terça-feira, 24 de maio de 2022

Quinta de São Sebastião (Sintra)

Imagem do site Minumentos/Sipa (2003)
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«Construído nos últimos anos do século XVIII, o palácio da Quinta de São Sebastião ilustra bem a corrente estética que em toda a Europa já há uma dezena de anos hesita entre a velha tradição clássica e novo romantismo gótico. Com efeito, este edifício é antes de mais muito clássico. De planta quase quadrangular, (...) as grandes janelas são encimadas por outras, mais pequenas, em mezzanino, coroadas por um ático decorado com um friso. Este é no entanto muito inovador e servirá de modelo a muitas outras casas em Sintra. muito gótico, com as suas bandeiras em arco quebrado, (...) pitoresco e já romântico com as grinaldas de estilo D. Maria I, que cercam os óculos cegos.
Esta dualidade encontra-se nos salões, decorados com frescos que representam em parte paisagens e chinoiseries que lembram o estilo do pintor francês Jean Pillement, que trabalhou em Portugal. O artista, de alma viajante, calcorreou a Europa (...). Muito apreciado, a sua notoriedade é ainda mais ampliada pelas suas numerosas recolhas de gravuras "para uso de desenhadores e pintores" e pelos seus discípulos que forma em diversos locais, nomeadamente em Portugal, durante a sua última estadia, a partir de 1780». Os interiores do palácio da Quinta de São Sebastião não serão de Pillement, porque este já não estaria em Portugal, sendo talvez de um dos seus discípulos.
Cinco divisões da casa são pintadas a fresco, distinguindo-se os «dois vastos salões de tectos abobadados». Entre eles sobressai a sala de jantar, «vibrante nas suas paisagens» e o quarto de vestir com «chinoiserries». «Estas paredes, cingidas por lambris e em seguida divididas em painéis e coroadas de tectos pintados, anunciam já os primórdios do século XIX, mais confortável, mais acolchoado, cujo realismo se confunde com reminiscências literárias».
Julga-se que o fundador do palácio foi Henrique Teixeira de Sampaio, Barão de Teixeira (1818) e Conde da Póvoa (1823). Era um «homem de negócios de grande envergadura, que nessa época possui uma das mais importantes fortunas do país e que participa igualmente no financiamento das guerras peninsulares e da monarquia liberal, antes de se tornar par do reino e político de primeiro plano». A casa passou depois para Maria Luísa Sampaio de Noronha, que casou com Domingos de Sousa Holstein, segundo Duque de Palmela.
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Anne de Stoop, «Algumas Casas Românticas em Sintra», in Romantismo, Sintra nos Itinerários de um Movimento, Sintra, Instituto de Sintra, 1988, p. 230-232.

2 comentários:

MR disse...

Há muitas quintas de São Sebastião. Já percebi que esta é em Sintra.
Pena nãos e poder visitar e ver os frescos...
Bom dia!

Margarida Elias disse...

MR - Também gostaria. Boa tarde!