A expressão "pintura de género", designa a representação pictórica de cenas da vida quotidiana, cujos personagens são pessoas anónimas. Até ao séc. XVIII, o termo integrava as categorias que eram consideradas como menores da arte (les genres), mas, em 1791, Quatremère de Quincy usou a designação para descrever cenas domésticas, o que acabou por se estabelecer. Esta categoria pictural coloca em jogo a noção de realismo, que não se resume apenas à representação objectiva da realidade. O quadro de género, pelo menos antes do séc. XIX, escondia frequentemente significados alegóricos, morais ou religiosos, relacionáveis com o contexto da sua produção.
Pieter Bruegel, O Velho, The peasent dance (c. 1568, Kunsthistorisches Museum, Viena - Link)
Reportando-nos a Arte Ocidental, o tema surgiu na Antiguidade, mas creio que a sua génese está principalmente na obra dos primitivos flamengos, nomeadamente nos quadros de Bruegel, o Velho, de conteúdo moralizante.
A história da pintura de género é muito semelhante à da natureza morta, sendo também a partir de meados do séc. XVI, mas sobretudo no séc. XVII e nos Países Baixos, que se começou a desenvolver nos moldes actuais. Apesar de ter tido grande fulgor na Holanda, cedo a sua prática chegou a outros países, como, por exemplo, a França, a Espanha, a Itália e, já no séc. XVIII, a Inglaterra. De facto, em pouco tempo, esta temática ganhou domínio em toda a Europa, apesar de, segundo a hierarquia dos géneros académica, não ser muito considerada, estando próxima da cotação da paisagem e da natureza morta.
Pieter de Hooch, La Buveuse (1658, Museu do Louvre - Link)
A história da pintura de género é muito semelhante à da natureza morta, sendo também a partir de meados do séc. XVI, mas sobretudo no séc. XVII e nos Países Baixos, que se começou a desenvolver nos moldes actuais. Apesar de ter tido grande fulgor na Holanda, cedo a sua prática chegou a outros países, como, por exemplo, a França, a Espanha, a Itália e, já no séc. XVIII, a Inglaterra. De facto, em pouco tempo, esta temática ganhou domínio em toda a Europa, apesar de, segundo a hierarquia dos géneros académica, não ser muito considerada, estando próxima da cotação da paisagem e da natureza morta.
Jean-Baptiste Greuze, L'Oiseleur (1757, Muzeum Narodowe, Varsóvia - Link)
No séc. XIX, as fronteiras entre a pintura de género e a de história começaram a tornar-se cada vez mais esbatidas. Com a maior liberdade originada pelo fim das Academias e com o apelo dos artistas e intelectuais para que as pintores dessem maior importância à vida do seu tempo - a representação do quotidiano tornou-se comum na arte. Há outros factores a considerar, como, por exemplo, a redescoberta histórica da pintura holandesa do séc. XVII que, entretanto fora quase esquecida. Ou a influência da pintura não ocidental, nomeadamente das estampas japonesas.
Keisai Eisen, Contest of Beauties: A Geisha from the Eastern Capital (1818-1830 - Link)
Pierre Auguste Renoir, Jeune fille coiffant ses cheveux (1894, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque - Link)
Desde oitocentos que a representação de cenas do quotidiano com pessoas anónimas foi adoptada por artistas de diversos países, com várias formas de expressão e diferentes pesquisas.
Edward Hopper, Girl at a Sewing Machine (c. 1921, Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid - Link)
Tzvetan Todorov (em 1993) notava que a pintura do quotidiano, nos séculos XIX e XX, ligada à pintura realista, «continue d’affirmer la beauté de ce qu’elle montre; mais c’est souvent une beauté de l’accablement, du désespoir, de la détresse: ce sont dês fleurs du mal (…)». Isto é, o pintor de oitocentos passava a interpretar o tema de quotidiano e da natureza morta na sua ligação ao intimismo e à melancolia. Por outro lado, a pintura, mesmo a figurativa, deixava de ser uma representação para se tornar numa apresentação. O anedótico era rejeitado; os temas do quotidiano e a representação de objectos passavam ser vistos como um pretexto para a exploração de valores puramente pictóricos. Para finalizar, note-se que Todorov também distinguia a pintura de género do retrato: «tableau de genre et portrait se distinguent par l’intention dont ils son animes; seulement, cette difference n’est plus pragmatique ou thématique, elle est, pourait-on dire, philosophique. (…) La difference (…) dans le tableau de genre, l’être représenté est au service de l’action qu’il accomplit ou de la situation dans laquelle il est pris; dans le portrait, à l’inverse, c’est la situation qui est au service de l’être. (...)».
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Cf.
Helen Langdon, «Genre», in The Dictionnary of Art, Vol. XII, Macmillan Publishers Limited, 1996, pp. 286-298.
Tzvetan Todorov, Éloge du quotidien. Essai sur la peinture hollandaise du XVII.e siècle, Paris, Adam Biro, 1993.
«Scène de genre», in Wikipedia
3 comentários:
Que luz tão bonita, a do último quadro!
Bjnho!
Belíssimo.
Beijinho. :))
Ainda bem que gostaram! Beijinhos! :))
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