terça-feira, 31 de maio de 2022

Pássaros

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Descobri outro dia, no Instagram, o projecto «Wings of Paradise» (2018), da Greenpeace, que achei muito interessante. Segundo esse projecto, fizeram-se 20 murais gigantes, em 20 cidades do mundo. Fazia parte de uma campanha para proteger as florestas tropicais. Deixo aqui alguns exemplos do artista Bonsai (em Geelong, Victoria, Austrália) e de Matt Sewell (em Londres), que tirei da página do Greenpeace.
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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Com votos de boa semana!

Thomas Gainsborough, The Painter's Daughters chasing a Butterfly (c. 1756, National Gallery, Londres)

sexta-feira, 27 de maio de 2022

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Parabéns APS!

Karel Rélink, The bibliophile (1902)
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Com votos de um feliz dia, muita saúde e felicidades, deixo-lhe duas imagens. A primeira é para o seu lado bibliófilo, a segunda é de um artigo do Archivo Pittoresco, sobre Guimarães (1864):

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Quinta-feira da Ascenção e Dia da Espiga

 
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A imagem é do Horto do Campo Grande. Hoje ainda não comprei porque só vi à venda num sítio onde não me dava jeito comprar. Pareceu-me haver menos gente a vender do que nos outros anos.
É feriado em alguns locais e, pelo que li, no século XIX, era também um dia de namorados: «Radioso dia de namorados... / Pelos campos, n’um alegre esvoaçar de risos, os ranchos vão, em debandada, colher as primeiras espigas e merendar á sombra das grandes arvores. (...)». 
In «O Dia da Espiga (em Quinta-feira de Ascensão)», Branco e Negro, n.º 7, 17 de Maio de 1896, p. 10.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Convento de Nossa Senhora da Penha de França

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Segundo Vilhena Barbosa (1863), a história deste edifício teve origem na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, quando um «entalhador e doirador» de Lisboa, chamado António Simões, fez uma promessa à Virgem Maria para que esta o ajudasse a regressar são e salvo. A dita promessa era de fazer «nove imagens suas de differentes invocações». «Apenas chegou a Lisboa tratou logo de cumprir a promessa (...). Chegada porém a vez de pôr nome á oitava hesitou na escolha (...), até que por conselho e instancias de um jesuita, o padre Ignacio Martins, deu-lhe a invocação de Nossa Senhora da Penha de França (...)», em memória de uma imagem com a mesma invocação, num santuário próximo de Salamanca.
A imagem foi colocada na ermida de Nossa Senhora da Victoria, «que então existia no sitio chamado Caldeiraria, no bairro de Valverde». Porém, não satisfeito, António Simões «resolveu edificar casa propria para a santa imagem, e nenhum logar lhe pareceu melhor para a fundação de uma ermida do que a coroa do monte denominado Cabeça de Alperche. Obtido consentimento do proprietario do terreno, Affonso Torres de Magalhães, começou-se a obra. No dia 25 de Março de 1597, em honra da Annunciação da Virgem, lançou-se nos alicerces a primeira pedra, na qual foi gravada a seguinte inscripção: Jesus Maria ávante». A ermida ficou pronta ao fim de um ano, sendo a imagem conduzida em procissão para o novo templo em 10 de Maio de 1598. Nesse mesmo ano deflagrou uma peste em Lisboa, levando muitos peregrinos à ermida, nomeadamente por influência dos soldados espanhóis que estavam no Castelo de São Jorge. Como a peste não terminava, «o senado de Lisboa fez voto de erigir nova capella-mór e retabulo a Nossa Senhora da Penha de França (...)», de que se fez «um assento com todas as formalidades aos 28 de janeiro de 1599, que se depositou no seu archivo, e tambem foi gravado em uma lapida, que se collocou no arco da capella-mór do referido templo». Terminada a peste, a 5 de Agosto fez-se uma procissão, que partiu de Santo António da Sé até à Penha de França, procissão essa que também fazia parte do voto, sendo feita de noite devido ao calor. A procissão repetiu-se todos os anos até 1833, ficando conhecida como procissão dos ferrolhos.
Entretanto, em 1601, António Simões fez doação da ermida e casas contíguas aos eremitas de Santo Agostinho, que deram início à fundação do convento em 1603. Nessa altura, além das obras prometidas pelo Senado, «augmentou-se e melhorou-se o corpo da egreja», sendo «encarregado das obras o architecto Theodosio de Frias». A obra foi terminada em 1625, levando-se a imagem para o novo templo com grande solenidade: «foi uma das maiores funções religiosas que Lisboa tem presenciado». Renovada a igreja em 1754, foi arruinada com o Terramoto. Em 1758, o templo estava restaurado, «pelo concurso simultaneo da munificencia del-rei D. José, do poderoso auxilio do 2.º marquez de Marialva, D. Pedro de Menezes, dos donativos dos mareantes, e dos devotos de Nossa Senhora. Tudo isto se acha commemorado em uma inscripção em latim, gravada em uma lapida, que se vê collocada na balaustrada junto á entrada do templo». Na ocasião, Pedro Alexandrino pintou os painéis das capelas da igreja, sendo os anteriores, de Bento Coelho, mudados para a sacristia. 
«Junto da sacristia ha uma casa chamada dos milagres (...). Vê-se tambem ahi um jacaré mui grande, que o povo de Lisboa e suas visinhanças admira e conhece pelo nome de lagarto da Penha de França. Diz a lenda que um peregrino que subíra áquelle monte para fazer oração á sagrada imagem, querendo descançar, já quasi no alto, se recostára e adormecêra, e que vindo sobre elle para o tragar um disforme lagarto, lhe appareceu a Virgem cercada de uma aureola de luz, e o acordára, dando-lhe animo e esforço para matar o reptil. Na parede exterior da capella-mór está representada esta lenda em um painel de azulejos».
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I. de Vilhena Barbosa, «Convento e Egreja de Nossa Senhora da Penha de França», in Archivo Pittoresco, 6.º Ano, n.º 9, 1863, pp. 69-71. O artigo completo está online in: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ArquivoP/1863/TomoVI/N09/N09_item1/P5.html

terça-feira, 24 de maio de 2022

Quinta de São Sebastião (Sintra)

Imagem do site Minumentos/Sipa (2003)
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«Construído nos últimos anos do século XVIII, o palácio da Quinta de São Sebastião ilustra bem a corrente estética que em toda a Europa já há uma dezena de anos hesita entre a velha tradição clássica e novo romantismo gótico. Com efeito, este edifício é antes de mais muito clássico. De planta quase quadrangular, (...) as grandes janelas são encimadas por outras, mais pequenas, em mezzanino, coroadas por um ático decorado com um friso. Este é no entanto muito inovador e servirá de modelo a muitas outras casas em Sintra. muito gótico, com as suas bandeiras em arco quebrado, (...) pitoresco e já romântico com as grinaldas de estilo D. Maria I, que cercam os óculos cegos.
Esta dualidade encontra-se nos salões, decorados com frescos que representam em parte paisagens e chinoiseries que lembram o estilo do pintor francês Jean Pillement, que trabalhou em Portugal. O artista, de alma viajante, calcorreou a Europa (...). Muito apreciado, a sua notoriedade é ainda mais ampliada pelas suas numerosas recolhas de gravuras "para uso de desenhadores e pintores" e pelos seus discípulos que forma em diversos locais, nomeadamente em Portugal, durante a sua última estadia, a partir de 1780». Os interiores do palácio da Quinta de São Sebastião não serão de Pillement, porque este já não estaria em Portugal, sendo talvez de um dos seus discípulos.
Cinco divisões da casa são pintadas a fresco, distinguindo-se os «dois vastos salões de tectos abobadados». Entre eles sobressai a sala de jantar, «vibrante nas suas paisagens» e o quarto de vestir com «chinoiserries». «Estas paredes, cingidas por lambris e em seguida divididas em painéis e coroadas de tectos pintados, anunciam já os primórdios do século XIX, mais confortável, mais acolchoado, cujo realismo se confunde com reminiscências literárias».
Julga-se que o fundador do palácio foi Henrique Teixeira de Sampaio, Barão de Teixeira (1818) e Conde da Póvoa (1823). Era um «homem de negócios de grande envergadura, que nessa época possui uma das mais importantes fortunas do país e que participa igualmente no financiamento das guerras peninsulares e da monarquia liberal, antes de se tornar par do reino e político de primeiro plano». A casa passou depois para Maria Luísa Sampaio de Noronha, que casou com Domingos de Sousa Holstein, segundo Duque de Palmela.
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Anne de Stoop, «Algumas Casas Românticas em Sintra», in Romantismo, Sintra nos Itinerários de um Movimento, Sintra, Instituto de Sintra, 1988, p. 230-232.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Da censura

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Fui, na semana passada, à Biblioteca Nacional, onde está uma exposição sobre livros censurados no Estado Novo. Dos que lá estavam, este foi o que mais me surpreendeu. O motivo:


sexta-feira, 20 de maio de 2022

Para o meu irmão, que faz anos hoje!

Esperando que tenhas um dia muito feliz!
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Willi Baumeister, Happy Day (1947)
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Imagem da Amazon.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

«... não enumero a todos porque me aborrece...»

Flora. Divindade itálica. Flora ou a Primavera. Fresco (Séc. I I. d. C., Castellammare di Stabia (Stabiae). Museo Archeologico Nazionale, Nápoles)
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Descobri outro dia esta frase, de Santo Agostinho, e achei-lhe muita graça. Fica aqui o contexto:

«Acharam que nem sequer deviam confiar a um só deus os trabalhos de campo mas entregaram os plainos à deusa Rusina (ms — campo), os cumes (juga) dos montes a Jugatino, as encostas (collis) à deusa Collatina, os vales a Valónia. Nem mesmo puderam reservar só para Segetia as ceifas (segetes) — mas puseram a deusa Seia a presidir às sementes, enquanto estão debaixo da terra; a deusa Segetia, quando já estão acima da terra até à ceifa; a deusa Tutilina, à conservação do grão colhido e recolhido para se conservar em segurança (tuta). A quem é que não pareceria suficiente aquela Segetia a todo o desenvolvimento da messe desde que nasce até que a espiga amadureça? Tal não bastou porém a homens amantes de uma multidão de deuses — e assim prostituíram a sua mísera alma à turba de demónios, desprezando o casto abraço do único Deus verdadeiro. Puseram por isso Prosérpina a presidir à germinação do trigo, o deus Nóduto aos gomos e nós (nodus) dos caules, a deusa Volutina ao involtório das folhas; a deusa Patelana à abertura dos folículos para que a espiga passe; a deusa Hostilina, quando as espigas vão igualando suas barbas, pois os antigos para “igualar” (aequare) usavam o verbo hostire; a deusa Flora à floração do trigo; o deus Lactumus quando está leitoso; a deusa Matuta à maturação; a deusa Runcina quando se arrancam (iruncare), isto é, quando o levam da terra. E não enumero a todos porque me aborrece o que a eles não causa vergonha». 
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Santo Agostinho, in A Cidade de Deus, Livro IV, Capítulo VIII, in Filomena Barata (2019). «As espécies vegetais de Miróbriga e a Mitologia: Referências literárias e arqueológicas». Abelterivm, Volume IV, 2019, pp. 18-19.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Árvores

Desenhos a tinta da china da minha mãe, Emília Matos e Silva:
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E um poema, que a minha mãe colocou no Facebook:

Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem.
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terça-feira, 17 de maio de 2022

Continuando com a Galeria São Mamede - Ana Pais Oliveira (n. 1982)

 Link: Galeria São Mamede.

Heavy drawing #26 (2017)

Stay Inside (2020)

Stay Inside #3 (2021)
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Link para a página da artista: Ana Pais Oliveira.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mais três árvores de fruto

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Ibn Buṭlān, al-Muẖtār ibn al-Ḥasan ibn ʿAbdūn ibn Saʿdūn, «Tacuinum sanitatis de sex rebus quae sunt neccessarie cuilibet homini ad cotidianam conservationem sanitatis suae, cum suis ratificationibus et operationibus» (1401-1500), Collection Leber. Elluchasem Elimithar, 1401-1500, fl. 2v, 7v e 8v, in Gallica.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Lisboa das 7 Colinas (I)

Georgio Braunio Agrippinate, Urbium Praecipuarum Mundi Theatrum Quintus (séc. XVI, Biblioteca da Ajuda, Lisboa)
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Escreveu Vieira da Silva, em 1945: «Os nossos escritores dos séculos XVI e XVII, no empenho de enaltecerem as belezas da cidade, e de compará-la com a capital do grande império romano, chegando a classificá-la augusta émula de Roma, imaginaram-na assente sôbre uma série de montes ou colinas, pelas quais distribuíram as freguesias da cidade. / (...). / A classificação e descrição dos montes foi feita, por aqueles escritores, mais pelo aspecto que se disfrutava do Tejo, do que pela sua rigorosa disposição ortográfica» (Silva, 1945, 3). No mesmo artigo, explicou que as primeiras colinas a serem descritas (por Cristóvão Rodrigues de Oliveira) eram apenas quatro, tendo Damião de Góis encontrado mais uma. Foi Fr. Nicolau de Oliveira (em 1620) que, para «estabelecer o paralelo da cidade com Roma» encontrou sete montes: São Vicente, Sto. André, Castelo, Sant’Ana, São Roque, Chagas e Santa Catarina. 
Vieira da Silva demonstrou então que a ideia era sobretudo poética e simbólica, mas não deixa de ter alguma graça. Como escreveu Ferreira de Andrade: «Lisboa cresceu, alargou-se, rompeu muralhas, ultrapassou vales, conquistou novos horizontes, galgou novas terras - mas continuou sempre na Literatura e na Lenda, na História e no cancioneiro popular como a cidade das sete colinas».
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A ler: A. Vieira da Silva, «As sete colinas de Lisboa», Olisipo, n.º 29, 1945, pp. 3-13; ver também: Ferreira de Andrade, «Esta Lisboa das sete colinas...», Olisipo, n.º 54, 1951, pp. 25-31.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Archibald Motley (1891-1981)

Portrait of My Grandmother (1922, National Gallery of Art, Washington)
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Descobri este pintor devido ao retrato em cima e parece ser um pintor bem interessante.
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segunda-feira, 9 de maio de 2022

Com votos de boa semana!

Félix Vallotton, La Bibliothèque (1921, Musée d’Orsay, Paris)

sexta-feira, 6 de maio de 2022

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Costa do Castelo

Machado & Souza, Costa do Castelo (1898-1908, Arquivo Municipal de Lisboa)
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«Constitui parte da antiga estr. de circunvalação que, anteriormente à conquista de Lisboa, corria a meia altura da encosta do monte do Castelo, partindo das portas de Alfofa (no cruzamento das ruas do Milagre de Santo António e S. Bartolomeu), rodeando a antiga cerca visigótica, passando a S. Lourenço e Santo André, e vindo terminar no largo das Portas do Sol. Paralelamente a ela e na base do monte corria na mesma época outra estr., que começava na Porta do Ferro (largo de Santo António da Sé) e findava na de S. Vicente (arco do Marquês de Alegrete)».
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Raul Proença, Guia de Portugal, Lisboa e Arredores, Fundação Calouste Gulbenkian, (1.ª ed. 1924), 1988, p. 276.

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Sobre a beleza

Detalhe de Concerto de Amadores, de Columbano Bordalo Pinheiro (1882, MNAC, Lisboa)
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Afirmou Ibsen: «A beleza é o acordo entre o conteúdo e a forma»*.
Ontem, depois de um colóquio onde falei sobre o Concerto de Amadores de Columbano, fiquei a pensar numa frase de D. José Pessanha: «é muito relativo e muito variável o ideal da belleza e do encanto da mulher, e nem sempre realyzam o typo clássico as figuras femininas de mestres incontestados»**.
Na altura referi que esta frase é verdadeira e basta pensar em Rubens ou Rembrandt. Mais tarde, ponderei que daria um bom tema de reflexão, o tema do ideal de beleza. Tem variado bastante ao longo do tempo, e não só ao nível da arte.
Não sei se existe um belo absoluto, em algum domínio - talvez, pelo menos na arte, seja somente o «acordo entre o conteúdo e a forma».
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*Henrik Ibsen, in Citador
** D. José Pessanha, «Columbano», in Jornal do Comércio, 21/5/1897.

terça-feira, 3 de maio de 2022

Autorretratos

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Li outro dia a seguinte frase de Jean Cocteau:
«Quer se pinte uma paisagem ou uma natureza-morta, faz-se sempre o nosso próprio retrato».*
Fez-me lembrar esta outra frase, que Columbano terá dito:
«a gente se retrata em tudo o que faz! … Passamos a vida a confessar-nos … não acha?».**
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* In Pomar Autobiografia, Assírio & Alvim, 2004.
** In Diogo de Macedo, «Columbano. Recordações», in Seara Nova, 7/12/1933.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Para o Dia do Trabalhador (que foi ontem)

Jules Breton, Repose (1867, Walters Art Museum, Baltimore)

«It's not enough to give people what they need to survive, you have to give them what they need to live».
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Ekko, in Arcane (2021).

domingo, 1 de maio de 2022