Ethel Spowers, Wet Afternoon (1929-1930)
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Como não gosto da chuva, mas sei que ela é necessária, lembro-me muitas vezes de um livro que ofereceram à minha filha há uns bons anos, intitulado A Princesa da Chuva, de Luísa Ducla Soares (1.ª edição de Março de 2005).
Nesse livro, uma princesa foi fadada para que fosse «a Princesa da Chuva», para que chovesse sempre onde estivesse. A princesa, quando era mais crescida, decidiu sair do reino, onde não parava de chover. Começou a percorrer «os grandes desertos» onde fazia falta. Um dia, quando voltou à capital, usou o seu fado para apagar um incêndio que deflagrava na cidade. Nessa altura, ao falar com os seus pais e contar as suas aventuras, explicou: «Em vez de maldição, foi um dom que a fada me concedeu». Ao que o ministro da Agricultura confirmou: «Só assim se explica a superprodução agrícola do nosso reino». Depois de algum tempo, a princesa, voltou ao seu périplo:
«Parto agora, às cinco, para o Norte, depois de amanhã desço pela costa marítima, para a semana sigo até ao interior. O meu programa vem anunciado no boletim meteorológico. Não se esqueçam de me escrever».
E, para finalizar. Ontem, para me consolar da chuva, andei à procura de canções de que eu gostasse que falassem sobre ela. Descobri poucas. Para além da dos Beatles que coloquei ontem, redescobri esta que já não ouvia há bastante tempo: