, sem arrebatamentos no espirito e sem barricadas nas ruas». É interessante citar uma descrição de Eça de Queirós, n' O Crime do Padre Amaro, retratando Lisboa cerca de 1871. O cenário era o Largo do Loreto e a sua gente, onde todo um «mundo decrépito se movia lentamente, sob um céu lustroso de clima rico, entre garotos apregoando a lotaria e a batota pública, e rapazitos de voz plangente oferecendo o Jornal das pequenas novidades».
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Margarida Elias.

2 comentários:

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